Por Rodrigo Vianna, no blog Escrevinhador:
O Brasil virou um país comum.
Comum porque, depois de dois jogos nessa Copa que acontece em solo brasileiro (sim, os jogos não foram transferidos para Miami – ao contrário do que supunha a “Veja”), ninguém está discutindo por que os aeroportos não deram conta de transportar os torcedores de uma cidade para outra. Ninguém está perguntando por que a desorganização absoluta (“só no Brasil”) impediu os torcedores de chegar aos estádios. Não se está lamentando o lamaçal em que se transformou o campo em Natal – cidade assolada por uma chuva de proporções bíblicas.
Não. Os aeroportos funcionam. O público chega aos estádios. A drenagem do gramado em Natal também funciona. Tudo normal e comum. O anormal é que o Brasil tenha jogado pouco contra o México. Essa é a discussão que ocupa, nas últimas horas, os filhos da pátria e também os filhos da … enfim, o pessoal da ala vip do Itaquerão.
Fred andou em campo contra o México. Parecia um veterano já meio barrigudo disputando a bola com a rapaziada de 20 ou 25 anos. Esse parece ter sido o grande erro da Dilma em relação à Copa: não incluiu o Fred no PAC da mobilidade urbana (era essa a piada hoje na internet). Fred em campo me fez sentir saudades de Serginho Chulapa…
E o Paulinho? A Inglaterra fez mal a ele. Meio-campista refinado no Corinthians, virou um burocrata depois de ter-se transferido para o Tottenham. Paulinho sumiu em campo também contra o México.
Somos um país normal. Tão normal que, nesta terça-feira, vi 3 mil e 500 turistas mexicanos desembarcando de um transatlântico no porto do Mucuripe (aquele mesmo da música “as velas do Mucuripe…”). Os mexicanos desciam e… pasmen: havia ônibus para levá-los do cais ao estádio, havia um terminal de passageiros novinho, tudo funcionava de forma absurdamente normal em Fortaleza.
O que não funcionava era nosso meio-de-campo. O pivô não funcionava na frente. Os laterais não faziam ultrapassagens…
Triste Brasil. Quando éramos uma ditadura abominável, tínhamos Gerson e Tostão para assessorar Pelé na Copa de 70. Agora, viramos um país normal. Daqueles bem chatos. Com zagueiros eficientes e meio-campistas burocráticos. Neymar solitário, habilmente solitário.
O Brasil só não é (felizmente) um país totalmente comum porque ainda somos capazes de levar, ao estádio da Copa, torcedores vestindo chapéu de cangaceiro. Sim, essa foi a cena que vi ao me aproximar do Castelão (coisa horrorosa: nome de um ditador em estádio da Copa) nesta terça-feira. Os mexicanos faziam uma festa belíssima nas ruas de Fortaleza. Com sombreiros e máscaras de luta livre. Aquilo me incomodava. Onde estava a criatividade da torcida brasileira?
De repente, surgiram os cearenses com chapéu de cangaço… Pedi ao cinegrafista que filmasse um deles, sem notar que o mais extraordinário não era o chapéu, mas o cartaz que o torcedor carregava: “Neymar é o cabra!”. Sim. No Ceará, Neymar não é o cara. É o cabra.
Empatamos com o México. Seguimos sem jamais ter levado um gol dos mexicanos, em quatro confrontos na história das Copas. Mas dessa vez não fizemos nenhum.
Alarmes mil soaram: vamos fracassar em campo nessa Copa. Se não ganhamos do México, seremos atropelados pela Alemanha, Holanda, Argentina… Será?
Esse time brasileiro tem dois bons zagueiros. Tem a genialidade de Neymar. E tem a eficiência de Oscar (com seus altos e baixos). De resto, é um time normal. Nada mais que isso.
O Brasil pode ser campeão mesmo assim? Claro que sim. A Itália venceu, em 82, depois de empatar três vezes na primeira fase. Não tinha nenhum craque. Ganhou do timaço de Zico, Sócrates e cia.
Felipão já ganhou Copa do Brasil com o Criciúma. E foi campeão com o Jardel como centro-avante no Grêmio. Time do Felipão costuma ganhar meio na banguela, com sofrimento.
Nesta Copa, a seleção brasileira é certamente inferior à Alemanha de Muller e Ozil. Mas e daí? Em Copa nem sempre ganha o melhor.
Esta seleção brasileira é inferior aos últimos 4 campeões mundiais (Espanha/10, Itália/06, Brasil/02, França/98). Mas não é inferior ao Brasil de 94 ou à Alemanha burocrática de 90.
O Brasil pode ganhar a Copa, aos tropeções. Fred pode calar a boca de todo mundo, fazendo um gol de canela ou de carrinho contra Alemanha ou Holanda. Seria absolutamente normal.
Somos um país normal. Aeroportos funcionam (com uma outra falha) na Copa. Estádios funcionam (falta comida aqui e ali – ok). Essa Copa surpreende também por isso. Parece que as coisas – para o Brasil - funcionam melhor fora do que dentro de campo.
Somos um país normal, com uma elite mal-educada.
E temos uma seleção normal, com um camisa 10 que é o “cabra”. E ponto.
O Brasil virou um país comum.
