Por Paulo Motoryn, na revista CartaCapital:
Desde o ato da última quinta-feira contra o aumento da passagem do transporte público em São Paulo, em que a violência e a repressão policial viraram notícia em todo o planeta, mais uma ameaça ronda o sucesso das manifestações organizadas pelo Movimento Passe Livre: a instrumentalização do povo.
A evidente mudança de postura da imprensa em relação aos protestos deve ser motivo de desconfiança, não de festa. Isso porque nos últimos dias imperou o comentário: “Agora até a grande mídia defende as manifestações”. Como se isso fosse algo positivo.
Por um lado, a máxima “não é só pelos 20 centavos” conseguiu convencer diversos setores da população a ir às ruas. Por outro, abriu uma questão polêmica: se o aumento da passagem foi só o estopim, o que mais nos incomoda? Quais são os reais motivos do fim da letargia política em São Paulo?
É fato, o reajuste do preço transporte só provocou a revolta necessária para que o paulistano percebesse o óbvio: política se faz nas ruas. No entanto, a recusa ao modelo de sociedade atual tem de ser deixada clara. Isso porque os perigos da apropriação do movimento são reais.
Na sua última edição, Veja contrariou sua linha editorial e se posicionou a favor das manifestações. Quando um veículo que representa o que há de mais reacionário na sociedade apoia movimentos sociais, há no mínimo um ponto de extrema relevância para refletir.
Mas as páginas de Veja só revelam a nova postura dos veículos da imprensa dominante: já que não podem mais controlar ou evitar a multidão, manipulam seus objetivos. De acordo com a revista, o descontentamento dos manifestantes se deve também à corrupção, à criminalidade…Falácia.
É evidente que essas questões também são importantes, mas os jovens que estão nas ruas estão preocupados com questões muito mais profundas. A juventude está mostrando que não quer compartilhar dos valores individualistas, consumistas e utilitaristas da geração de seus pais.
O grito dos jovens está longe de bradar contra os “mensaleiros”, contra a inflação, contra as políticas sociais de transferência de renda. O movimento é progressista por natureza e agora tem de saber lidar com uma ameaça feroz: a direitização.
O aparelho midiático que serve a esses interesses já foi acionado. A grande imprensa já está mobilizada para maquiar o movimento de acordo com um ideário conservador, por isso o povo precisa fazer seu recado ser entendido.
Sob hipótese nenhuma podemos nos alinhar aos Datenas, Jabores e Pondés.
O que queremos é derrubar as barreiras entre ricos e pobres, quebrar os muros entre centro e periferia, consolidar o povo como um ator político de importância ímpar e lutar por um Brasil com justiça social, sem desigualdade e com oportunidades iguais para todos e todas. Nada mais. E nada menos.
Vamos à luta!
A evidente mudança de postura da imprensa em relação aos protestos deve ser motivo de desconfiança, não de festa. Isso porque nos últimos dias imperou o comentário: “Agora até a grande mídia defende as manifestações”. Como se isso fosse algo positivo.
Por um lado, a máxima “não é só pelos 20 centavos” conseguiu convencer diversos setores da população a ir às ruas. Por outro, abriu uma questão polêmica: se o aumento da passagem foi só o estopim, o que mais nos incomoda? Quais são os reais motivos do fim da letargia política em São Paulo?
É fato, o reajuste do preço transporte só provocou a revolta necessária para que o paulistano percebesse o óbvio: política se faz nas ruas. No entanto, a recusa ao modelo de sociedade atual tem de ser deixada clara. Isso porque os perigos da apropriação do movimento são reais.
Na sua última edição, Veja contrariou sua linha editorial e se posicionou a favor das manifestações. Quando um veículo que representa o que há de mais reacionário na sociedade apoia movimentos sociais, há no mínimo um ponto de extrema relevância para refletir.
