Foto: Marcelo Camargo/ABr |
No início da noite desta terça-feira (27), o Corpo de Bombeiros confirmou a sétima morte no desabamento de um prédio que estava em construção na Avenida Mateo Bei, no bairro de São Mateus, na zona leste de São Paulo. Já o número oficial de feridos subiu para 26. "Cinco vítimas foram retiradas em óbito, infelizmente, e já localizamos mais dois mortos que vão demorar pelo menos duas horas para que sejam retirados e ainda há grande indício de outras vítima", informou o capitão Marcos Palumbo à reportagem da Agência Brasil.
Todos os indícios apontam para uma ação criminosa da empresa responsável pela obra. Ela já tinha sido embargada em março deste ano. "A prefeitura e a subprefeitura de São Mateus fizeram duas autuações. Uma em torno de mil e poucos reais e outra de R$ 103 mil. Logo em seguida, foi feito o embargo da obra, portanto, ela estava irregular do ponto de vista da execução... Pouco depois do embargo, eles [os empresários] entraram com processo de aprovação na prefeitura, mas o processo não foi analisado, e o fato deles não terem pedido o alvará de execução os deixa em situação irregular"", explica Chico Macena, secretário de Coordenação das Subprefeituras de São Paulo.
Como é de costume, os responsáveis pela construção negam qualquer culpa. Já o Magazine Torra Torra, que instalaria uma loja da rede no local acidentado, confirmou que mantinha um contrato de locação com o proprietário do imóvel que desabou. No entanto, segundo a empresa, a ocupação do prédio somente se daria após o fim das obras. Em nota, o grupo ressalta que a firma de engenharia contratada, a Salvatta, foi ao local para realizar estudos de estrutura, “agindo no sentido de avaliar as condições de segurança e não procedendo nenhuma intervenção estrutural”. Caberá agora ao poder público punir os culpados por mais esta crime - se é que algum empresário será punido!
18 mil acidentes registrados
O tragédia em São Mateus, porém, não é um caso isolado. Os acidentes de trabalho tem aumentado no país nos últimos anos. Na ânsia por mais lucros e surfando na onda do crescimento do setor, as empresas da construção civil tem ceifado milhares de vidas. Em março passado, uma audiência no Senado Federal confirmou este quadro preocupante. Segundo o desembargador Sebastião Geraldo de Oliveira, que representou o Tribunal Superior do Trabalho (TST) no evento, em 2011 foram cerca de 18 mil acidentes registrados, que resultaram em morte ou invalidez permanente. E outros 300 mil acidentes de trabalho na construção civil causaram invalidez temporária no mesmo ano.
Entre as causas de tantos acidentes, Sebastião de Oliveira apontou a falta da cultura da prevenção e um ritmo de trabalho cada vez “mais denso, tenso e intenso. Imagina-se que o acidente faz parte da produção, que é obra do acaso. Não, ele é principalmente obra do descaso e da falta da cultura de prevenção". Nos canteiros de obra, a pressão sobre o trabalhador se verifica pela redução do tempo para construção de um metro quadrado, que em 1995 era de 42 horas e hoje é de 36 horas, segundo relatou Francisco Luiz Lima, do Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais do Trabalho.
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