Por Ricardo Kotscho, no blog Balaio do Kotscho:
A natureza humana pode tardar, mas não falha. E a história se repete como farsa. Ao chegar a malufianos 46% de rejeição, o candidato tucano José Serra jogou os escrúpulos à favas, rasgou a fantasia e, como costuma fazer quando se vê acuado, partiu de novo para a baixaria eleitoral.
Nem a presidente Dilma Rousseff escapou dos seus ataques de ira diante dos novos números negativos da pesquisa Datafolha divulgados na quarta-feira, que reforçam a possibilidade dele ficar fora do segundo turno.
"Ela vem meter o bico em São Paulo, vem dizer aos paulistanos como é que eles devem votar. Ela que mal conhece São Paulo vem aqui dar o seu palpite", disparou Serra, num dos seus melhores momentos de Serra.
Ela, no caso, é a presidente Dilma, que apóia, vejam só!, o candidato do seu partido, Fernando Haddad. Por sua reação, Serra deve achar que só tucanos podem meter seu bico grande nas eleições paulistanas, como fez o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso para apoiar o candidato do PSDB, com toda pompa e circunstância, como se estivesse falando numa rede nacional de rádio e televisão.
Parece não ter dado muito certo o único "fato novo" criado pela campanha de Serra nos dias anteriores à pesquisa. A rejeição do tucano aumentou mais quatro pontos e a intenção de votos caiu mais um. O "saldo negativo" do candidato do PSDB na pesquisa, comparando a rejeição com o índice de intenção de votos, que caiu para 20%, já é de 26 pontos.
Em entrevistas raivosas e ensandecidos comerciais de televisão, o tucano foi à guerra, atirando para todo lado. Como já era de se esperar, colocou o julgamento do mensalão na roda.
"Sabe o que acontece quando você vota no PT? Você vota, ele volta. Fique esperto. É o velho PT em nova embalagem", atacou Serra por meio de um narrador terceirizado nos comerciais em que o candidato petista aparece ao lado de José Dirceu e Delúbio Soares, réus no processo.
A nova ofensiva tucana fez Fernando Haddad também subir o tom, deixando de lado o modo cordato como vinha conduzindo sua campanha até aqui, sem ataques aos adversários. O petista também pegou pesado:
"Ele está batendo recordes atrás de recordes de rejeição. Daqui a pouco não vai poder circular pela cidade. A baixeza de Serra é conhecida, e ele está pagando por isso. A população repudia o estilo dele de fazer política. Não é só questão de decadência política. É um problema de estilo. Ele é useiro e vezeiro em baixar o nível. É da genética dele".
Na guerra deflagrada entre PT e PSDB por uma vaga no segundo turno, quem acabou ganhando com o novo confronto foi o líder nas pesquisas, Celso Russomanno, do PRB, que só ficou assistindo ao tiroteio e continua nadando de braçada.
Os marqueteiros-estrategistas dos dois partidos repetem assim o mesmo erro cometido desde o início da campanha de 2012: ficam batendo no adversário histórico e se esquecem da autonomia do eleitor que, até aqui, escolheu uma terceira via fora da polarização entre tucanos e petistas, tirando votos dos dois lados.
Também neste campo os números do Datafolha não são nada animadores para José Serra. Dos eleitores de Russomanno que podem mudar de voto, 27% escolheriam Haddad; 20%, José Serra. Na pesquisa anterior, a situação era inversa: 26% optavam por Serra; 19% por Haddad.
Indagados sobre em qual candidato não votariam de jeito nenhum, 63% dos eleitores de Russomanno responderam Serra, e 19%, Haddad.
Ou seja, para onde olha, Serra só vê nuvens negras do horizonte. Agora, só falta o candidato tucano pedir para os eleitores pegarem em armas, eliminarem os adversários a bala e lhe assegurarem a vitória por aclamação. Alguns blogueiros celerados que o apoiam já estão chegando a este ponto.
Muita calma nesta hora.
A natureza humana pode tardar, mas não falha. E a história se repete como farsa. Ao chegar a malufianos 46% de rejeição, o candidato tucano José Serra jogou os escrúpulos à favas, rasgou a fantasia e, como costuma fazer quando se vê acuado, partiu de novo para a baixaria eleitoral.
Nem a presidente Dilma Rousseff escapou dos seus ataques de ira diante dos novos números negativos da pesquisa Datafolha divulgados na quarta-feira, que reforçam a possibilidade dele ficar fora do segundo turno.
"Ela vem meter o bico em São Paulo, vem dizer aos paulistanos como é que eles devem votar. Ela que mal conhece São Paulo vem aqui dar o seu palpite", disparou Serra, num dos seus melhores momentos de Serra.
Ela, no caso, é a presidente Dilma, que apóia, vejam só!, o candidato do seu partido, Fernando Haddad. Por sua reação, Serra deve achar que só tucanos podem meter seu bico grande nas eleições paulistanas, como fez o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso para apoiar o candidato do PSDB, com toda pompa e circunstância, como se estivesse falando numa rede nacional de rádio e televisão.
