Por Thays Campos e Renan Alencar, no site da UJS:
Venta no Maranhão. Dançam a copa das árvores, rangem as portas entreabertas, tilintam as janelas das casas que se mostram, ainda timidamente, para o mundo. Em cada canto e recanto maranhense, corre a notícia de que a terra girou, de que as estações viraram, de que a mudança brotou como um botão de flor, de que as cores vão contaminar os campos e vencer a terra queimada por 50 anos de negatividade.
O Maranhão é um estado pobre. Não somente pela fome, cativa e torturante. Não somente pela detestável desigualdade social que revela as localidades com pior Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do Brasil. Não somente pela brutalidade de indicadores que mostram 83% das casas do estado sem banheiro, 50% sem água, 90% sem esgoto, o maior número de analfabetos por habitante e a menor expectativa de vida em todo o país.
Venta no Maranhão. Dançam a copa das árvores, rangem as portas entreabertas, tilintam as janelas das casas que se mostram, ainda timidamente, para o mundo. Em cada canto e recanto maranhense, corre a notícia de que a terra girou, de que as estações viraram, de que a mudança brotou como um botão de flor, de que as cores vão contaminar os campos e vencer a terra queimada por 50 anos de negatividade.
O Maranhão é um estado pobre. Não somente pela fome, cativa e torturante. Não somente pela detestável desigualdade social que revela as localidades com pior Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do Brasil. Não somente pela brutalidade de indicadores que mostram 83% das casas do estado sem banheiro, 50% sem água, 90% sem esgoto, o maior número de analfabetos por habitante e a menor expectativa de vida em todo o país.
Proporcionalmente à população, em nenhum estado do Brasil morrem mais crianças do que no Maranhão, a média é quase o dobro da nacional. O número de homicídios na Região Metropolitana se São Luís, cresceu mais de 60%, somente na última gestão de Roseana Sarney. O Maranhão é pobre não somente pela miséria de sua gente, mas, sobretudo por um governo rico e miserável. O PIB do estado cresceu 15,3% entre 2010 e 2011, no entanto a desigualdade é brutal.
Quando chamado a explicar-se, José Sarney acusa adversários de só falarem mal do Maranhão: “Coitado do nosso estado, é difamado, insultado, vilipendiado e manchado no seu conceito. O que para nós era e é motivo de orgulho, tornou-se vilipêndio”.
A oligarquia Sarney, que deixa o poder nesse domingo, cinco de outubro de 2014, enclausura o estado desde 1966, como uma ferida coronelista e purulenta aberta no peito de um país que é atualmente a sexta economia do mundo e uma das maiores democracias existentes. Filho da ditadura militar em pleno Brasil do século XXI, o espectro capataz e cruel que rege o Maranhão assenta seu trono sobre um piso de perseguições, ameaças, grilagens, assassinatos, mentiras, fraudes, propinas, abusos e arbitrariedades de toda a sorte que se possa considerar. Termina nesse domingo a hegemonia do último coronel de barranco brasileiro.
O império está ruindo sobre as bases apodrecidas de intermináveis escândalos de corrupção e sobre a ignomínia de absurdos como a licitação pública para a compra de lagosta e champanhe para a residência oficial da governadora Roseana Sarney e seus pares aristocratas em meio à crise das cabeças rolando no presídio de Pedrinhas.
O cabresto estatal do Maranhão tem segurado à mão forte as tentativas de reação do povo organizado. Além de coagir violentamente o judiciário e o legislativo, o sistema oligárquico é dono das principais emissoras de televisão, rádio e dos principais jornais do estado, costurando continuamente as bocas daqueles que têm a verdade para ser dita.
Um exemplo da desproporcionalidade de forças no Maranhão foi o golpe que cassou o mandato do governador eleito Jackson Lago (PDT), em 2009, devolvendo o poder aos Sarney e à candidata que não foi eleita pelo povo. Outro exemplo são os indícios de fraude na apuração dos votos das eleições de 2010, quando a vitória da mesma candidata sobre Flávio Dino (PCdoB) apresentou diferença de 0,03%, com a confusão de urnas desaparecidas, tumultos, denúncias de compras de voto e outras situações obscuras.
