Por Valter Pomar, em seu blog:
A Rede Brasil Atual publicou, no dia 5 de outubro, um texto a partir de uma entrevista feita comigo.
O texto está aqui: http://www.redebrasilatual.com.br/eleicoes-2014/dirigente-do-pt-diz-que-falta-de-reformas-politica-e-da-comunicacao-explicam-eleicoes-7238.html
Quem editou o texto, optou por não apresentar as perguntas e por reestruturar as respostas. Nada excepcional, mas sendo assim faço algumas precisões.
1. Não sou da executiva nacional do PT, nem titular do Diretório Nacional.
2. A primeira pergunta que me fizeram foi algo assim: se eu estava surpreso com a votação de Aécio Neves e com a realização de segundo turno.
3. Minha opinião sobre isto: não fiquei surpreso com a votação de Aécio, muito menos com a realização do segundo turno. Nunca subestimei os adversários, nem achei que fossem "anões políticos". Desde as eleições municipais de 2012 havia ficado claro que a disputa presidencial de 2014 tendia a ser resolvida no segundo turno. Como aliás ocorreu em 2002, 2006 e 2010.
4. Por qual motivo a tendência era esta? Por três fenômenos combinados: a) a maioria do grande empresariado está operando para nos derrotar; b) consolidou-se nos setores médios um violento sentimento antipetista; c) na classe trabalhadora, cresceu um setor que tem dúvidas e desconfianças contra nós.
5. Estes três fenômenos estiveram cada vez mais evidentes ao longo de 2013 e em 2014, seja na "greve de investimentos", seja nas manifestações de junho, seja no movimento "não vai ter Copa". Entretanto, não avalio negativamente as manifestações de junho de 2013. Tampouco acho que a Copa estava acima de qualquer crítica. Especialmente nas manifestações de junho, havia uma disputa, na qual o Partido e nossos governos deveriam ter atuado com mais, digamos, ênfase e eficácia.
6. É nesse contexto que afirmei o que a entrevista registra, a saber: que nos últimos anos, o Partido não tem conseguido conquistar os votos da juventude trabalhadora. Juventude que poderia estar em sua maioria entusiasmadamente conosco se, entre outras ações, tivéssemos adotado outra política de comunicação, se tivéssemos alterado o currículo dominante nas escolas e se tivéssemos uma política cultural mais forte.
7. Outra pergunta que me fizeram foi sobre o resultado da eleição proporcional, se não estaria em curso uma guinada conservadora e se esta guinada não ajudaria o Aécio Neves a se eleger.
8. Minha opinião sobre isto é que a pergunta, a depender de como é feita, pode esconder uma pegadinha. Motivo pelo qual dei uma resposta em camadas.
9. O aumento do conservadorismo é real. Mas qual sua origem? Ele é produto de uma combinação de fatores: a) uma reação até certo ponto espontânea de parcela dos setores médios, especialmente contra sua perda de status; b) uma ação deliberada da direita partidária, do oligopólio da mídia; c) no período mais recente, o reforço vindo também de parcelas majoritárias do grande empresariado.
10. Esta reação conservadora poderia ter sido neutralizada pela classe trabalhadora e pelos setores médios progressistas. Mas para que conseguíssemos isso, seria necessário um esforço de democratização da mídia, uma política educacional e cultural mais ousadas, uma ação de organização e formação política mais intensa etc.
11. Como sabemos, entretanto, nestes últimos anos a burguesia girou para a direita, mas na classe trabalhadora, que é maioria, não houve um giro equivalente para a esquerda. Se essa nova geração que entrou no mercado de trabalho agora, devido às políticas do PT, tivesse acesso a uma mídia e uma educação mais democrática teria virado para a esquerda. Como isso não ocorreu, o que prevaleceu é a ideologia dominante, esta guinada conservadora.
12. Por este motivo, os governos, os parlamentares, os partidos e os movimentos sociais do campo democrático vão ter que fazer nos próximos 4 anos o que não fizemos nos últimos 12. Entre outras coisas, um esforço redobrado de sindicalização, de democratização da mídia, de mudanças nos currículos educacionais e nas políticas culturais.