Parece não ter dado muito certo o único "fato novo" criado pela campanha de Serra nos dias anteriores à pesquisa. A rejeição do tucano aumentou mais quatro pontos e a intenção de votos caiu mais um. O "saldo negativo" do candidato do PSDB na pesquisa, comparando a rejeição com o índice de intenção de votos, que caiu para 20%, já é de 26 pontos.
Em entrevistas raivosas e ensandecidos comerciais de televisão, o tucano foi à guerra, atirando para todo lado. Como já era de se esperar, colocou o julgamento do mensalão na roda.
"Sabe o que acontece quando você vota no PT? Você vota, ele volta. Fique esperto. É o velho PT em nova embalagem", atacou Serra por meio de um narrador terceirizado nos comerciais em que o candidato petista aparece ao lado de José Dirceu e Delúbio Soares, réus no processo.
A nova ofensiva tucana fez Fernando Haddad também subir o tom, deixando de lado o modo cordato como vinha conduzindo sua campanha até aqui, sem ataques aos adversários. O petista também pegou pesado:
"Ele está batendo recordes atrás de recordes de rejeição. Daqui a pouco não vai poder circular pela cidade. A baixeza de Serra é conhecida, e ele está pagando por isso. A população repudia o estilo dele de fazer política. Não é só questão de decadência política. É um problema de estilo. Ele é useiro e vezeiro em baixar o nível. É da genética dele".
Na guerra deflagrada entre PT e PSDB por uma vaga no segundo turno, quem acabou ganhando com o novo confronto foi o líder nas pesquisas, Celso Russomanno, do PRB, que só ficou assistindo ao tiroteio e continua nadando de braçada.
Os marqueteiros-estrategistas dos dois partidos repetem assim o mesmo erro cometido desde o início da campanha de 2012: ficam batendo no adversário histórico e se esquecem da autonomia do eleitor que, até aqui, escolheu uma terceira via fora da polarização entre tucanos e petistas, tirando votos dos dois lados.
Também neste campo os números do Datafolha não são nada animadores para José Serra. Dos eleitores de Russomanno que podem mudar de voto, 27% escolheriam Haddad; 20%, José Serra. Na pesquisa anterior, a situação era inversa: 26% optavam por Serra; 19% por Haddad.
Indagados sobre em qual candidato não votariam de jeito nenhum, 63% dos eleitores de Russomanno responderam Serra, e 19%, Haddad.
Ou seja, para onde olha, Serra só vê nuvens negras do horizonte. Agora, só falta o candidato tucano pedir para os eleitores pegarem em armas, eliminarem os adversários a bala e lhe assegurarem a vitória por aclamação. Alguns blogueiros celerados que o apoiam já estão chegando a este ponto.
Muita calma nesta hora.
1 comentários:
Russomano é a nova boa notícia
As dificuldades da campanha de José Serra ficaram evidentes desde que o cenário eleitoral começou a definir-se. O histórico do candidato, os bastidores de sua “escolha” no PSDB, os índices de rejeição que o acompanham, as características dos públicos almejados pelos adversários e o anseio renovador do eleitorado anunciavam que o tucano teria uma tarefa quase impossível pela frente.
A surpresa vem da intensidade com que os possíveis eleitores de Serra migraram para Celso Russomano e Fernando Haddad. Reagindo à tendência, o ex-governador terá de assumir uma postura negativa, de ataques pulverizados e apelativos, opção que raramente logra sucesso. A lógica aponta para uma polarização cada vez maior entre os pleiteantes do PRB e do PT rumo ao segundo turno.
Nesse quadro, Haddad ganha uma vantagem que precisa ser habilmente explorada. A também previsível adesão de Marta Suplicy e os apoios de Lula e Dilma Rousseff dividirão os setores mais pobres e numerosos do eleitorado, que representam a grande força de Russomano. Nos outros recortes da pirâmide social, porém, o líder das pesquisas deve atrair antipatia ainda maior que a do petista. Os atuais esforços desmoralizadores da imprensa tucana e a futura exposição das propagandas obrigatórias ajudarão a afastar as classes médias e altas de Russomano, identificando-as ao perfil menos controverso de Haddad.
O voto útil desses segmentos terá, portanto, um papel decisivo na reta final da disputa. Para conquistá-lo, Haddad precisa antagonizar frontalmente com Russomano, buscando um discurso alinhado aos temas que sensibilizam o eleitorado serrista (religião, experiência, linhagem partidária, etc). Ao mesmo tempo, deve se esquivar da proverbial agressividade que norteará os últimos esforços de Serra, atingindo-o apenas indiretamente, através de suas ligações com a impopular administração Gilberto Kassab.
A estratégia demanda paciência e cautela, principalmente se os grandes institutos de pesquisa recorrerem às conhecidas manipulações para ocultar o verdadeiro grau da derrocada tucana. Soa temerário, mas não deixa de sinalizar perspectivas inesperadas para uma campanha que muitos já consideraram perdida.
http://guilhermescalzilli.blogspot.com.br
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