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O Ibope anuncia na quinta-feira (18/10), por meio dos jornais, que a diferença entre os candidatos Fernando Haddad e José Serra na pesquisa de intenção de voto aumentou de 11 para 16 pontos. O candidato petista teria agora 49% e o tucano 33%, o que, para alguns especialistas, cria uma situação difícil de ser revertida.
Nas análises selecionadas para explicar o fato, os jornais destacam os programas de educação contra a homofobia, introduzidos na campanha eleitoral por aliados de Serra. O “kit gay”, como foi apelidado o projeto elaborado e posteriormente cancelado por Haddad quando era ministro da Educação, ainda reverbera na imprensa, causando polêmica.
Um dos analistas convidados pelo Estado de S.Paulo observa que a participação do pastor evangélico Silas Malafaia, que já havia atuado em favor do PSDB na eleição presidencial de 2010, acabou produzindo um “tiro pela culatra”. Malafaia, que costuma fazer pregações contra cientistas e psiquiatras em seus programas de televisão, é considerado um dos expoentes dos negócios de obscurantismo disfarçados de religião que ganham cada vez mais espaço na TV.
Ele já se manifestou, no passado, contra políticas de descriminalização do aborto e atua como uma espécie de força eleitoral de reserva, encarregado do serviço sujo representado por acusações moralistas sobre temas que mereceriam debates mais profundos.
As semelhanças
Ao observar que a discussão levada à campanha pode ter sido a causa da queda na aprovação de José Serra pelo eleitorado, os analistas constatam que a maior diferença se deu exatamente entre evangélicos, supostamente o grupo de eleitores que seria alvo das pregações de Malafaia contra o programa antidiscriminação de homossexuais.
O Estadão compara esse episódio ao fato de que também não produziu efeito a tentativa de usar o apoio do deputado e ex-governador Paulo Maluf, condenado por corrupção, a Fernando Haddad. O jornal cunha a expressão “Malufaia” para ligar os nomes de Maluf e Malafaia e ilustrar a pouca influência dos dois motes negativos nas pesquisas de intenção de voto.
Confrontado com o revés e convencido de que a estratégia deu errado, José Serra acusa a imprensa de ter introduzido a questão da homofobia na campanha, contaminando o que deveria ser um debate sobre projetos para a cidade de São Paulo. Mas os jornais não absorvem a crítica e devolvem com análises ainda mais desfavoráveis ao candidato tucano.
A Folha de S.Paulo, por exemplo, aumenta o tom contra o candidato do PSDB na edição de quinta-feira (18), ainda que indiretamente, ao publicar crítica do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso à campanha de Serra, dizendo que ele deveria ter evitado as manifestações conservadoras sobre o combate à homofobia.
Além disso, a Folha faz uma comparação entre o projeto de campanha contra a homofobia do governo federal e a cartilha que chegou a ser produzida e distribuída pelo governo paulista em 2009, durante o mandato de José Serra, mostrando semelhanças entre os dois materiais, o que transforma Serra no verdadeiro alvo dos fanáticos religiosos.
Efeito da baixaria
Por outro lado, o colunista Janio de Freitas lembra que Serra já fez parte do conselho editorial da Folha, sabe como o jornal é feito e, portanto, deveria evitar confrontar repórteres quando contrariado, como fez nesta semana com o jornalista Kennedy Alencar (ver "Mídia se deixa manipular e apanha").
Para completar as desventuras do candidato do PSDB, o Estadão traz reportagem informando que a prefeitura de São Paulo cortou, neste ano, mais da metade da verba destinada ao Programa de Combate à Homofobia, composto por ações contra o preconceito e a discriminação por orientação sexual.
Ainda que tarde, os jornais resolvem colocar um paradeiro na baixaria, que nasce nas cabeças dos marqueteiros de campanha mas só ganha repercussão se a imprensa lhe der espaço. As edições desta quinta-feira marcam essa mudança na agenda eleitoral, e ninguém correria risco por apostar que os grandes jornais consideram perdida a candidatura de José Serra.
A evidência de que o rebaixamento no nível dos debates não ajuda ninguém: segundo a pesquisa do Ibope, a diferença entre Haddad e Serra aumentou em parte porque o petista ganhou mais eleitores e Serra perdeu alguns, mas principalmente porque a opção dos votos em branco ou nulos cresceu de 7% para 13%.
O principal efeito da baixaria é desestimular o eleitor.