Comum porque, depois de dois jogos nessa Copa que acontece em solo brasileiro (sim, os jogos não foram transferidos para Miami – ao contrário do que supunha a “Veja”), ninguém está discutindo por que os aeroportos não deram conta de transportar os torcedores de uma cidade para outra. Ninguém está perguntando por que a desorganização absoluta (“só no Brasil”) impediu os torcedores de chegar aos estádios. Não se está lamentando o lamaçal em que se transformou o campo em Natal – cidade assolada por uma chuva de proporções bíblicas.
Não. Os aeroportos funcionam. O público chega aos estádios. A drenagem do gramado em Natal também funciona. Tudo normal e comum. O anormal é que o Brasil tenha jogado pouco contra o México. Essa é a discussão que ocupa, nas últimas horas, os filhos da pátria e também os filhos da … enfim, o pessoal da ala vip do Itaquerão.
Fred andou em campo contra o México. Parecia um veterano já meio barrigudo disputando a bola com a rapaziada de 20 ou 25 anos. Esse parece ter sido o grande erro da Dilma em relação à Copa: não incluiu o Fred no PAC da mobilidade urbana (era essa a piada hoje na internet). Fred em campo me fez sentir saudades de Serginho Chulapa…
E o Paulinho? A Inglaterra fez mal a ele. Meio-campista refinado no Corinthians, virou um burocrata depois de ter-se transferido para o Tottenham. Paulinho sumiu em campo também contra o México.
Somos um país normal. Tão normal que, nesta terça-feira, vi 3 mil e 500 turistas mexicanos desembarcando de um transatlântico no porto do Mucuripe (aquele mesmo da música “as velas do Mucuripe…”). Os mexicanos desciam e… pasmen: havia ônibus para levá-los do cais ao estádio, havia um terminal de passageiros novinho, tudo funcionava de forma absurdamente normal em Fortaleza.
O que não funcionava era nosso meio-de-campo. O pivô não funcionava na frente. Os laterais não faziam ultrapassagens…
Triste Brasil. Quando éramos uma ditadura abominável, tínhamos Gerson e Tostão para assessorar Pelé na Copa de 70. Agora, viramos um país normal. Daqueles bem chatos. Com zagueiros eficientes e meio-campistas burocráticos. Neymar solitário, habilmente solitário.
O Brasil só não é (felizmente) um país totalmente comum porque ainda somos capazes de levar, ao estádio da Copa, torcedores vestindo chapéu de cangaceiro. Sim, essa foi a cena que vi ao me aproximar do Castelão (coisa horrorosa: nome de um ditador em estádio da Copa) nesta terça-feira. Os mexicanos faziam uma festa belíssima nas ruas de Fortaleza. Com sombreiros e máscaras de luta livre. Aquilo me incomodava. Onde estava a criatividade da torcida brasileira?
De repente, surgiram os cearenses com chapéu de cangaço… Pedi ao cinegrafista que filmasse um deles, sem notar que o mais extraordinário não era o chapéu, mas o cartaz que o torcedor carregava: “Neymar é o cabra!”. Sim. No Ceará, Neymar não é o cara. É o cabra.
Empatamos com o México. Seguimos sem jamais ter levado um gol dos mexicanos, em quatro confrontos na história das Copas. Mas dessa vez não fizemos nenhum.
Alarmes mil soaram: vamos fracassar em campo nessa Copa. Se não ganhamos do México, seremos atropelados pela Alemanha, Holanda, Argentina… Será?
Esse time brasileiro tem dois bons zagueiros. Tem a genialidade de Neymar. E tem a eficiência de Oscar (com seus altos e baixos). De resto, é um time normal. Nada mais que isso.
O Brasil pode ser campeão mesmo assim? Claro que sim. A Itália venceu, em 82, depois de empatar três vezes na primeira fase. Não tinha nenhum craque. Ganhou do timaço de Zico, Sócrates e cia.
Felipão já ganhou Copa do Brasil com o Criciúma. E foi campeão com o Jardel como centro-avante no Grêmio. Time do Felipão costuma ganhar meio na banguela, com sofrimento.
Nesta Copa, a seleção brasileira é certamente inferior à Alemanha de Muller e Ozil. Mas e daí? Em Copa nem sempre ganha o melhor.
Esta seleção brasileira é inferior aos últimos 4 campeões mundiais (Espanha/10, Itália/06, Brasil/02, França/98). Mas não é inferior ao Brasil de 94 ou à Alemanha burocrática de 90.
O Brasil pode ganhar a Copa, aos tropeções. Fred pode calar a boca de todo mundo, fazendo um gol de canela ou de carrinho contra Alemanha ou Holanda. Seria absolutamente normal.
Somos um país normal. Aeroportos funcionam (com uma outra falha) na Copa. Estádios funcionam (falta comida aqui e ali – ok). Essa Copa surpreende também por isso. Parece que as coisas – para o Brasil - funcionam melhor fora do que dentro de campo.
Somos um país normal, com uma elite mal-educada.
E temos uma seleção normal, com um camisa 10 que é o “cabra”. E ponto.
1 comentários:
o estádio castelão não é homenagem ao Castelo Branco ditador e sim ao ex governador do Ceará Plácido Aderaldo Castelo ...
Postar um comentário