Por Altamiro Borges
Do repórter Chico de Gois, no sítio do jornal O Globo:
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Depois de ter anunciado o plano de industrialização, chamado Brasil Maior, na terça-feira, enfrentando a resistência das centrais sindicais, que se recusaram a participar da cerimônia por se sentirem preteridos na discussão do projeto, a presidente Dilma Rousseff apareceu de surpresa, nesta quinta-feira, numa reunião das centrais na Secretaria Geral da Presidência e desculpou-se pela atitude do governo, segundo disseram os sindicalistas em entrevista coletiva. Ela fez um mea-culpa pelo que considerou um erro. As centrais aceitaram o pedido de desculpas, mas querem que o governo coloque em prática a sugestão apresentada por elas, de manter câmaras setoriais, com participação paritária, nas 25 cadeias de produção. Dilma prometeu atender ao pedido.
- Foi uma surpresa o aparecimento da presidente na reunião - disse o deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), o Paulinho da Força Sindical.
- Ela desculpou-se da relação com as centrais e disse que o governo cometeu um erro de não ter discutido a proposta do plano com as centrais. A presidente também garantiu uma mudança no tratamento às centrais – complementou.
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Confirmando a informação, o jornalista Luiz Carlos Azenha, do blog Viomundo, entrevistou Artur Henrique, presidente da CUT:
“Queria te dar uma informação absolutamente nova, que acabou de acontecer uma nova reunião em Brasília com as centrais sindicais e os ministros, para dar continuidade a esse debate [sobre a política industrial], e tivemos a participação da presidente da República. A Dilma compareceu à reunião, fez um mea culpa, vamos dizer assim, dizendo, olha, vocês tem razão em relação à crítica, nós vamos melhorar esse método e não chamar vocês apenas para informar as medidas, mas construir um processo coletivo de discussão das medidas antes delas serem anunciadas”.
Flertando com os inimigos
A manifestação de intenção da presidenta Dilma é muito positiva. Afinal, as relações entre o seu governo e os movimentos sociais, incluindo o sindicalismo, estavam se deteriorando. Logo no início do seu mandato houve a frustração nas negociações do reajuste do salário mínimo, na qual as centrais sindicais saíram inconformadas com a falta de habilidade e diálogo.
Na sequência, o governo cedeu ao deus-mercado, ao promover drásticos cortes no Orçamento e ao elevar a taxa de juros. Dilma também se aproximou dos barões da mídia, seus algozes na campanha eleitoral, e fez uma “carta de amor” ao tucano FHC. O tom das críticas à presidenta se elevou. Ela estaria abandonando o projeto mudancista do seu antecessor e flertando com os inimigos.
O boicote das centrais
Nesta semana, para complicar ainda mais as relações com os movimentos sociais, o governo anunciou o seu plano de incentivo à indústria nacional, sem ouvir o sindicalismo e ainda prevendo a desoneração da folha de pagamento – uma antiga demanda do patronato que pode esvaziar os cofres da Previdência Social. As centrais decidiram boicotar o lançamento do “Brasil Forte”, endurecendo o jogo.
Agora, Dilma parece que dá o braço a torcer. A decisão de ir, de surpresa, à reunião das centrais e reconhecer os erros é um gesto de grandeza. Afinal, governar um país tão complexo como o Brasil exige acima de tudo habilidade política, que combine firmeza de princípios e flexibilidade tática. Não é coisa para tecnocratas, gerentonas ou marqueteiros.
A força dos movimentos sociais
Em outubro passado, o povo derrotou o tucano José Serra e o risco do retrocesso neoliberal. Votou na continuidade do ciclo de mudanças iniciado por Lula, seu maior cabo-eleitoral. Dilma enfrentou uma campanha de baixarias da mídia e dos setores mais retrógrados da sociedade. No momento mais difícil da sucessão, os movimentos sociais foram às ruas para derrotar a direita e eleger Dilma.
Agora, novamente, Dilma atravessa uma fase delicada. Ela está acuada diante da onda denuncista da mídia contra a corrupção no seu governo. Há mais de dois meses que a velha imprensa, com seus interesses matreiros, só dá noticia ruim sobre a atual gestão. O Brasil parece um inferno, um país de ladrões. Até os demotucanos, natimortos, já se animam e propõem a criação de CPIs.
Retomada da ofensiva política
A cedência ao deus-mercado e o “namorico” com a mídia demotucana podem ser fatais para a presidenta Dilma. Sem o diálogo e o apoio crítico dos movimentos sociais, dificilmente o governo conseguirá enfrentar a pressão das elites dominantes. Reconhecer essa limitação pode ser o primeiro passo para a retomada da ofensiva política contra as forças do atraso no país.
