Por Eron Bezerra, no site Vermelho:
Após ter sido escalado pelo candidato tucano como mero coadjuvante do consórcio de direita que pretende desalojar a presidenta Dilma Rousseff, o candidato do PSB, Eduardo Campos, vive um novo dilema: como desalojar o aliado tucano da 2ª posição nas pesquisas de intenção de voto?
Não será uma tarefa das mais simples, se ele não superar, de imediato, duas incógnitas que rondam o espectro de sua candidatura desde o seu anúncio: demonstrar o que o diferencia política e programaticamente do candidato tucano; e o que - e como - ele poderá fazer melhor do que o atual governo do qual, aliás, participavam até bem pouco tempo.
A direita já definiu claramente sua tática: a teoria do caos, na qual ela procura negar, tergiversar ou relativizar conquistas do governo (3º maior crescimento do PIB mundial, menor taxa de desemprego da história e lucro recorde da Petrobras, que eles destacam, dentro dessa tática, a queda de um semestre, etc.), ao tempo em que procuram manter o governo sob intensa pressão, seja através de acusações (reais ou fabricadas) e até mesmo buscando responsabilizar a presidenta Dilma por fatos completamente alheios às atribuições de seu governo, como os conflitos que ocorre na nossa vizinha Venezuela.
Como a consciência é produto da realidade material objetiva, as recorrentes alianças estaduais do PSB com os tucanos talvez tenha lhes incutido mais do que eventuais espaços políticos; talvez o PSB tenha absorvido o essencial do receituário neoliberal, tão caro ao PSDB e seus reais seguidores, o que faz dessa aliança algo ideologicamente muito mais solido do que uma mera aliança eleitoral.
Por isso o dilema de Eduardo Campos não é pequeno.
Se ataca a presidenta Dilma, acaba fazendo sozinho o “trabalho sujo” da direita, o que além de não lhe assegurar de pronto uma eventual ascensão nas pesquisas de intenção de voto, ainda permitiria que o tucano Aécio Neves se apresentasse como um candidato propositivo, o que certamente poderia consolidar o cenário atual de 2º colocado na corrida presidencial. Restaria ao PSB, portanto, o mero papel de coadjuvante, com o agravante de correr o risco de ver seu candidato também identificado como “laranja” ou “peteleco” (nome de um boneco de ventríloquo), o que poderia interromper ou golpear durante as pretensões futuras do ex-governador Eduardo Campos. É um risco muito elevado para quem anuncia tantas pretensões.
Se optar por lutar pela 2ª posição na corrida sucessória, na medida em que não parece crível uma disputa presidencial no atual cenário sem a presença da presidenta Dilma Rousseff, o ex-governador terá que primeiro deslocar o seu principal adversário político eleitoral, o PSDB, a despeito de suas afinidades ideológicas. Para que isso aconteça será necessário mais do que vagas declarações de que temos “projetos diferentes”. Será necessário que Eduardo Campos faça uma crítica contundente não apenas aos aspectos morais (mensalão mineiro, escândalo do metrô de São Paulo, privatizações criminosas, etc.), mas principalmente ao conteúdo programático do PSDB, baseado no receituário neoliberal (estado mínimo, supressão de direitos sociais e trabalhistas, sanha privatista e alinhamento automático com os estados unidos, dentre outras “pérolas”) que, convenhamos, os tucanos procuram aplicar com coerência. O prefeito de Manaus, Artur Neto (PSDB), por exemplo, acaba de anunciar da Suíça, onde foi visitar o presidente da FIFA, a pretensão de privatizar a Arena da Amazônia, embora o estádio seja do governo do Amazonas e não do município de Manaus.
Se adotar essa posição estará rompendo programaticamente com o PSDB. Se não adotar terá que explicar aos eleitores o que efetivamente pretende e qual será o seu posicionamento no espectro politico ideológico em disputa, uma vez que tanto a esquerda quanto à direita já há contendedores bem melhor situado do que ele.
Eis o dilema shakespeariano de Eduardo Campos.