Nas análises selecionadas para explicar o fato, os jornais destacam os programas de educação contra a homofobia, introduzidos na campanha eleitoral por aliados de Serra. O “kit gay”, como foi apelidado o projeto elaborado e posteriormente cancelado por Haddad quando era ministro da Educação, ainda reverbera na imprensa, causando polêmica.
Um dos analistas convidados pelo Estado de S.Paulo observa que a participação do pastor evangélico Silas Malafaia, que já havia atuado em favor do PSDB na eleição presidencial de 2010, acabou produzindo um “tiro pela culatra”. Malafaia, que costuma fazer pregações contra cientistas e psiquiatras em seus programas de televisão, é considerado um dos expoentes dos negócios de obscurantismo disfarçados de religião que ganham cada vez mais espaço na TV.
Ele já se manifestou, no passado, contra políticas de descriminalização do aborto e atua como uma espécie de força eleitoral de reserva, encarregado do serviço sujo representado por acusações moralistas sobre temas que mereceriam debates mais profundos.
As semelhanças
Ao observar que a discussão levada à campanha pode ter sido a causa da queda na aprovação de José Serra pelo eleitorado, os analistas constatam que a maior diferença se deu exatamente entre evangélicos, supostamente o grupo de eleitores que seria alvo das pregações de Malafaia contra o programa antidiscriminação de homossexuais.
O Estadão compara esse episódio ao fato de que também não produziu efeito a tentativa de usar o apoio do deputado e ex-governador Paulo Maluf, condenado por corrupção, a Fernando Haddad. O jornal cunha a expressão “Malufaia” para ligar os nomes de Maluf e Malafaia e ilustrar a pouca influência dos dois motes negativos nas pesquisas de intenção de voto.
Confrontado com o revés e convencido de que a estratégia deu errado, José Serra acusa a imprensa de ter introduzido a questão da homofobia na campanha, contaminando o que deveria ser um debate sobre projetos para a cidade de São Paulo. Mas os jornais não absorvem a crítica e devolvem com análises ainda mais desfavoráveis ao candidato tucano.
A Folha de S.Paulo, por exemplo, aumenta o tom contra o candidato do PSDB na edição de quinta-feira (18), ainda que indiretamente, ao publicar crítica do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso à campanha de Serra, dizendo que ele deveria ter evitado as manifestações conservadoras sobre o combate à homofobia.
Além disso, a Folha faz uma comparação entre o projeto de campanha contra a homofobia do governo federal e a cartilha que chegou a ser produzida e distribuída pelo governo paulista em 2009, durante o mandato de José Serra, mostrando semelhanças entre os dois materiais, o que transforma Serra no verdadeiro alvo dos fanáticos religiosos.
Efeito da baixaria
Por outro lado, o colunista Janio de Freitas lembra que Serra já fez parte do conselho editorial da Folha, sabe como o jornal é feito e, portanto, deveria evitar confrontar repórteres quando contrariado, como fez nesta semana com o jornalista Kennedy Alencar (ver "Mídia se deixa manipular e apanha").
Para completar as desventuras do candidato do PSDB, o Estadão traz reportagem informando que a prefeitura de São Paulo cortou, neste ano, mais da metade da verba destinada ao Programa de Combate à Homofobia, composto por ações contra o preconceito e a discriminação por orientação sexual.
Ainda que tarde, os jornais resolvem colocar um paradeiro na baixaria, que nasce nas cabeças dos marqueteiros de campanha mas só ganha repercussão se a imprensa lhe der espaço. As edições desta quinta-feira marcam essa mudança na agenda eleitoral, e ninguém correria risco por apostar que os grandes jornais consideram perdida a candidatura de José Serra.
A evidência de que o rebaixamento no nível dos debates não ajuda ninguém: segundo a pesquisa do Ibope, a diferença entre Haddad e Serra aumentou em parte porque o petista ganhou mais eleitores e Serra perdeu alguns, mas principalmente porque a opção dos votos em branco ou nulos cresceu de 7% para 13%.
O principal efeito da baixaria é desestimular o eleitor.
1 comentários:
Já esperado esse nº do ibope. Estranho mesmo é o Datafolha não ter divulgado nenhuma pesquisa em sp depois do dia 9/out. Muito estranho, normalmente eleas são semanais. Será que o resultado não era bom?
Será que só eu achei no mínimo estranho esta fato?
Abs, Roney
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