Mas as páginas de Veja só revelam a nova postura dos veículos da imprensa dominante: já que não podem mais controlar ou evitar a multidão, manipulam seus objetivos. De acordo com a revista, o descontentamento dos manifestantes se deve também à corrupção, à criminalidade…Falácia.
É evidente que essas questões também são importantes, mas os jovens que estão nas ruas estão preocupados com questões muito mais profundas. A juventude está mostrando que não quer compartilhar dos valores individualistas, consumistas e utilitaristas da geração de seus pais.
O grito dos jovens está longe de bradar contra os “mensaleiros”, contra a inflação, contra as políticas sociais de transferência de renda. O movimento é progressista por natureza e agora tem de saber lidar com uma ameaça feroz: a direitização.
O aparelho midiático que serve a esses interesses já foi acionado. A grande imprensa já está mobilizada para maquiar o movimento de acordo com um ideário conservador, por isso o povo precisa fazer seu recado ser entendido.
Sob hipótese nenhuma podemos nos alinhar aos Datenas, Jabores e Pondés.
O que queremos é derrubar as barreiras entre ricos e pobres, quebrar os muros entre centro e periferia, consolidar o povo como um ator político de importância ímpar e lutar por um Brasil com justiça social, sem desigualdade e com oportunidades iguais para todos e todas. Nada mais. E nada menos.
Vamos à luta!
6 comentários:
Excelente artigo. Vamos a luta sim, que é bem diferente do bloco dos aproveitadores que aderiu ao movimento na última hora. Inicialmente desqualificou os manifestantes e pediu repressão e porradas para contê-los, agora acena cinicamente querendo fazer parte do grupo. Não à mídia do PIG! Seus interesses não são os nossos: "fora a rede Globo, o povo não é bobo"!
Veja e os Datenas não têm consistência pra sustentar essa posição.
Que tal buscar recurso para o transporte público, para o bem de toda sociedade, nos recursos destinados a mídia.
Nos outros grandes ralos por onde flui o dinheiro público, como lixo, limpeza pública, em grandes obras supérfluas que não atendem a maioria da população, no próprio transporte.
As razões para estes comportamentos está no medo de perderem o conforto. Nada de ideal, afinal com uma ou outra sigla no governo, a questão é econômica.
Discordo da parte "A juventude está mostrando que não quer compartilhar dos valores individualistas, consumistas e utilitaristas da geração de seus pais." Desejo profundamente que esse seja o objetivo mas o modo como o movimento cresceu e tornou-se o foco da juventude não é por isso, de fato é pelo contrário, pela midiatização da expressão, pela atenção ao manifesto e sua autoria. É pela externalização de uma atitude não bem clara mas de repulsa ao que é veiculado diariamente. Tédio, sim, revolta, sim... injustiça, hmm talvez. Mas dá pra contar com dedos os que estão lá por uma sociedade mais igual e justa, de inclusão social e redistribuição de renda. Na verdade é fácil encontrar esses, são os que estão sendo hostilizados durante o movimento.
Também discordo desta parte: "A juventude está mostrando que não quer compartilhar dos valores individualistas, consumistas e utilitaristas da geração de seus pais." Os jovens não está indo para as ruas com objetivos definidos: Individualismo(?), consumismo(?) e utilitarismo (???). jovens contra o utilitarismo? Tem gente lá que não sabe nem o que isso. Consumismo?? Aff...
"A juventude está mostrando que não quer compartilhar dos valores individualistas, consumistas e utilitaristas da geração de seus pais." Discordo fortemente desse trecho. Ficou muito vago e não é exatamente o que está sendo defendido. Dá a impressão que todo mundo que está alí é de esquerda. E não é! Valores Individualistas (quais?), Consumistas (??) e utilitaristas (Tem gente que está alí e nem sabe o que é isso). Achei uma análise de uma pessoa de esquerda que cai em cima do que acabara de falar: já que não podem mais controlar ou evitar a multidão, manipulam seus objetivos.
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