Quem será que Marina vai tirar para dançar no segundo turno? Alguém tinha ou ainda tem alguma dúvida?
Faz três dias, desde a abertura das urnas no domingo, só se fala disso. A protagonista do segundo turno até agora é Marina Silva, a terceira colocada, que ficou fora dele. Apesar de estar sendo "intimada" pela velha mídia familiar e partidária a declarar logo seu apoio ao tucano Aécio Neves, ela está se fazendo de difícil e alimentando o suspense para valorizar o passe.
A ex-senadora, ex-ministra e agora ex-candidata, ainda está discutindo com suas equipes da Rede e do PSB os termos do acordo com o PSDB, e só deve proclamar o resultado das negociações nesta quinta-feira, mesmo dia em que devem sair as primeiras pesquisas do Ibope e do Datafolha no segundo turno - dentro das margens de erro, é claro. Pode ser tarde demais. Dependendo da margem de erro, que alguns pândegos já estão querendo aumentar para 40%, para cima ou para baixo, você pode estar chegando ao Guarujá ou indo para a PQP (distrito de Ponte Que Partiu).
Trancada num apartamento da agora mística Vila Nova Conceição, bem longe da floresta, onde recebe seus seguidores para ajuda-la a refletir sobre os rumos do novo Caminho de Santiago, enquanto os tucanos e a mídia amiga fazem contas para descobrir quantos votos, afinal, Marina poderá transferir a Aécio, todos se esquecem de um outro eleitorado, bem maior do que o dela: é o dos 38,7 milhões de "não votos", a soma dos brancos, nulos e das abstenções no último domingo.
São quatro milhões de votos a mais do que os recebidos por Aécio Neves (34,8 milhões). Num universo de 143 milhões de eleitores, Dilma ficou com 43,2 milhões de votos e Marina teve perto da metade (22,1 milhões), pouco mais do que conseguiu quando foi a grande zebra da eleição de 2010.
É este enorme contingente de não votantes, eleitores que resolveram ficar fora do jogo e não escolheram ninguém no primeiro turno, que poderá ser decisivo no segundo, e ninguém parece dar muita importância a isso.
Se eu fosse marqueteiro ou cientista político, estaria mais preocupado com o destino destes "não votos" do que com os de Marina, a líder da "nova política", que não tem propriamente currais eleitorais nem eleitores de cabresto, ao menos que eu saiba, para estar se comportando como Getúlio Vargas ao fazer suspense na hora anunciar se o Brasil entraria na Segunda Guerra Mundial ao lado dos alemães ou dos americanos, dentro das margens de erro de uns 5 mil quilômetros, para mais ou para menos, nas frentes de combate.
Nesta troca de balas perdidas, Aécio também deveria se preocupar mais com o que anda falando seu mentor Fernando Henrique Cardoso, cada vez mais sociólogo e menos ex-presidente. O fogo amigo é sempre perigoso. Ao jogar esta semana os ricos letrados do Sul Maravilha contra os desinformados pobres do Nordeste Atrasado, FHC dá a impressão de não estar lendo nem os veículos da mídia amiga e com problemas de localização geográfica. Afinal, Minas Gerais e Rio de Janeiro, onde Dilma ganhou com folga, não ficam propriamente nos grotões nordestinos.
É preciso alguém levar dados atualizados ao ex-presidente. As coisas mudaram: noticiário da Folha desta terça-feira, escondido num canto de página, mostra que o PIB do Nordeste continua crescendo mais do que o do resto do Brasil, como vem acontecendo nos últimos 12 anos.
De acordo com os números mais recentes do Banco Central, a economia nordestina cresceu 2,55% no segundo trimestre do ano, na comparação com o primeiro, que já havia registrado 2,12% de expansão. "Nenhuma das demais regiões obteve dois trimestres consecutivos de alta, e as taxas, mesmo quando positivas, foram bem mais modestas", informa o jornal, que não pode ser taxado de petista.
Mais: segundo o IBGE, a economia do Brasil encolheu 0,2% de janeiro a março e 0,6% de abril a junho. Assim, mais do que qualquer outro fator ou argumento calcado em velhos preconceitos, são estes números que podem ajudar o sociólogo a entender as razões das vitórias de Dilma no Norte-Nordeste, em Minas e no Rio, que lhe deram uma vantagem de quase 9 milhões de votos sobre Aécio, apesar da acachapante derrota do PT em São Paulo.
Ah, antes que eu me esqueça. Enquanto o mundo político ficava ocupado com acordos, delações premiadas e pajelanças em geral, no mundo real o ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal, aquele do topetão jeitoso, aproveitou a trégua eleitoral para dar a módica ajuda moradia no valor de R$ 4.377 mensais para todos os juízes e procuradores, o que vai nos custar mais de R$ 1 bilhão por ano.
Na hora de votar, também é bom pensar nestas coisas. Afinal, de um jeito ou de outro, aconteça o que acontecer dia 26, a vida continua.