A emancipação do Maranhão, no entanto, tornou-se um sonho cada vez mais forte, um brado, um ideal, uma luta contagiante que floresceu, principalmente, entre a juventude do estado. Assim como em outras revoluções pelo mundo, como a primavera árabe de 2011, as mobilizações do Chile pela educação pública e as manifestações brasileiras de 2013. O levante maranhense que está derrotando o rei tem os jovens como seus grandes protagonistas e principais formadores de opinião. Muito se deve às próprias condições objetivas da juventude do estado, com poucas oportunidades, desemprego e ausência total de políticas públicas específicas. Não são poucas as escolas que funcionam em contêineres ou casas de taipa ou campis da Universidade Estadual em chão de terra batida.
Outro fator que justifica a força dos jovens nessa virada é a grande identificação com Flávio Dino, que voltou ao pleito em 2014 para representar os ideais da juventude, têm em seu DNA os mesmos ideais que movem dia após dia, milhares de militantes da União da Juventude Socialista. Flavio iniciou a sua trajetória militante no movimento estudantil a partir do grêmio da sua escola em São Luís, lutou pela redemocratização do Brasil, foi do DCE da Universidade Federal do Maranhão (UFMA) e da União Nacional dos Estudantes. Aos 18 anos, foi aprovado em primeiro lugar no exame de ingresso para o curso de Direito da UFMA. Aos 23, foi selecionado – também em primeiro lugar – para o cargo de Juiz Federal.
Nesse sentido, é absolutamente significativo que o crescimento do candidato nas pesquisas de intenção de voto tenha sido identificado, primeiramente, entre os mais jovens, o melhor desempenho de Flávio segundo as pesquisas é entre os mais jovens, sendo essa a parcela da população que tracionou a campanha e abriu passagem para que o sentimento de libertação se espalhasse por todo o estado. A juventude brasileira, que já enfrentou o nazi-fascismo no país durante a segunda guerra mundial, que resistiu a duas décadas de ditadura, que lutou e conquistou a redemocratização é exatamente a juventude que agora põe fim à última dinastia de castas em um estado da federação brasileira.
Quis o destino e a trajetória de lutas construída pelo povo, que o primeiro governador do Partido Comunista do Brasil (PCdoB), seja eleito sob tais condições. Festejamos mais uma vez o vigor no auge dos 30 anos da UJS, para que todas as pessoas possam presenciar esse acontecimento tão importante para a redenção do povo maranhense e brasileiro.
A luta, contudo, não tem se mostrado fácil. O colapso do reino tem levado à radicalização no uso da violência e da intimidação, como nos espasmos bestiais de um predador que não fará mais suas presas. A UJS foi vítima dessas ofensivas, como na manifestação contra a corrupção realizada no dia 12 de setembro, quando jovens militantes foram alvejados por rojões e agredidos pela Polícia Militar do estado, incitada pela voz de membros do clã Sarney. As entidades de juventude também têm sido atacadas pela imprensa sarneysta, desqualificadas, caluniadas em um teatro patético encenado por aqueles que enxergam cada vez mais próxima a porta de saída do Palácio dos Leões.
A investida contra a UJS e contra os jovens maranhenses não afastará a entidade de suas convicções e lutas a favor da democracia no Brasil. Ao longo da história, foram muitos os que tentaram calar tentar os jovens brasileiros, mas nenhum o que conseguiu abalar a sua convicção e o seu poder de transformar toda uma sociedade.
Venta no Maranhão. Movem-se as nuvens e, entre os raios de sol que se aproximam, um estado pobre descobre que, na verdade, também possui em si as maiores riquezas possíveis. Brilham os olhos daqueles que só olhavam para baixo, erguem-se os sonhos, vertem as lágrimas de um sonho bom, do sonho da liberdade. Ao largo, cresce o som de um grito, de um burburinho em algum lugar por perto. É a promessa do festejo, o cheiro do dia novo, a expectativa do encontro colorido de um povo consigo próprio, o anúncio da mudança pelas asas de uma ave que gorjeia ao retornar para sua terra. Temos a certeza de que estamos presenciando o renascimento, tal qual a Fênix, de um novo Maranhão.