13. Não disse na entrevista, mas posso dizer aqui o seguinte: esta situação é um dos efeitos colaterais da estratégia de mudança sem ruptura. Mudança sem ruptura parece para muita gente uma boa coisa. Mas ela tem um pressuposto: fazer concessões aos inimigos. A conta só fecha se, com o passar do tempo, os inimigos deixarem de ser tão inimigos. Mas o que ocorre na vida real? Na vida real, apenas das concessões, os inimigos se tornaram ainda mais inimigos. E graças as concessões que fazemos/fizemos, eles não apenas mantiveram, como também ampliaram os meios de que dispõem para agir contra nós. Ao mesmo tempo, certas concessões que fazemos/fizemos dividem nosso campo, nos impedem ou pelo menos reduzem nossa capacidade de ganhar amigos e fortalecer nosso lado. Moral da história: tendência ao fortalecimento deles e enfraquecimento nosso. Alguma hora vai parar de funcionar, simples assim.
14. Por tudo isto é que insisti, na entrevista: não podemos mais esperar para fazer a reforma do sistema político, nem para democratizar a comunicação. Isto não nos impedirá de ganhar estas eleições presidenciais de 2014, mas se isso não for tratado, daqui até 2018 tende a se tornar um problema incontornável.
15. Vamos ganhar a eleição presidencial, com um Congresso mais complexo (digamos assim) do que o atual. Mas existe muita coisa que poderia ter sido feita e que pode ser feita em termos de democratização da mídia, independente da aprovação ou não da Lei da Mídia Democrática. Assim como há muita coisa que pode ser feita em favor da reforma política, independente ou em paralelo a tramitação institucional das propostas a respeito.
16. O fato de não termos feito a reforma política e a democratização da mídia criou uma contradição: continuamos ganhando a eleição presidencial, mas naquele terreno onde as deformações do sistema político-eleitoral são mais evidentes, que é o Congresso, a gente começa a ter queda na nossa representação. Por isto nossa bancada reduziu em números absolutos. Claro que a queda na representação parlamentar federal está concentrada em estados como São Paulo e Pernambuco, mas isto é a materialização de um problema mais geral, a saber: entre 1994 e 2002, nós avançamos no terreno institucional, tanto nas presidenciais, quanto nos parlamentos, quanto nos governos estaduais. Entre 2002 e 2010, nós oscilamos para cima e para baixo, mas mantendo o mesmo patamar. Já entre 2011 e 2014 começou um movimento de redução de nossa presença institucional, que fica evidente agora. Ou seja, até então estávamos batendo no teto. Agora, começamos a cair.
17. Cadê a pegadinha? A pegadinha está em achar que esta onda conservadora, que da maneira indicada se traduziu institucionalmente, vá favorecer Aécio no segundo turno. Na verdade, Aécio já foi favorecido no primeiro turno. E não será mais favorecido no segundo turno porque - como aliás demonstram as pesquisas - o povo é majoritariamente progressista no terreno da política econômica e social. Por isto Aécio vai tentar colocar o debate sobre a corrupção no centro da pauta; por isto nós -sem fugir do debate sobre a corrupção - devemos colocar as políticas econômicas e sociais no centro da pauta.
18. Por isto, também, um segundo turno com Aécio é melhor para o PT do que uma disputa com Marina. Não tem chance das pessoas se iludirem com as propostas de Aécio: ele é um playboy, representante do capital e dos setores da elite. É jogo claro, o que não significa jogo fácil. São dois projetos distintos para o país, que vão se enfrentar pela sétima vez desde 1989.
19. Falando em tese, seria mais difícil ganhar um segundo turno contra alguém que já fez parte do governo, da base aliada, do PT. Vale reconhecer, entretanto, que Marina cometeu o erro (do ponto de vista dela, é claro, pois para nós foi um "favor") de ter se "convertido" muito explicitamente e muito rapidamente, mostrando que a suposta terceira via não era mais do que um sucedâneo da segunda via, da via tucana, neoliberal.
20. No segundo turno, os votos recebidos por Marina vão se dividir. O eleitorado dela é composto de vários segmentos: uma parte vem desde 2010, que é de gente que não é tucana mas está insatisfeita com o PT; tem uma parte que ela agregou nessa reta final, que é de gente de direita que viu nela uma chance de derrotar o PT e voltou para o Aécio; tem uma parte que é progressista e quer mudança etc.