Faz três dias, desde a abertura das urnas no domingo, só se fala disso. A protagonista do segundo turno até agora é Marina Silva, a terceira colocada, que ficou fora dele. Apesar de estar sendo "intimada" pela velha mídia familiar e partidária a declarar logo seu apoio ao tucano Aécio Neves, ela está se fazendo de difícil e alimentando o suspense para valorizar o passe.
A ex-senadora, ex-ministra e agora ex-candidata, ainda está discutindo com suas equipes da Rede e do PSB os termos do acordo com o PSDB, e só deve proclamar o resultado das negociações nesta quinta-feira, mesmo dia em que devem sair as primeiras pesquisas do Ibope e do Datafolha no segundo turno - dentro das margens de erro, é claro. Pode ser tarde demais. Dependendo da margem de erro, que alguns pândegos já estão querendo aumentar para 40%, para cima ou para baixo, você pode estar chegando ao Guarujá ou indo para a PQP (distrito de Ponte Que Partiu).
Trancada num apartamento da agora mística Vila Nova Conceição, bem longe da floresta, onde recebe seus seguidores para ajuda-la a refletir sobre os rumos do novo Caminho de Santiago, enquanto os tucanos e a mídia amiga fazem contas para descobrir quantos votos, afinal, Marina poderá transferir a Aécio, todos se esquecem de um outro eleitorado, bem maior do que o dela: é o dos 38,7 milhões de "não votos", a soma dos brancos, nulos e das abstenções no último domingo.
São quatro milhões de votos a mais do que os recebidos por Aécio Neves (34,8 milhões). Num universo de 143 milhões de eleitores, Dilma ficou com 43,2 milhões de votos e Marina teve perto da metade (22,1 milhões), pouco mais do que conseguiu quando foi a grande zebra da eleição de 2010.
É este enorme contingente de não votantes, eleitores que resolveram ficar fora do jogo e não escolheram ninguém no primeiro turno, que poderá ser decisivo no segundo, e ninguém parece dar muita importância a isso.
Se eu fosse marqueteiro ou cientista político, estaria mais preocupado com o destino destes "não votos" do que com os de Marina, a líder da "nova política", que não tem propriamente currais eleitorais nem eleitores de cabresto, ao menos que eu saiba, para estar se comportando como Getúlio Vargas ao fazer suspense na hora anunciar se o Brasil entraria na Segunda Guerra Mundial ao lado dos alemães ou dos americanos, dentro das margens de erro de uns 5 mil quilômetros, para mais ou para menos, nas frentes de combate.
Nesta troca de balas perdidas, Aécio também deveria se preocupar mais com o que anda falando seu mentor Fernando Henrique Cardoso, cada vez mais sociólogo e menos ex-presidente. O fogo amigo é sempre perigoso. Ao jogar esta semana os ricos letrados do Sul Maravilha contra os desinformados pobres do Nordeste Atrasado, FHC dá a impressão de não estar lendo nem os veículos da mídia amiga e com problemas de localização geográfica. Afinal, Minas Gerais e Rio de Janeiro, onde Dilma ganhou com folga, não ficam propriamente nos grotões nordestinos.
É preciso alguém levar dados atualizados ao ex-presidente. As coisas mudaram: noticiário da Folha desta terça-feira, escondido num canto de página, mostra que o PIB do Nordeste continua crescendo mais do que o do resto do Brasil, como vem acontecendo nos últimos 12 anos.
De acordo com os números mais recentes do Banco Central, a economia nordestina cresceu 2,55% no segundo trimestre do ano, na comparação com o primeiro, que já havia registrado 2,12% de expansão. "Nenhuma das demais regiões obteve dois trimestres consecutivos de alta, e as taxas, mesmo quando positivas, foram bem mais modestas", informa o jornal, que não pode ser taxado de petista.
Mais: segundo o IBGE, a economia do Brasil encolheu 0,2% de janeiro a março e 0,6% de abril a junho. Assim, mais do que qualquer outro fator ou argumento calcado em velhos preconceitos, são estes números que podem ajudar o sociólogo a entender as razões das vitórias de Dilma no Norte-Nordeste, em Minas e no Rio, que lhe deram uma vantagem de quase 9 milhões de votos sobre Aécio, apesar da acachapante derrota do PT em São Paulo.
Ah, antes que eu me esqueça. Enquanto o mundo político ficava ocupado com acordos, delações premiadas e pajelanças em geral, no mundo real o ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal, aquele do topetão jeitoso, aproveitou a trégua eleitoral para dar a módica ajuda moradia no valor de R$ 4.377 mensais para todos os juízes e procuradores, o que vai nos custar mais de R$ 1 bilhão por ano.
Na hora de votar, também é bom pensar nestas coisas. Afinal, de um jeito ou de outro, aconteça o que acontecer dia 26, a vida continua.
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