quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Marconi Perillo, pede pra sair!

Por Vassil Oliveira, no blog Diário de Goiás:

Começo por onde mesmo?

Meu computador foi roubado.

Roubaram. Levaram. Quebraram o vidro traseiro do carro e sumiram com ele.

Macfoi-se.

Tinha muita coisa nele? Nada que eu não tenha cópia. Curioso: roubaram apenas ele, nada mais...

Antes, roubaram meu carro. Foi achado, deixado numa praça. Assim, sem mais nem menos. Sumiu e reapareceu.

Antes ainda, roubaram o computador de um amigo, que trabalha comigo, quase no mesmo lugar. Devolveram, vejam só, os documentos pessoais. Gentileza de ladrões.

Um outro amigo teve o carro arrombado três vezes. Eu disse três? Fato. Ele pode ter perdido a conta.

Agora me lembro, antes de todos, um amigo lá de Anápolis também teve seu computador roubado.

Amigos, amigos, roubos à parte.

Pode tudo ser coincidência, pode não ser. Pode ser que queiram saber o que há no meu computador, como queriam ver o que havia nos outros.

Insisto. Havia lá o que há em vários outros lugares, devidamente copiado e recopiado. Macaco velho...

Talvez quisessem conferir se é verdade o que tanto alardeiam, feito matracas desgovernadas (ou mal intencionadas) de mim, dos meus amigos. Hahaha... direi eu, em boa tradução sentimental. Não há o que esconder. Inventar e propagandear uma história é uma coisa (só o que sabem fazer bem, diga-se), ser verdade é outra beeem diferente.

Pode ser que não seja nada disso. Pode ser o básico: roubo de moleque para comprar droga. Ou coisa do tipo. Pode ser. Por que não?

De um jeito ou de outro, a constatação é a mesma: ninguém está seguro em Goiânia. Em Goiás, para ser mais exato.

Ali pela hora em que deve ter acontecido o roubo do meu computador – porque o lapso entre deixar o carro e voltar foi muito curto –, um carro da polícia passou em frente, calmo, piscante. Passou como quem passa em revista e impõe segurança. Impunha, direi eu. Não é o que impõe mais.

Não dá pra culpar a polícia, simplesmente. Nunca ela foi tão desqualificada, desautorizada e desvalorizada como neste governo. É o que mais se ouve dos próprios policiais, civis e militares. Estão descontentes. Estão desmotivados.

Os policiais goianos não são respeitados pelo governador, que não respeita o secretário de Segurança, que não respeita os policias, que não o respeitam também, e todos nem respeito merecem mais por parte de boa parte da sociedade.

Uma roda vida, roda gigante, de descontentamento, incompetência e desmoralização pública da polícia, do secretário, do governador e do Estado, lá fora.

Aqui virou terra de ninguém, onde Carlinhos Cachoeira mandava e hoje ninguém manda, muito menos o governador.

O governador não manda apenas no secretário de Segurança. Ele não manda na sua equipe.

Há tempos é anunciada uma tal reforma do secretariado que virou lenda. Foi propalada, preparada e abortada ao sabor da sabotagem dos próprios aliados do governador, nem precisou da oposição, porque esta, esta nem existe direito (sejamos justos: nem de direito, nem de direita, nem de esquerda).

O governador quis trocar aqueles que cuidam da sua imagem, e não trocou, porque acabou chantageado por companheiros de partido que os sustentam, e que por sua vez sustentam (sem trocadilho) o viés político do grupo no poder, em variadas instâncias públicas dos Poderes constituídos, custe o que custar (novamente, sem trocadilho).

O governador não pode trocar secretários ligados a Cachoeira porque recebeu recado de que não seria de bom tom, vídeo, fitas e documentos que o fizesse. Não fez. Tá doido?!

O governador não teve peito para trocar auxiliares de sua cota porque isso poderia passar fraqueza, ou poderia enfraquecê-lo mais – já que seria tirar os poucos que lhe são fiéis –, ainda que estes sejam visivelmente incompetentes ou estejam imbuídos de um ideal que os fazem mais realistas que a nobre e pobre motivação cidadã.

Enquanto isso, ninguém o defende, ninguém puxa o seu saco como antes, ninguém o exulta nas alturas. Porque antes era Deus no céu e Marconi um pouco acima – e, onipresente, na Terra também.

