Por Valter Pomar, no jornal Brasil de Fato:
Dilma Rousseff foi eleita, mas a direita esteve perto de recuperar a Presidência. O complexo cenário pós-eleitoral é agravado pela correlação de forças no Congresso, pelos múltiplos efeitos da Operação Lava Jato e pela ofensiva permanente dos derrotados, que mantem intensa pressão política e midiática em favor da aplicação do programa derrotado nas urnas.
Frente a tudo isto, a presidenta Dilma Rousseff tinha três opções fundamentais. A primeira opção seria aplicar integral e imediatamente o programa vitorioso no segundo turno da campanha presidencial. A segunda opção seria fazer mediações entre o programa vitorioso nas eleições presidenciais e, de outro lado, as debilidades do campo popular, o poderio demonstrado pela oposição de direita, as taxas de infidelidade na chamada base de governo e as circunstâncias difíceis deste início de mandato. A terceira opção seria fazer concessões programáticas aos que perderam a eleição.
A presidenta optou por este terceiro caminho: uma política econômica de ajuste fiscal através de medidas recessivas. Um tipo de concessão que contamina todo o governo, todas as políticas públicas, o conjunto da economia, da sociedade e da política brasileira.
O Brasil necessita de outro tipo de política econômica e de “ajuste fiscal”: para promover o desenvolvimento e a reindustrialização, uma reforma tributária progressiva, a redução da taxa de juros e do serviço da dívida, transferindo recursos da especulação para a produção, da minoria rica para a maioria trabalhadora.
Nelson Barbosa e Joaquim Levy dizem levar em consideração certos limites impostos pela presidenta. Mas os seguidos aumentos da taxa de juros; o veto ao reajuste da tabela do IR; as medidas previstas nas MP 664 e 665; a decisão de não vetar o artigo 143 da Medida Provisória 656/2014, que permite investimentos estrangeiros nos serviços de saúde; e a proposta de abertura do capital da Caixa Econômica Federal, revelam que aqueles limites estão sendo atropelados ou são demasiado largos.
A opção presidencial por uma política econômica de ajuste fiscal através de medidas recessivas está tornando a situação mais perigosa do que já seria em qualquer caso. Uma tempestade perfeita que inclui uma situação internacional tensa; os efeitos das medidas recessivas citadas; uma oposição belicosa; uma mídia golpista; demandas políticas e sociais pendentes, especialmente de políticas urbanas e agrárias; importantes movimentos sociais, como a CUT, convocando mobilizações contra as medidas do governo; dúvidas, confusão e conflitos em segmentos crescentes da base eleitoral, social e militante que elegeu a presidenta Dilma.
Sabiamos que o segundo mandato Dilma Rousseff seria um governo em disputa, onde se faria necessária forte mobilização, tanto para apoiar o governo contra a direita e o grande capital, quanto para enfrentar determinadas políticas resultantes de um governo de coalizão. Mas a opção por uma política econômica de ajuste fiscal através de medidas recessivas muda perigosamente os termos da equação. Pois uma coisa é mobilizar contra aspectos da política do governo, ao mesmo tempo em que se concorda com o fundamental; outra coisa profundamente diferente é mobilizar contra aspectos fundamentais da política do governo.
Ademais, não estamos em 2002, 2006 ou 2010. Na correlação de forças de 2015-2018, pequenas defecções em nossa base podem nos levar a uma derrota global.
Implementar mesmo que parcialmente o programa dos derrotados na eleição contribui para confundir e desorganizar as forças que venceram as eleições presidenciais de 2014, facilita as operações de sabotagem implementadas pela oposição de direita e também por setores da base do governo, não ajuda a bloquear eventuais tentativas de interromper nosso mandato, além de criar um ambiente favorável aos que desejam nos derrotar nas eleições de 2016 e 2018.
Assim, a sobrevivência da esquerda brasileira exige mudança de estratégia. Há meios para isto. Resta saber se há tempo e vontade.