Quem retorna é o Maranhão de Gonçalves Dias e Aluízio Azevedo, o Maranhão do Bumba Meu Boi e do Tambor de Crioula, o Maranhão do Reggae de São Luís e do São João no interior, o Maranhão dos monumentais Lençóis e do Delta do Parnaíba, o Maranhão do Arroz de Cuxá, das maravilhosas frutas, pescados e sabores diversos, o Maranhão de quem bate no peito e tem orgulho, o Maranhão do Brasil, de todas e todos os brasileiros.
Sob o calor inclemente de 40 graus, abrimos os braços e damos boas vindas à primavera.
Saudações da juventude.
São Luís, quatro de outubro de 2014
* Thays Campos é presidenta da União da Juventude Socialista de São Luís; Renan Alencar é presidente nacional da União da Juventude Socialista (UJS).
Quando chamado a explicar-se, José Sarney acusa adversários de só falarem mal do Maranhão: “Coitado do nosso estado, é difamado, insultado, vilipendiado e manchado no seu conceito. O que para nós era e é motivo de orgulho, tornou-se vilipêndio”.
A oligarquia Sarney, que deixa o poder nesse domingo, cinco de outubro de 2014, enclausura o estado desde 1966, como uma ferida coronelista e purulenta aberta no peito de um país que é atualmente a sexta economia do mundo e uma das maiores democracias existentes. Filho da ditadura militar em pleno Brasil do século XXI, o espectro capataz e cruel que rege o Maranhão assenta seu trono sobre um piso de perseguições, ameaças, grilagens, assassinatos, mentiras, fraudes, propinas, abusos e arbitrariedades de toda a sorte que se possa considerar. Termina nesse domingo a hegemonia do último coronel de barranco brasileiro.
O império está ruindo sobre as bases apodrecidas de intermináveis escândalos de corrupção e sobre a ignomínia de absurdos como a licitação pública para a compra de lagosta e champanhe para a residência oficial da governadora Roseana Sarney e seus pares aristocratas em meio à crise das cabeças rolando no presídio de Pedrinhas.
O cabresto estatal do Maranhão tem segurado à mão forte as tentativas de reação do povo organizado. Além de coagir violentamente o judiciário e o legislativo, o sistema oligárquico é dono das principais emissoras de televisão, rádio e dos principais jornais do estado, costurando continuamente as bocas daqueles que têm a verdade para ser dita.
Um exemplo da desproporcionalidade de forças no Maranhão foi o golpe que cassou o mandato do governador eleito Jackson Lago (PDT), em 2009, devolvendo o poder aos Sarney e à candidata que não foi eleita pelo povo. Outro exemplo são os indícios de fraude na apuração dos votos das eleições de 2010, quando a vitória da mesma candidata sobre Flávio Dino (PCdoB) apresentou diferença de 0,03%, com a confusão de urnas desaparecidas, tumultos, denúncias de compras de voto e outras situações obscuras.
A emancipação do Maranhão, no entanto, tornou-se um sonho cada vez mais forte, um brado, um ideal, uma luta contagiante que floresceu, principalmente, entre a juventude do estado. Assim como em outras revoluções pelo mundo, como a primavera árabe de 2011, as mobilizações do Chile pela educação pública e as manifestações brasileiras de 2013. O levante maranhense que está derrotando o rei tem os jovens como seus grandes protagonistas e principais formadores de opinião. Muito se deve às próprias condições objetivas da juventude do estado, com poucas oportunidades, desemprego e ausência total de políticas públicas específicas. Não são poucas as escolas que funcionam em contêineres ou casas de taipa ou campis da Universidade Estadual em chão de terra batida.
Outro fator que justifica a força dos jovens nessa virada é a grande identificação com Flávio Dino, que voltou ao pleito em 2014 para representar os ideais da juventude, têm em seu DNA os mesmos ideais que movem dia após dia, milhares de militantes da União da Juventude Socialista. Flavio iniciou a sua trajetória militante no movimento estudantil a partir do grêmio da sua escola em São Luís, lutou pela redemocratização do Brasil, foi do DCE da Universidade Federal do Maranhão (UFMA) e da União Nacional dos Estudantes. Aos 18 anos, foi aprovado em primeiro lugar no exame de ingresso para o curso de Direito da UFMA. Aos 23, foi selecionado – também em primeiro lugar – para o cargo de Juiz Federal.
