Por Altamiro Borges
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Na coluna Painel da Folha, a jornalista Vera Magalhães
publica hoje uma pequena notinha sobre a antecipação dos salários dos 230 mil
servidores da prefeitura de São Paulo. Antes de reproduzi-la, não custa
perguntar: caso a presidenta Dilma Rousseff adotasse a mesma medida na véspera
do segundo turno das eleições em 50 importantes municípios brasileiros a mídia
demotucana não faria um baita escândalo? A Folha serrista não daria uma manchete
garrafal? Feito o singelo questionamento, reproduzo a notinha:
Presente eleitoral
Gilberto Kassab antecipará o pagamento dos salários dos
cerca de 230 mil servidores da prefeitura paulistana para amanhã, dois dias
antes do segundo turno. Os recursos normalmente caem nas contas dos
funcionários no último dia útil do mês - portanto, na próxima quarta-feira.
Aliado e articulador político de José Serra, o prefeito argumenta que a
antecipação, válida para ativos, aposentados e pensionistas, será paga para
celebrar o Dia do Servidor Público, que é no domingo.
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A própria colunista se apressou em ouvir o outro lado sobre
o “presente eleitoral”, que também poderia ser chamado de “eleitoreiro”. A prefeitura
alegou que já houve antecipações de salários em outros anos. O ex-demo Gilberto
Kassab também gosta de alardear que as contas do município estão em dia, o que
justificaria tamanha generosidade. Um estudo recente, porém, comprova que isto
não é verdade. A prefeitura da capital paulista está totalmente endividada e o
futuro prefeito será obrigado a renegociar os pagamentos.
Segundo a pesquisa, a dívida atual soma R$ 58 bilhões, a maior
parte dela com a União. Pelos limites legais, o valor não deveria ultrapassar
R$ 35 bilhões, ou seja, 120% da receita de R$ 29 bilhões contabilizada em 2011.
Nenhuma das grandes metrópoles do Brasil se aproxima desses números. No
Rio de Janeiro e em Salvador, as dívidas ficam em torno de metade da receita. Proibida
de tomar novos créditos, a prefeitura paulistana não tem mais acesso aos
recursos oferecidos por bancos públicos e instituições internacionais.
O custo da dívida prejudica a administração em São Paulo. Do
orçamento de 2011, os investimentos paulistanos somaram pouco mais de R$
3 bilhões, enquanto juros e amortizações da dívida chegaram a R$ 3,5 bilhões. O
endividamento não é obra apenas de Kassab, mas as mentiras sobre a dramática situação
das contas da prefeitura são de sua lavra. E o pior é que elas são repetidas
diariamente na rádio e tevê pelo tucano José Serra, que adora
criticar as “dívidas herdadas” da ex-prefeita Marta Suplicy. É um cínico!
Diante deste quadro, como Gilberto Kassab explica este “presente
eleitoral”? Os servidores municipais, tão arrochados e humilhados pela atual gestão,
merecem a antecipação salarial e muito mais. Na verdade, eles merecem o aumento
real dos seus rendimentos. Mas a medida do prefeito não visa valorizar e
reconhecer os servidores. Ela é puramente eleitoreira, oportunista, para ajudar
o moribundo Serra. Será que o Tribunal Regional Eleitoral (TRE) não vai se
pronunciar sobre este visível aparelhamento da máquina pública?
4 comentários:
Letras garrafais? Põe letras garrafais nisso, se a Dilma tivesse feito a mesma coisa que o Kasserra!
Neste momento, antecipação de salários pode ser lido como:
- suborno
- compra de votos
- corrupção ativa
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Que vá para o Face, twiter e outros: “Contra as molecagens (de antecipação desses salários), voto em Haddad”
Com certeza esta não é uma boa prática e deve ser condenada, mas gostaria de informar que, aqui na Bahia, nosso govenador realizou o mesmo procedimento. Vou votar no Pelegrino, do PT, neste domingo contra o DEMO ACM Neto, mas não vi este procedimento com bons olhos, com certeza,e, como trabalho em banco, as pessoas que foram sacar comentaram que isto não iriam mudar a idéia delas em votar contra o Governador Jaques Wagner. Lamentável.
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