Dilma Rousseff foi eleita, mas a direita esteve perto de recuperar a Presidência. O complexo cenário pós-eleitoral é agravado pela correlação de forças no Congresso, pelos múltiplos efeitos da Operação Lava Jato e pela ofensiva permanente dos derrotados, que mantem intensa pressão política e midiática em favor da aplicação do programa derrotado nas urnas.
Frente a tudo isto, a presidenta Dilma Rousseff tinha três opções fundamentais. A primeira opção seria aplicar integral e imediatamente o programa vitorioso no segundo turno da campanha presidencial. A segunda opção seria fazer mediações entre o programa vitorioso nas eleições presidenciais e, de outro lado, as debilidades do campo popular, o poderio demonstrado pela oposição de direita, as taxas de infidelidade na chamada base de governo e as circunstâncias difíceis deste início de mandato. A terceira opção seria fazer concessões programáticas aos que perderam a eleição.
A presidenta optou por este terceiro caminho: uma política econômica de ajuste fiscal através de medidas recessivas. Um tipo de concessão que contamina todo o governo, todas as políticas públicas, o conjunto da economia, da sociedade e da política brasileira.
O Brasil necessita de outro tipo de política econômica e de “ajuste fiscal”: para promover o desenvolvimento e a reindustrialização, uma reforma tributária progressiva, a redução da taxa de juros e do serviço da dívida, transferindo recursos da especulação para a produção, da minoria rica para a maioria trabalhadora.
Nelson Barbosa e Joaquim Levy dizem levar em consideração certos limites impostos pela presidenta. Mas os seguidos aumentos da taxa de juros; o veto ao reajuste da tabela do IR; as medidas previstas nas MP 664 e 665; a decisão de não vetar o artigo 143 da Medida Provisória 656/2014, que permite investimentos estrangeiros nos serviços de saúde; e a proposta de abertura do capital da Caixa Econômica Federal, revelam que aqueles limites estão sendo atropelados ou são demasiado largos.
A opção presidencial por uma política econômica de ajuste fiscal através de medidas recessivas está tornando a situação mais perigosa do que já seria em qualquer caso. Uma tempestade perfeita que inclui uma situação internacional tensa; os efeitos das medidas recessivas citadas; uma oposição belicosa; uma mídia golpista; demandas políticas e sociais pendentes, especialmente de políticas urbanas e agrárias; importantes movimentos sociais, como a CUT, convocando mobilizações contra as medidas do governo; dúvidas, confusão e conflitos em segmentos crescentes da base eleitoral, social e militante que elegeu a presidenta Dilma.
Sabiamos que o segundo mandato Dilma Rousseff seria um governo em disputa, onde se faria necessária forte mobilização, tanto para apoiar o governo contra a direita e o grande capital, quanto para enfrentar determinadas políticas resultantes de um governo de coalizão. Mas a opção por uma política econômica de ajuste fiscal através de medidas recessivas muda perigosamente os termos da equação. Pois uma coisa é mobilizar contra aspectos da política do governo, ao mesmo tempo em que se concorda com o fundamental; outra coisa profundamente diferente é mobilizar contra aspectos fundamentais da política do governo.
Ademais, não estamos em 2002, 2006 ou 2010. Na correlação de forças de 2015-2018, pequenas defecções em nossa base podem nos levar a uma derrota global.
Implementar mesmo que parcialmente o programa dos derrotados na eleição contribui para confundir e desorganizar as forças que venceram as eleições presidenciais de 2014, facilita as operações de sabotagem implementadas pela oposição de direita e também por setores da base do governo, não ajuda a bloquear eventuais tentativas de interromper nosso mandato, além de criar um ambiente favorável aos que desejam nos derrotar nas eleições de 2016 e 2018.
Assim, a sobrevivência da esquerda brasileira exige mudança de estratégia. Há meios para isto. Resta saber se há tempo e vontade.
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