Após ter sido escalado pelo candidato tucano como mero coadjuvante do consórcio de direita que pretende desalojar a presidenta Dilma Rousseff, o candidato do PSB, Eduardo Campos, vive um novo dilema: como desalojar o aliado tucano da 2ª posição nas pesquisas de intenção de voto?
Não será uma tarefa das mais simples, se ele não superar, de imediato, duas incógnitas que rondam o espectro de sua candidatura desde o seu anúncio: demonstrar o que o diferencia política e programaticamente do candidato tucano; e o que - e como - ele poderá fazer melhor do que o atual governo do qual, aliás, participavam até bem pouco tempo.
A direita já definiu claramente sua tática: a teoria do caos, na qual ela procura negar, tergiversar ou relativizar conquistas do governo (3º maior crescimento do PIB mundial, menor taxa de desemprego da história e lucro recorde da Petrobras, que eles destacam, dentro dessa tática, a queda de um semestre, etc.), ao tempo em que procuram manter o governo sob intensa pressão, seja através de acusações (reais ou fabricadas) e até mesmo buscando responsabilizar a presidenta Dilma por fatos completamente alheios às atribuições de seu governo, como os conflitos que ocorre na nossa vizinha Venezuela.
Como a consciência é produto da realidade material objetiva, as recorrentes alianças estaduais do PSB com os tucanos talvez tenha lhes incutido mais do que eventuais espaços políticos; talvez o PSB tenha absorvido o essencial do receituário neoliberal, tão caro ao PSDB e seus reais seguidores, o que faz dessa aliança algo ideologicamente muito mais solido do que uma mera aliança eleitoral.
Por isso o dilema de Eduardo Campos não é pequeno.
Se ataca a presidenta Dilma, acaba fazendo sozinho o “trabalho sujo” da direita, o que além de não lhe assegurar de pronto uma eventual ascensão nas pesquisas de intenção de voto, ainda permitiria que o tucano Aécio Neves se apresentasse como um candidato propositivo, o que certamente poderia consolidar o cenário atual de 2º colocado na corrida presidencial. Restaria ao PSB, portanto, o mero papel de coadjuvante, com o agravante de correr o risco de ver seu candidato também identificado como “laranja” ou “peteleco” (nome de um boneco de ventríloquo), o que poderia interromper ou golpear durante as pretensões futuras do ex-governador Eduardo Campos. É um risco muito elevado para quem anuncia tantas pretensões.
Se optar por lutar pela 2ª posição na corrida sucessória, na medida em que não parece crível uma disputa presidencial no atual cenário sem a presença da presidenta Dilma Rousseff, o ex-governador terá que primeiro deslocar o seu principal adversário político eleitoral, o PSDB, a despeito de suas afinidades ideológicas. Para que isso aconteça será necessário mais do que vagas declarações de que temos “projetos diferentes”. Será necessário que Eduardo Campos faça uma crítica contundente não apenas aos aspectos morais (mensalão mineiro, escândalo do metrô de São Paulo, privatizações criminosas, etc.), mas principalmente ao conteúdo programático do PSDB, baseado no receituário neoliberal (estado mínimo, supressão de direitos sociais e trabalhistas, sanha privatista e alinhamento automático com os estados unidos, dentre outras “pérolas”) que, convenhamos, os tucanos procuram aplicar com coerência. O prefeito de Manaus, Artur Neto (PSDB), por exemplo, acaba de anunciar da Suíça, onde foi visitar o presidente da FIFA, a pretensão de privatizar a Arena da Amazônia, embora o estádio seja do governo do Amazonas e não do município de Manaus.
Se adotar essa posição estará rompendo programaticamente com o PSDB. Se não adotar terá que explicar aos eleitores o que efetivamente pretende e qual será o seu posicionamento no espectro politico ideológico em disputa, uma vez que tanto a esquerda quanto à direita já há contendedores bem melhor situado do que ele.
Eis o dilema shakespeariano de Eduardo Campos.
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