Por Marco Aurélio Mello, no blog DoLaDoDeLá:
Esta semana tive o privilégio de jantar com dois colegas de profissão que se tornaram amigos. E todos sabemos que amigo é aquele que pode não concordar com nada do que você diga, mas será capaz de continuar te aturando mesmo assim.
A certa altura da conversa, um deles decidiu com muita franqueza tecer críticas ao trabalho de nós dois outros, que chamou de grupo dos blogueiros sujos. Disse que nosso trabalho tem estado muito chato e que é fácil ficar sentado de frente à tela do computador escrevendo o que vem à cabeça.
Também criticou a maneira como passamos boa parte do tempo um replicando o outro sem que tenhamos disposição para "tirar a bunda da cadeira" e fazer reportagem, ir para as ruas ouvir as pessoas. O resultado é que, com esta atitude, estaríamos nos distanciando no público.
Esta última afirmação não se sustenta com números. A frequência dos ditos "sujos" não para de aumentar mês a mês. Pelo menos foi o que ambos pudemos comprovar à priori.
Mas nossa primeira reação, claro, foi apresentar argumentos em nossa defesa. Primeiro, não escrevemos para o grande público. Isso já fazem os meios de comunicação de massa acrítica. Segundo, não temos o blog como ganha-pão, portanto, quando "tiramos a bunda da cadeira" é para fazer a atividade que nos sustenta.
Depois, explicamos um pouco a natureza horizontal do nosso trabalho. O fato de replicarmos um ao outro tem sua lógica. É assim que reforçamos nossas teses, criamos um sentimento de grupo, alinhamos argumentos e disputamos espaço com os formadores de opinião gigantes.
Para quem acompanha a par e passo nosso trabalho, como é o caso deste crítico colega, admito que às vezes é meio chato mesmo, principalmente quando o mesmo tema se repete em vários espaços simultaneamente.
Escrever o que vem à cabeça pode não ser reportagem, como ele tanto gosta, mas para quem viveu uma história rica em grandes redações, há matéria-prima abundante para grandes histórias, com personagens conhecidos e críticas à maneira vil com se faz jornalismo do ponto de vista de quem já passou pela cozinha.
O outro colega à mesa fez questão de frisar também que, não fossem os chamados blogueiros sujos, principalmente a partir de 2006, talvez Serra ainda estivesse no páreo, Ali Kamel seguiria fazendo seu mau jornalismo incólume e a turminha que aparelhou a Veja, a Folha e outros estaria nadando de braçadas.
Hoje, não é mais assim, ressaltou o colega. Exercemos uma vigilância e, em muitos casos, pautamos a grande imprensa. Aqui fui obrigado a concordar. Mas não me eximi de fazer uma autocrítica. Desde então, tenho pensado muito no meu papel e acho que, se ele que é amigo, não gosta de algumas coisas, quiçá os não tão amigos, ou não tão francos, ou mesmo os inimigos.
Claro que não dá para escrever visando alcançar "inimigos" (entendendo-se por inimigos aqueles que estão em outro campo político e ideológico), mas se não dá para alcançar, talvez ao menos tolerar.
Afinal, não é a tolerância o caminho permanente para o diálogo, Thomaz? E para um humanista e pacifista como eu deixa de ser caminho, para virar obrigação. Portanto, ainda que esteja alinhado aos "sujos", vou ter que aumentar a frequência do banho.
Esta semana tive o privilégio de jantar com dois colegas de profissão que se tornaram amigos. E todos sabemos que amigo é aquele que pode não concordar com nada do que você diga, mas será capaz de continuar te aturando mesmo assim.
A certa altura da conversa, um deles decidiu com muita franqueza tecer críticas ao trabalho de nós dois outros, que chamou de grupo dos blogueiros sujos. Disse que nosso trabalho tem estado muito chato e que é fácil ficar sentado de frente à tela do computador escrevendo o que vem à cabeça.
Também criticou a maneira como passamos boa parte do tempo um replicando o outro sem que tenhamos disposição para "tirar a bunda da cadeira" e fazer reportagem, ir para as ruas ouvir as pessoas. O resultado é que, com esta atitude, estaríamos nos distanciando no público.
Esta última afirmação não se sustenta com números. A frequência dos ditos "sujos" não para de aumentar mês a mês. Pelo menos foi o que ambos pudemos comprovar à priori.
Mas nossa primeira reação, claro, foi apresentar argumentos em nossa defesa. Primeiro, não escrevemos para o grande público. Isso já fazem os meios de comunicação de massa acrítica. Segundo, não temos o blog como ganha-pão, portanto, quando "tiramos a bunda da cadeira" é para fazer a atividade que nos sustenta.
Depois, explicamos um pouco a natureza horizontal do nosso trabalho. O fato de replicarmos um ao outro tem sua lógica. É assim que reforçamos nossas teses, criamos um sentimento de grupo, alinhamos argumentos e disputamos espaço com os formadores de opinião gigantes.
Para quem acompanha a par e passo nosso trabalho, como é o caso deste crítico colega, admito que às vezes é meio chato mesmo, principalmente quando o mesmo tema se repete em vários espaços simultaneamente.
Escrever o que vem à cabeça pode não ser reportagem, como ele tanto gosta, mas para quem viveu uma história rica em grandes redações, há matéria-prima abundante para grandes histórias, com personagens conhecidos e críticas à maneira vil com se faz jornalismo do ponto de vista de quem já passou pela cozinha.
O outro colega à mesa fez questão de frisar também que, não fossem os chamados blogueiros sujos, principalmente a partir de 2006, talvez Serra ainda estivesse no páreo, Ali Kamel seguiria fazendo seu mau jornalismo incólume e a turminha que aparelhou a Veja, a Folha e outros estaria nadando de braçadas.
Hoje, não é mais assim, ressaltou o colega. Exercemos uma vigilância e, em muitos casos, pautamos a grande imprensa. Aqui fui obrigado a concordar. Mas não me eximi de fazer uma autocrítica. Desde então, tenho pensado muito no meu papel e acho que, se ele que é amigo, não gosta de algumas coisas, quiçá os não tão amigos, ou não tão francos, ou mesmo os inimigos.
Claro que não dá para escrever visando alcançar "inimigos" (entendendo-se por inimigos aqueles que estão em outro campo político e ideológico), mas se não dá para alcançar, talvez ao menos tolerar.
Afinal, não é a tolerância o caminho permanente para o diálogo, Thomaz? E para um humanista e pacifista como eu deixa de ser caminho, para virar obrigação. Portanto, ainda que esteja alinhado aos "sujos", vou ter que aumentar a frequência do banho.
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