Do sítio Outras Palavras:
Quando estourou a primeira bolha da Internet no começo da década passada, os editores dos grandes meios de comunicação sorriram com schadenfreude, felizes que, no fim, a Internet não era nada além de uma moda. Pouco depois, com a recuperação, a maioria esmagadora deles admitia que o digital era inevitável e que estavam determinados a apostar forte na nova mídia. Uma década depois do fim da bolha, as empresas que tiveram coragem de adotar uma política para as mídias digitais estão muito à frente, enquanto os tradicionalistas estão agarrados a uma âncora após o naufrágio.
Na lista dos meios de comunicação originados de empresas noticiosas de maior audiência, o único conglomerado que tem números de ponta entre os digital haters é a News Corporation, do zilionário australiano Rupert “Darth Vader” Murdoch, naturalmente sem levar em conta agregadores (i.e. Google e Yahoo) nem social-related sites (i.e. Reddit). Todas as outras companhias abriram departamentos específicos para “novas mídias” pouco depois do estouro da primeira bolha. A BBC tem um departamento de novas mídias desde 2003; o Guardian decidiu apostar no digital numa briga de foice em sua board ainda no mesmo ano; NYT e CNN demoraram mais para se jogar no online, mas mesmo antes, já tinham equipes cuidando disso.
Mesmo modelos que levantavam sérias dúvidas quanto à sua funcionalidade, como o paywall (ou seja, o esquema de acesso por pagamento mensal ou anual) começa a ter sucesso em alguns casos, como por exemplo no New York Times, que está perto de atingir meio milhão de assinantes e até no “digital hater” The Times, que já ultrapassou a marca dos 100 mil assinantes. Os casos diferem (o NYT experimentou uma explosão de assinaturas com a chegada do Newstand da Apple, onde baixou meio milhão de aplicativos por semana em celulares em cada uma das quatro primeiras semanas; o The Times explorou sua base de assinantes já existente e provavelmente tem um “teto” muito menor que o do NYT), mas o fato é que mesmo as empresas de cultura impressa mais incruada sacaram que o digital tem grandes possibilidades desde que haja uma alteração cultural dentro da empresa, com uma convergência nos focos das coberturas e não numa replicação tola de conteúdo para vender a mesma coisa duas vezes para usuários de perfis muito diferentes.
A “veterana” de departamento de novas mídias, BBC, hoje já dá um show na cobertura de eventos ao vivo como a tragédia do atirador de Toulouse. Forte do seu expertise de TV, a BBC dá um show de imagens auxiliando a cobertura vindo de uma série de outras fontes (como fotos, mapas e perfis de apoio). Ferramentas de mídias sociais para os jornalistas devem ser agregadas em breve e já estão sendo estudadas no departamento de digital de empresa.
A geração de receita digital para compensar a perda do impresso ainda é pífia. Para cada dólar ganho a mais em digital, perdem-se sete no impresso. A indústria de jornais é a que mais encolhe nos Estados Unidos e as redações ficam cada vez menores. A situação só piora exatamente porque as companhias querem adequar a realidade à sua situação e não o oposto.
Pensar em formatar meios para se cobrir notícias nos meios digitais com a estrutura montada para o agonizante impresso é suicídio puro e simples. Uma nota do 233grados mostra como o Google é visto como um simples parasita dos serviços de notícias, mas quase ninguém fora da elite digital está pensando em como capitalizar em cima da exposição absurdamente grande que o Google News dá aos produtores de conteúdo. Assim como a explosão da entrega através de digital nos aparelhos celulares, também o serviço de agregadores pode trazer novas receitas que diminuem o impacto da perda do impresso. Isso acaba por atender um dos mandamentos da sustentabilidade digital, que é a pulverização da receita em vários produtos. E ainda falando em celulares: em termos de audiência, o novo “Velho Oeste” a ser explorado está aí, e zilhões de dólares a serem ganhos estão à disposição de quem chegar primeiro.
Empresas como o Guardian, a BBC, o NYT e a CNN ganharam uma boa vantagem em cima dos concorrentes, mas os retardatários podem não se transformar em fósseis impregnados na pedra contado a história de como foi a cronologia do jornalismo. Várias empresas têm capital suficiente para arcar com as perdas que a migração do impresso para o digital exige e ainda assim poder atingir a sustentabilidade no futuro. mas o tempo está se esgotando. O modelo de revenda de conteúdo em vários meios e manutenção de uma das mídias como a “principal” da empresa está esgotado. Somente mercados que têm um player muito mais forte que os outros podem se dar a esse luxo e ainda assim, por ora. Os midiossauros que insistirem na “tradição” têm exposição garantida num futuro museu de história natural da mídia.