Hoje é um tal de governista renegando o chefe maior em conversas reservadas, vaticinando seu fim nos corredores, batendo asas em aproximação aos inimigos de outrora mas que podem voltar ao comando da máquina de cargos... É um tal de cada um por si e Marconi que se vire, que seria até engraçado, não fosse o trágico destino de Goiás.

O rei está nu e os súditos estão envergonhados, ou jogando pedra, culpando o rei pelo reino de repente desencantado.

Nesse ambiente, Marconi não governa, empurra Goiás.

Agora a novíssima obra do marconismo é anunciar a boa nova para depois da eleição. Ah, a reforma vai sair... Ah, o Estado vai ter dinheiro de sobra para investir... Ah, tudo vai ser diferente...

Mas está tudo igual. Porque, a exemplo de outros tempos, o governador mais uma vez deixou um candidato seu largado à própria sorte em Goiânia e foi para o Exterior, foi buscar investimentos em um País que está indo de mal a pior.

O governador se repete nos estratagemas, nas ações. É o que é.

Ademais, talvez tenha sido menos pior para o candidato, já que a imagem do governador anda tão desgastada que vemos vicejar na Capital o inusitado: transferência negativa de voto. Vemos outra coisa: comemoração de margem de erro: antes, mais de 70% de reprovação; três longos meses depois, pouco mais... De70%

Marconi tira, não soma votos. Em Goiânia e em todo o Estado. Uma coisa impressionante. Um marco. Um Marconi histórico!

Em Goiás e no Exterior, o governador está com medo. Tem medo da própria sombra política- são os sinais que emite. É o que transpira. Tem medo do povo.

Esse governador não dá conta de saber como impedir que meu computador seja roubado, nem como conseguir que seja recuperado. Esse governador não governa.

Esse governador perdeu o respeito quando desrespeitou Goiás com sua política que põe tudo no negativo para parecer que só ele é positivo, só ele é salva, só ele sabe nadar subindo a cachoeira, apenas ele é o caminho e a luz!

Esse governador, o mesmo que atacou, bateu, vociferou contra adversários nos últimos meses, anos,, acusando-os de coisas que, depois, descobriu-se: era ele quem praticava.

Marconi vinha se notabilizando por ser um governador com raiva que fazia um governo com raiva. Ele contra o resto! Hoje é um governador acuado que perdeu o controle de sua equipe.

A reforma do secretariado é o último suspiro de Marconi Perillo para ver se se salva. Se sair... ele a arquiteta torcendo para não ter de voltar à CPMI do Cachoeira, ou de prestar contas à Justiça pelas cachoeirices de sua administração. Ou para ver se ganha fôlego para tocar o barco pelo menos até o começo de 2014.

Melhor faria se, em vez de mais do mesmo, surpreendesse com um surto de humildade. Errei, peço perdão, vou deixar o governo e recomeçar...

Talvez falte umas derrotas no currículo de Marconi para que ele reencontre o caminho do povo no poder - do povo goiano, e não do seu povo.

Perder foi bom para Iris Rezende, que baixou a cabeça, recomeçou e está aí, mais firme do que nunca, sobrevivendo como mito enquanto Marconi agoniza, padecendo no inferno de seus erros.

Está certo que, à parte o governador, quem o substituiria, já agora, quando pode, exerce o poder com pompa e circunstância que causa espécie: saltando aqui e ali de um providencial helicóptero para uma mais providencial ainda aeronave, durante horário de expediente, para chegar a tempo de um comício. Tá escancarado.

Seis por meia dúzia? Triste sina a de Goiás, que tem um presente ingrato e um futuro incerto.

Confesso: não sei o que vai ser de nós. Não sei.

Sem governador, sem governo, sem oposição... Êta, Goiás que sangra!

Pensando bem, enquanto o governador não decide o que fazer, bem que deveriam entregar os cargos todos os seus secretários, auxiliares, todos os seus ex-puxa saco, todos. Sem delongas.

Quem sabe, sozinho, Marconi perceba que Goiás não é dele, e que é preciso respeitar os cidadãos. Quem sabe assim ele encontre uma saída. Quem sabe assim ele nem volte dos Estados Unidos...

Não, não estamos em condições de sonhar tão alto. Basta então que Marconi volte e faça o que tem de ser feito.

Marconi, chega de ser mais realista que o rei! Seja homem e governe. Ou peça pra sair.

Quer saber: pelo conjunto da obra - meu computador é um grão de areia nesse mar de desgoverno -, pede pra sair!

1 comentários:

Anônimo disse...

E o Estado só anunciando empréstimos, ou seja, ele está nos endividando sem que ninguém faça nada!