Nesse sentido, é absolutamente significativo que o crescimento do candidato nas pesquisas de intenção de voto tenha sido identificado, primeiramente, entre os mais jovens, o melhor desempenho de Flávio segundo as pesquisas é entre os mais jovens, sendo essa a parcela da população que tracionou a campanha e abriu passagem para que o sentimento de libertação se espalhasse por todo o estado. A juventude brasileira, que já enfrentou o nazi-fascismo no país durante a segunda guerra mundial, que resistiu a duas décadas de ditadura, que lutou e conquistou a redemocratização é exatamente a juventude que agora põe fim à última dinastia de castas em um estado da federação brasileira.
Quis o destino e a trajetória de lutas construída pelo povo, que o primeiro governador do Partido Comunista do Brasil (PCdoB), seja eleito sob tais condições. Festejamos mais uma vez o vigor no auge dos 30 anos da UJS, para que todas as pessoas possam presenciar esse acontecimento tão importante para a redenção do povo maranhense e brasileiro.
A luta, contudo, não tem se mostrado fácil. O colapso do reino tem levado à radicalização no uso da violência e da intimidação, como nos espasmos bestiais de um predador que não fará mais suas presas. A UJS foi vítima dessas ofensivas, como na manifestação contra a corrupção realizada no dia 12 de setembro, quando jovens militantes foram alvejados por rojões e agredidos pela Polícia Militar do estado, incitada pela voz de membros do clã Sarney. As entidades de juventude também têm sido atacadas pela imprensa sarneysta, desqualificadas, caluniadas em um teatro patético encenado por aqueles que enxergam cada vez mais próxima a porta de saída do Palácio dos Leões.
A investida contra a UJS e contra os jovens maranhenses não afastará a entidade de suas convicções e lutas a favor da democracia no Brasil. Ao longo da história, foram muitos os que tentaram calar tentar os jovens brasileiros, mas nenhum o que conseguiu abalar a sua convicção e o seu poder de transformar toda uma sociedade.
Venta no Maranhão. Movem-se as nuvens e, entre os raios de sol que se aproximam, um estado pobre descobre que, na verdade, também possui em si as maiores riquezas possíveis. Brilham os olhos daqueles que só olhavam para baixo, erguem-se os sonhos, vertem as lágrimas de um sonho bom, do sonho da liberdade. Ao largo, cresce o som de um grito, de um burburinho em algum lugar por perto. É a promessa do festejo, o cheiro do dia novo, a expectativa do encontro colorido de um povo consigo próprio, o anúncio da mudança pelas asas de uma ave que gorjeia ao retornar para sua terra. Temos a certeza de que estamos presenciando o renascimento, tal qual a Fênix, de um novo Maranhão.
Quem retorna é o Maranhão de Gonçalves Dias e Aluízio Azevedo, o Maranhão do Bumba Meu Boi e do Tambor de Crioula, o Maranhão do Reggae de São Luís e do São João no interior, o Maranhão dos monumentais Lençóis e do Delta do Parnaíba, o Maranhão do Arroz de Cuxá, das maravilhosas frutas, pescados e sabores diversos, o Maranhão de quem bate no peito e tem orgulho, o Maranhão do Brasil, de todas e todos os brasileiros.
Sob o calor inclemente de 40 graus, abrimos os braços e damos boas vindas à primavera.
Saudações da juventude.
São Luís, quatro de outubro de 2014
* Thays Campos é presidenta da União da Juventude Socialista de São Luís; Renan Alencar é presidente nacional da União da Juventude Socialista (UJS).
3 comentários:
Bem vinda a primavera com todos os seus perfumes.
Lindo texto! Salve a Primavera do Maranhão!
Gostei muito do texto. Sinto que meu estado vai crescer e superar o atraso, finalmente. Seremos motivo de orgulho para o Brasil.
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