quarta-feira, 23 de maio de 2012

Lula e o ressentimento do Estadão

Por Altamiro Borges

O Estadão até hoje não engole a popularidade de Lula. Nas eleições de 2010, ele apoiou, em editorial, o tucano José Serra e sofreu a sua terceira derrota seguida num pleito presidencial. Em seu conservadorismo saudoso dos tempos da Velha República, quando publicava anúncios da venda de escravos, o jornal da famiglia Mesquita é “prisioneiro do ressentimento” – como intitula o seu editorial de hoje (23).
O artigo critica o discurso de Lula por ocasião da entrega do título de Cidadão Paulistano na noite de segunda-feira. Nele, o ex-presidente abordou a tentativa de “parte da oposição e da imprensa” de derrubá-lo durante a crise do chamado mensalão do PT – em 2005/06. O Estadão deve ter se sentido incomodado, já que participou ativamente desta frustrada ação golpista.

Obsessões e fantasmas do jornalão

Rancoroso, o editorial afirma: “Mais velho e mais sofrido – e nem por isso mais sábio –, o ex-presidente Lula levou para a Câmara Municipal de São Paulo suas obsessões e os seus fantasmas: as elites e o mensalão”. Além de defender a gestão de Marta Suplicy, tão atacada pelas elites paulistanas e pelo Estadão, Lula ainda “repetiu pela enésima vez ‘que tentaram dar um golpe neste país’”.

Para a cínica famiglia Mesquita, a versão da história do ex-presidente é “falsa”. Não houve tentativa de golpe. Pelo contrário. “A oposição preferiu não pedir o seu impeachment para não traumatizar o país pela segunda vez em 13 anos... O presidente poderia ser afastado, se as elites quisessem levar a ferro e fogo o combate político. Se conspiração houve, em suma, foi para ‘deixar pra lá’”.

Surra histórica da mídia golpista

O ressentimento doentio do Estadão chega a ser patético. O jornal acha que as elites, inclusive a midiática, podem tudo! Elas é que teriam “salvado” o ex-presidente operário. O Estadão só não consegue explicar como Lula, apesar do bombardeio, manteve-se no poder, conseguiu se reeleger e ainda fez a sua sucessora. Lula derrotou a mídia golpista e o Estadão não engole esta surra histórica.

7 comentários:

Zé Luiz Pompe disse...

Excelente texto! Mas não seria a famiglia Mesquita, embora a Civita seja "farinha podre" do mesmo saco?

Ronaldo disse...

Dois são os fatores que fizeram a cabeça dos eleitores brasileiro. Primeiro, os governos neo liberais não conseguiram nenhum tipo de avanço, quer na economia, quer na disparidade social. A inflação já tinha passado para dois digitos! Segundo, a população descobriu que o PIG existe, e ele é contra a equidade social. Para os gaúchos só existem dois partidos, os maragatos (Getúlio) e chimangos, (PIG, FHC). Parece que o resto do Brasil tambem está ciente destas duas correntes de pensamento e ação.

Anônimo disse...

Olá, Altamiro. Acompanho o seu trabalho e aí está mais uma análise excelente. Apenas um reparo: o Estadão é da família Mesquita. (nem precisa publicar meu comentário, foi só uma contribuição) Abraços.

totiy disse...

Miro não sei se é isso mas Lula foi convidado a prestar um depoimento em video(FHC deu um depoimento emocionado segundo fontes da Sonia Raçy)e alegou que não poderia pois é aniversário e casamento e ele se dedicaria de corpo e alma a sua esposa,acho que foi esse o motivo do ataque.

totiy disse...

esqueci de mencionar que o video é para comemorar o lançamento de suas ediçoes digitais, vou procurar os anuncios de escravos hehe

Jabazinho disse...

Miro, não é família Civita, é Mesquita, embora confundam-se pelo que têem comum

Anônimo disse...

Miro, creio que a familia proprietária seja mesquita e não civita.

Abs

Cristiano Dourado-Brasilia