Quando estourou a primeira bolha da Internet no começo da década passada, os editores dos grandes meios de comunicação sorriram com schadenfreude, felizes que, no fim, a Internet não era nada além de uma moda. Pouco depois, com a recuperação, a maioria esmagadora deles admitia que o digital era inevitável e que estavam determinados a apostar forte na nova mídia. Uma década depois do fim da bolha, as empresas que tiveram coragem de adotar uma política para as mídias digitais estão muito à frente, enquanto os tradicionalistas estão agarrados a uma âncora após o naufrágio.
Na lista dos meios de comunicação originados de empresas noticiosas de maior audiência, o único conglomerado que tem números de ponta entre os digital haters é a News Corporation, do zilionário australiano Rupert “Darth Vader” Murdoch, naturalmente sem levar em conta agregadores (i.e. Google e Yahoo) nem social-related sites (i.e. Reddit). Todas as outras companhias abriram departamentos específicos para “novas mídias” pouco depois do estouro da primeira bolha. A BBC tem um departamento de novas mídias desde 2003; o Guardian decidiu apostar no digital numa briga de foice em sua board ainda no mesmo ano; NYT e CNN demoraram mais para se jogar no online, mas mesmo antes, já tinham equipes cuidando disso.
Mesmo modelos que levantavam sérias dúvidas quanto à sua funcionalidade, como o paywall (ou seja, o esquema de acesso por pagamento mensal ou anual) começa a ter sucesso em alguns casos, como por exemplo no New York Times, que está perto de atingir meio milhão de assinantes e até no “digital hater” The Times, que já ultrapassou a marca dos 100 mil assinantes. Os casos diferem (o NYT experimentou uma explosão de assinaturas com a chegada do Newstand da Apple, onde baixou meio milhão de aplicativos por semana em celulares em cada uma das quatro primeiras semanas; o The Times explorou sua base de assinantes já existente e provavelmente tem um “teto” muito menor que o do NYT), mas o fato é que mesmo as empresas de cultura impressa mais incruada sacaram que o digital tem grandes possibilidades desde que haja uma alteração cultural dentro da empresa, com uma convergência nos focos das coberturas e não numa replicação tola de conteúdo para vender a mesma coisa duas vezes para usuários de perfis muito diferentes.
A “veterana” de departamento de novas mídias, BBC, hoje já dá um show na cobertura de eventos ao vivo como a tragédia do atirador de Toulouse. Forte do seu expertise de TV, a BBC dá um show de imagens auxiliando a cobertura vindo de uma série de outras fontes (como fotos, mapas e perfis de apoio). Ferramentas de mídias sociais para os jornalistas devem ser agregadas em breve e já estão sendo estudadas no departamento de digital de empresa.
A geração de receita digital para compensar a perda do impresso ainda é pífia. Para cada dólar ganho a mais em digital, perdem-se sete no impresso. A indústria de jornais é a que mais encolhe nos Estados Unidos e as redações ficam cada vez menores. A situação só piora exatamente porque as companhias querem adequar a realidade à sua situação e não o oposto.
Pensar em formatar meios para se cobrir notícias nos meios digitais com a estrutura montada para o agonizante impresso é suicídio puro e simples. Uma nota do 233grados mostra como o Google é visto como um simples parasita dos serviços de notícias, mas quase ninguém fora da elite digital está pensando em como capitalizar em cima da exposição absurdamente grande que o Google News dá aos produtores de conteúdo. Assim como a explosão da entrega através de digital nos aparelhos celulares, também o serviço de agregadores pode trazer novas receitas que diminuem o impacto da perda do impresso. Isso acaba por atender um dos mandamentos da sustentabilidade digital, que é a pulverização da receita em vários produtos. E ainda falando em celulares: em termos de audiência, o novo “Velho Oeste” a ser explorado está aí, e zilhões de dólares a serem ganhos estão à disposição de quem chegar primeiro.
Empresas como o Guardian, a BBC, o NYT e a CNN ganharam uma boa vantagem em cima dos concorrentes, mas os retardatários podem não se transformar em fósseis impregnados na pedra contado a história de como foi a cronologia do jornalismo. Várias empresas têm capital suficiente para arcar com as perdas que a migração do impresso para o digital exige e ainda assim poder atingir a sustentabilidade no futuro. mas o tempo está se esgotando. O modelo de revenda de conteúdo em vários meios e manutenção de uma das mídias como a “principal” da empresa está esgotado. Somente mercados que têm um player muito mais forte que os outros podem se dar a esse luxo e ainda assim, por ora. Os midiossauros que insistirem na “tradição” têm exposição garantida num futuro museu de história natural da mídia.
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