21. Neste contexto, foi perguntado que efeito teria São Paulo. Minha opinião é que a vantagem que Aécio obteve no primeiro turno em São Paulo não impede nossa vitória presidencial no segundo turno. Entretanto, pensando não apenas no segundo mandato da Dilma, mas também no desafio de mudar profundamente o país, o quadro de São Paulo é muito grave.
22. A entrevistadora foi gentil e não publicou minhas palavras exatas, a saber: o governo de Alckmin é um governo de m.., mas ainda sim um setor do eleitorado vota nele. Por qual motivo isto ocorre? Na minha opinião, por vários motivos, nenhum deles misterioso.
23. Um destes motivos é: em São Paulo concentra-se o grande empresariado que está operando para nos derrotar; concentram-se, também, os setores médios antipetistas; concentra-se, ainda, o setor da classe trabalhadora que tem dúvidas e desconfianças contra nós. Aliás, quem gosta de falar que vamos transformar o Brasil num país de classe média deveria olhar para São Paulo para perceber o risco que isto significaria, se fosse verdade.
24. Outro dos motivos é: durante décadas, São Paulo beneficiou-se do atraso relativo do restante do país. Nós, desde 2003, estamos trabalhando para tirar o conjunto país do atraso. Para superar o atraso, é preciso dar mais a quem foi historicamente prejudicado. A elite paulista reage a isto da mesma maneira como certos setores médios reagem a melhora de vida das camadas populares: consideram isto uma perda de status. Alguém já disse, creio, que o regionalismo de São Paulo é nossa questão meridional.
25. Um terceiro motivo sobre o qual prefiro falar depois de 26 de outubro é o comportamento do PT no estado de São Paulo. A esse respeito, deixo registrado para comentários posteriores a não eleição do deputado Candido Vaccarezza.
26. Por fim, vamos ganhar o segundo turno da eleição presidencial. Supondo, é claro, que vamos prosseguir na linha que nos fez chegar em primeiro, no primeiro turno: mobilização, politização e polarização programática. Paradoxalmente, manter esta linha criará as condições não apenas para a vitória, mas também para um segundo mandato mais avançado, mesmo que em condições mais difíceis.
A Rede Brasil Atual publicou, no dia 5 de outubro, um texto a partir de uma entrevista feita comigo.
O texto está aqui: http://www.redebrasilatual.com.br/eleicoes-2014/dirigente-do-pt-diz-que-falta-de-reformas-politica-e-da-comunicacao-explicam-eleicoes-7238.html
Quem editou o texto, optou por não apresentar as perguntas e por reestruturar as respostas. Nada excepcional, mas sendo assim faço algumas precisões.
1. Não sou da executiva nacional do PT, nem titular do Diretório Nacional.
2. A primeira pergunta que me fizeram foi algo assim: se eu estava surpreso com a votação de Aécio Neves e com a realização de segundo turno.
3. Minha opinião sobre isto: não fiquei surpreso com a votação de Aécio, muito menos com a realização do segundo turno. Nunca subestimei os adversários, nem achei que fossem "anões políticos". Desde as eleições municipais de 2012 havia ficado claro que a disputa presidencial de 2014 tendia a ser resolvida no segundo turno. Como aliás ocorreu em 2002, 2006 e 2010.
4. Por qual motivo a tendência era esta? Por três fenômenos combinados: a) a maioria do grande empresariado está operando para nos derrotar; b) consolidou-se nos setores médios um violento sentimento antipetista; c) na classe trabalhadora, cresceu um setor que tem dúvidas e desconfianças contra nós.
5. Estes três fenômenos estiveram cada vez mais evidentes ao longo de 2013 e em 2014, seja na "greve de investimentos", seja nas manifestações de junho, seja no movimento "não vai ter Copa". Entretanto, não avalio negativamente as manifestações de junho de 2013. Tampouco acho que a Copa estava acima de qualquer crítica. Especialmente nas manifestações de junho, havia uma disputa, na qual o Partido e nossos governos deveriam ter atuado com mais, digamos, ênfase e eficácia.
6. É nesse contexto que afirmei o que a entrevista registra, a saber: que nos últimos anos, o Partido não tem conseguido conquistar os votos da juventude trabalhadora. Juventude que poderia estar em sua maioria entusiasmadamente conosco se, entre outras ações, tivéssemos adotado outra política de comunicação, se tivéssemos alterado o currículo dominante nas escolas e se tivéssemos uma política cultural mais forte.
