Por Paulo Moreira Leite, em seu blog:
Fiquei muito feliz com o Oscar para 12 Anos de Escravidão.
É um filme bom de ver. Enriquece nosso conhecimento sobre uma das mais degradantes experiência da história da humanidade, que é a submissão absoluta de um ser humano por outro.
Num país onde a divisão entre senhores e escravos atravessou mais da metade de sua história, 12 anos... trata de questões sempre atuais.
O filme tem coragem indispensável para fugir da pieguice, sem receio de mostrar a escravidão como ela é – um universo amargo e permanente de sofrimento, sem intervalos e sem saída.
Já fomos apresentados pela literatura e pelo cinema a muitas construções românticas sobre o universo dos escravos.
Até porque o cativeiro envolve uma condição insuportável para nossos sentimentos e convicções apreendidos em casa e reforçados ao longo da vida, sempre tentou-se amenizar aquele inferno indizível com ressalvas, um “veja bem...”, outro “não era só assim...,” e outras formas destinadas a nos ajudar a reconhecer uma realidade longe de nossa capacidade de compreensão.
Na maioria dos filmes sobre escravidão não faltam momentos utópicos e amenos de companheirismo entre cativos, e mesmo de amores românticos entre a Casa Grande e a Senzala, que servem para humanizar personagens de quem se tentava extrair toda condição humana.
Não há concessões desse tipo em 12 anos... Longe da psicologia, o diretor Steve McQueen quer retratar a desumanização de homens e mulheres destituídos de todo e qualquer direito – e vai até onde sua vista alcança.
Embora seja uma obra difícil de ver, dolorida, desagradável no sentido em que é difícil sentir empatia pelos personagens, McQueen conseguiu fazer dessa situação um filme. Sem querer estragar o prazer único de quem entra no cinema, adianto que a própria história, baseada em fatos reais, envolve um ângulo original para questionar certezas na evolução positiva da humanidade.
Situado naquele momento da sociedade norte-americana em que havia escravos libertos no Norte, mas no Sul o cativeiro era mantido com violência redobrada, o filme mostra que é possível andar para trás, regredir.
12 anos... narra a vida de um cidadão livre que é sequestrado por traficantes que capturavam negros emancipados, com trabalho, família, e até estudo, para que fossem reescravizados.
Num país como o Brasil, onde, em pleno século XXI, intelectuais conservadores conseguem ganhar dinheiro ao fazer a apologia da democracia racial e de supostos benefícios produzidos pela miscigenação entre senhores e escravas, procurando apontar aí um traço benigno da cultura brasileira em relação a de outros países, 12 anos contem verdades universais de grande utilidade.
Um bom filme de se ver, como já disse.
Fiquei muito feliz com o Oscar para 12 Anos de Escravidão.
É um filme bom de ver. Enriquece nosso conhecimento sobre uma das mais degradantes experiência da história da humanidade, que é a submissão absoluta de um ser humano por outro.
Num país onde a divisão entre senhores e escravos atravessou mais da metade de sua história, 12 anos... trata de questões sempre atuais.
O filme tem coragem indispensável para fugir da pieguice, sem receio de mostrar a escravidão como ela é – um universo amargo e permanente de sofrimento, sem intervalos e sem saída.
Já fomos apresentados pela literatura e pelo cinema a muitas construções românticas sobre o universo dos escravos.
Até porque o cativeiro envolve uma condição insuportável para nossos sentimentos e convicções apreendidos em casa e reforçados ao longo da vida, sempre tentou-se amenizar aquele inferno indizível com ressalvas, um “veja bem...”, outro “não era só assim...,” e outras formas destinadas a nos ajudar a reconhecer uma realidade longe de nossa capacidade de compreensão.
Na maioria dos filmes sobre escravidão não faltam momentos utópicos e amenos de companheirismo entre cativos, e mesmo de amores românticos entre a Casa Grande e a Senzala, que servem para humanizar personagens de quem se tentava extrair toda condição humana.
Não há concessões desse tipo em 12 anos... Longe da psicologia, o diretor Steve McQueen quer retratar a desumanização de homens e mulheres destituídos de todo e qualquer direito – e vai até onde sua vista alcança.
Embora seja uma obra difícil de ver, dolorida, desagradável no sentido em que é difícil sentir empatia pelos personagens, McQueen conseguiu fazer dessa situação um filme. Sem querer estragar o prazer único de quem entra no cinema, adianto que a própria história, baseada em fatos reais, envolve um ângulo original para questionar certezas na evolução positiva da humanidade.
Situado naquele momento da sociedade norte-americana em que havia escravos libertos no Norte, mas no Sul o cativeiro era mantido com violência redobrada, o filme mostra que é possível andar para trás, regredir.
12 anos... narra a vida de um cidadão livre que é sequestrado por traficantes que capturavam negros emancipados, com trabalho, família, e até estudo, para que fossem reescravizados.
Num país como o Brasil, onde, em pleno século XXI, intelectuais conservadores conseguem ganhar dinheiro ao fazer a apologia da democracia racial e de supostos benefícios produzidos pela miscigenação entre senhores e escravas, procurando apontar aí um traço benigno da cultura brasileira em relação a de outros países, 12 anos contem verdades universais de grande utilidade.
Um bom filme de se ver, como já disse.
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