Do repórter Chico de Gois, no sítio do jornal O Globo:
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Depois de ter anunciado o plano de industrialização, chamado Brasil Maior, na terça-feira, enfrentando a resistência das centrais sindicais, que se recusaram a participar da cerimônia por se sentirem preteridos na discussão do projeto, a presidente Dilma Rousseff apareceu de surpresa, nesta quinta-feira, numa reunião das centrais na Secretaria Geral da Presidência e desculpou-se pela atitude do governo, segundo disseram os sindicalistas em entrevista coletiva. Ela fez um mea-culpa pelo que considerou um erro. As centrais aceitaram o pedido de desculpas, mas querem que o governo coloque em prática a sugestão apresentada por elas, de manter câmaras setoriais, com participação paritária, nas 25 cadeias de produção. Dilma prometeu atender ao pedido.
- Foi uma surpresa o aparecimento da presidente na reunião - disse o deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), o Paulinho da Força Sindical.
- Ela desculpou-se da relação com as centrais e disse que o governo cometeu um erro de não ter discutido a proposta do plano com as centrais. A presidente também garantiu uma mudança no tratamento às centrais – complementou.
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Confirmando a informação, o jornalista Luiz Carlos Azenha, do blog Viomundo, entrevistou Artur Henrique, presidente da CUT:
“Queria te dar uma informação absolutamente nova, que acabou de acontecer uma nova reunião em Brasília com as centrais sindicais e os ministros, para dar continuidade a esse debate [sobre a política industrial], e tivemos a participação da presidente da República. A Dilma compareceu à reunião, fez um mea culpa, vamos dizer assim, dizendo, olha, vocês tem razão em relação à crítica, nós vamos melhorar esse método e não chamar vocês apenas para informar as medidas, mas construir um processo coletivo de discussão das medidas antes delas serem anunciadas”.
Flertando com os inimigos
A manifestação de intenção da presidenta Dilma é muito positiva. Afinal, as relações entre o seu governo e os movimentos sociais, incluindo o sindicalismo, estavam se deteriorando. Logo no início do seu mandato houve a frustração nas negociações do reajuste do salário mínimo, na qual as centrais sindicais saíram inconformadas com a falta de habilidade e diálogo.
Na sequência, o governo cedeu ao deus-mercado, ao promover drásticos cortes no Orçamento e ao elevar a taxa de juros. Dilma também se aproximou dos barões da mídia, seus algozes na campanha eleitoral, e fez uma “carta de amor” ao tucano FHC. O tom das críticas à presidenta se elevou. Ela estaria abandonando o projeto mudancista do seu antecessor e flertando com os inimigos.
O boicote das centrais
Nesta semana, para complicar ainda mais as relações com os movimentos sociais, o governo anunciou o seu plano de incentivo à indústria nacional, sem ouvir o sindicalismo e ainda prevendo a desoneração da folha de pagamento – uma antiga demanda do patronato que pode esvaziar os cofres da Previdência Social. As centrais decidiram boicotar o lançamento do “Brasil Forte”, endurecendo o jogo.
Agora, Dilma parece que dá o braço a torcer. A decisão de ir, de surpresa, à reunião das centrais e reconhecer os erros é um gesto de grandeza. Afinal, governar um país tão complexo como o Brasil exige acima de tudo habilidade política, que combine firmeza de princípios e flexibilidade tática. Não é coisa para tecnocratas, gerentonas ou marqueteiros.
A força dos movimentos sociais
Em outubro passado, o povo derrotou o tucano José Serra e o risco do retrocesso neoliberal. Votou na continuidade do ciclo de mudanças iniciado por Lula, seu maior cabo-eleitoral. Dilma enfrentou uma campanha de baixarias da mídia e dos setores mais retrógrados da sociedade. No momento mais difícil da sucessão, os movimentos sociais foram às ruas para derrotar a direita e eleger Dilma.
Agora, novamente, Dilma atravessa uma fase delicada. Ela está acuada diante da onda denuncista da mídia contra a corrupção no seu governo. Há mais de dois meses que a velha imprensa, com seus interesses matreiros, só dá noticia ruim sobre a atual gestão. O Brasil parece um inferno, um país de ladrões. Até os demotucanos, natimortos, já se animam e propõem a criação de CPIs.
Retomada da ofensiva política
A cedência ao deus-mercado e o “namorico” com a mídia demotucana podem ser fatais para a presidenta Dilma. Sem o diálogo e o apoio crítico dos movimentos sociais, dificilmente o governo conseguirá enfrentar a pressão das elites dominantes. Reconhecer essa limitação pode ser o primeiro passo para a retomada da ofensiva política contra as forças do atraso no país.
1 comentários:
Derrotamos o projeto neoliberal daqueles velhos barões da mídia e dos demo-tucanos. Agora temos que derrotar esse projeto neoliberal da coalizão PT-PMDB. Os sindicalistas tem que entrar nessa luta. Afinal, sindicalista bom é sindicalista que está do lado oposto dos patrões e seus representantes. Governos, inclusive.
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