7. Outra pergunta que me fizeram foi sobre o resultado da eleição proporcional, se não estaria em curso uma guinada conservadora e se esta guinada não ajudaria o Aécio Neves a se eleger.
8. Minha opinião sobre isto é que a pergunta, a depender de como é feita, pode esconder uma pegadinha. Motivo pelo qual dei uma resposta em camadas.
9. O aumento do conservadorismo é real. Mas qual sua origem? Ele é produto de uma combinação de fatores: a) uma reação até certo ponto espontânea de parcela dos setores médios, especialmente contra sua perda de status; b) uma ação deliberada da direita partidária, do oligopólio da mídia; c) no período mais recente, o reforço vindo também de parcelas majoritárias do grande empresariado.
10. Esta reação conservadora poderia ter sido neutralizada pela classe trabalhadora e pelos setores médios progressistas. Mas para que conseguíssemos isso, seria necessário um esforço de democratização da mídia, uma política educacional e cultural mais ousadas, uma ação de organização e formação política mais intensa etc.
11. Como sabemos, entretanto, nestes últimos anos a burguesia girou para a direita, mas na classe trabalhadora, que é maioria, não houve um giro equivalente para a esquerda. Se essa nova geração que entrou no mercado de trabalho agora, devido às políticas do PT, tivesse acesso a uma mídia e uma educação mais democrática teria virado para a esquerda. Como isso não ocorreu, o que prevaleceu é a ideologia dominante, esta guinada conservadora.
12. Por este motivo, os governos, os parlamentares, os partidos e os movimentos sociais do campo democrático vão ter que fazer nos próximos 4 anos o que não fizemos nos últimos 12. Entre outras coisas, um esforço redobrado de sindicalização, de democratização da mídia, de mudanças nos currículos educacionais e nas políticas culturais.
13. Não disse na entrevista, mas posso dizer aqui o seguinte: esta situação é um dos efeitos colaterais da estratégia de mudança sem ruptura. Mudança sem ruptura parece para muita gente uma boa coisa. Mas ela tem um pressuposto: fazer concessões aos inimigos. A conta só fecha se, com o passar do tempo, os inimigos deixarem de ser tão inimigos. Mas o que ocorre na vida real? Na vida real, apenas das concessões, os inimigos se tornaram ainda mais inimigos. E graças as concessões que fazemos/fizemos, eles não apenas mantiveram, como também ampliaram os meios de que dispõem para agir contra nós. Ao mesmo tempo, certas concessões que fazemos/fizemos dividem nosso campo, nos impedem ou pelo menos reduzem nossa capacidade de ganhar amigos e fortalecer nosso lado. Moral da história: tendência ao fortalecimento deles e enfraquecimento nosso. Alguma hora vai parar de funcionar, simples assim.
14. Por tudo isto é que insisti, na entrevista: não podemos mais esperar para fazer a reforma do sistema político, nem para democratizar a comunicação. Isto não nos impedirá de ganhar estas eleições presidenciais de 2014, mas se isso não for tratado, daqui até 2018 tende a se tornar um problema incontornável.
15. Vamos ganhar a eleição presidencial, com um Congresso mais complexo (digamos assim) do que o atual. Mas existe muita coisa que poderia ter sido feita e que pode ser feita em termos de democratização da mídia, independente da aprovação ou não da Lei da Mídia Democrática. Assim como há muita coisa que pode ser feita em favor da reforma política, independente ou em paralelo a tramitação institucional das propostas a respeito.
16. O fato de não termos feito a reforma política e a democratização da mídia criou uma contradição: continuamos ganhando a eleição presidencial, mas naquele terreno onde as deformações do sistema político-eleitoral são mais evidentes, que é o Congresso, a gente começa a ter queda na nossa representação. Por isto nossa bancada reduziu em números absolutos. Claro que a queda na representação parlamentar federal está concentrada em estados como São Paulo e Pernambuco, mas isto é a materialização de um problema mais geral, a saber: entre 1994 e 2002, nós avançamos no terreno institucional, tanto nas presidenciais, quanto nos parlamentos, quanto nos governos estaduais. Entre 2002 e 2010, nós oscilamos para cima e para baixo, mas mantendo o mesmo patamar. Já entre 2011 e 2014 começou um movimento de redução de nossa presença institucional, que fica evidente agora. Ou seja, até então estávamos batendo no teto. Agora, começamos a cair.
17. Cadê a pegadinha? A pegadinha está em achar que esta onda conservadora, que da maneira indicada se traduziu institucionalmente, vá favorecer Aécio no segundo turno. Na verdade, Aécio já foi favorecido no primeiro turno. E não será mais favorecido no segundo turno porque - como aliás demonstram as pesquisas - o povo é majoritariamente progressista no terreno da política econômica e social. Por isto Aécio vai tentar colocar o debate sobre a corrupção no centro da pauta; por isto nós -sem fugir do debate sobre a corrupção - devemos colocar as políticas econômicas e sociais no centro da pauta.
18. Por isto, também, um segundo turno com Aécio é melhor para o PT do que uma disputa com Marina. Não tem chance das pessoas se iludirem com as propostas de Aécio: ele é um playboy, representante do capital e dos setores da elite. É jogo claro, o que não significa jogo fácil. São dois projetos distintos para o país, que vão se enfrentar pela sétima vez desde 1989.
19. Falando em tese, seria mais difícil ganhar um segundo turno contra alguém que já fez parte do governo, da base aliada, do PT. Vale reconhecer, entretanto, que Marina cometeu o erro (do ponto de vista dela, é claro, pois para nós foi um "favor") de ter se "convertido" muito explicitamente e muito rapidamente, mostrando que a suposta terceira via não era mais do que um sucedâneo da segunda via, da via tucana, neoliberal.
20. No segundo turno, os votos recebidos por Marina vão se dividir. O eleitorado dela é composto de vários segmentos: uma parte vem desde 2010, que é de gente que não é tucana mas está insatisfeita com o PT; tem uma parte que ela agregou nessa reta final, que é de gente de direita que viu nela uma chance de derrotar o PT e voltou para o Aécio; tem uma parte que é progressista e quer mudança etc.
21. Neste contexto, foi perguntado que efeito teria São Paulo. Minha opinião é que a vantagem que Aécio obteve no primeiro turno em São Paulo não impede nossa vitória presidencial no segundo turno. Entretanto, pensando não apenas no segundo mandato da Dilma, mas também no desafio de mudar profundamente o país, o quadro de São Paulo é muito grave.
22. A entrevistadora foi gentil e não publicou minhas palavras exatas, a saber: o governo de Alckmin é um governo de m.., mas ainda sim um setor do eleitorado vota nele. Por qual motivo isto ocorre? Na minha opinião, por vários motivos, nenhum deles misterioso.
23. Um destes motivos é: em São Paulo concentra-se o grande empresariado que está operando para nos derrotar; concentram-se, também, os setores médios antipetistas; concentra-se, ainda, o setor da classe trabalhadora que tem dúvidas e desconfianças contra nós. Aliás, quem gosta de falar que vamos transformar o Brasil num país de classe média deveria olhar para São Paulo para perceber o risco que isto significaria, se fosse verdade.
24. Outro dos motivos é: durante décadas, São Paulo beneficiou-se do atraso relativo do restante do país. Nós, desde 2003, estamos trabalhando para tirar o conjunto país do atraso. Para superar o atraso, é preciso dar mais a quem foi historicamente prejudicado. A elite paulista reage a isto da mesma maneira como certos setores médios reagem a melhora de vida das camadas populares: consideram isto uma perda de status. Alguém já disse, creio, que o regionalismo de São Paulo é nossa questão meridional.
25. Um terceiro motivo sobre o qual prefiro falar depois de 26 de outubro é o comportamento do PT no estado de São Paulo. A esse respeito, deixo registrado para comentários posteriores a não eleição do deputado Candido Vaccarezza.
26. Por fim, vamos ganhar o segundo turno da eleição presidencial. Supondo, é claro, que vamos prosseguir na linha que nos fez chegar em primeiro, no primeiro turno: mobilização, politização e polarização programática. Paradoxalmente, manter esta linha criará as condições não apenas para a vitória, mas também para um segundo mandato mais avançado, mesmo que em condições mais difíceis.
1 comentários:
Valter Pomar,isso é exatamente oque eu penso.O caminho do embate será o mais difícil mas é o único,chega de panos quentes,chegou a hora de mostrar os tucanos e a mídia como eles são,é só pegar os livros "Privataria Tucana","O Príncipe da Privataria",e porque o ministério público de são paulo e minas gerais acoberta esse povo.
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