Por Maurício Dias, na revista CartaCapital:
Sob alto patrocínio do PSDB, a manifestação do dia 16 de agosto, marcada para acontecer em diversas cidades do País, marchará com aquele já conhecido leque difuso de objetivos. Que ninguém se surpreenda, portanto, com a velha inscrição no estandarte, onde se apela para o retorno da ditadura militar. O movimento, composto de cidadãos que transitam do conservadorismo ao reacionarismo, será sustentado, mais uma vez, por estratos sociais do topo da pirâmide de classes.
Caso os integrantes da base dessa pirâmide, formada por uma imensa maioria de pobres e remediados, passem nas imediações do movimento, vai ver tudo com certa perplexidade. Quem sois? Há diferenças marcantes entre o Brasil de cima e o Brasil de baixo. Ao contrário dos manifestantes, os passantes ocasionais não terão ódio nos olhos. Estarão mais preocupados com a crise econômica, para eles traduzida em inflação e desemprego, precedente à crise política forjada no oportunismo. Essa marcha será um marco. Lance importante para os objetivos presidenciais de Aécio Neves. A única chance dele é a queda de Dilma. Imediatamente.
Os movimentos sociais não se formam por combustão espontânea. Por isso ele, derrotado na eleição presidencial de 2014, tornou-se porta-voz político da marcha anunciada, parte do golpe contra Dilma camuflado pelo mecanismo do impeachment.
Nos últimos dias, na discussão desse tema teve sempre presente o senador Aécio Neves, como ocorreu no encontro realizado na casa do senador tucano Tasso Jereissati. “O clima era de conspiração”, revelou um dos presentes ao jornal O Globo, de 7 de agosto. Aécio estava lá. Quase tudo se assemelha a uma repetição farsante do movimento civil-militar de 1964 que depôs o presidente João Goulart.
Carlos Lacerda, governador do extinto estado da Guanabara, era a expressão máxima da oposição naquela época. Há uma grande distância no tempo. A distância, porém, não supera a presença da ambição pelo poder a qualquer preço, comum a Lacerda e a Aécio.
Aécio Neves acredita que um incêndio no País pode levá-lo à Presidência da República. Pós-golpe, Lacerda, candidato antecipado à eleição para presidente, marcada para 1965, pensava o mesmo e acabou cassado. Golpes e revoluções costumam engolir seus líderes. Há também diferenças entre a composição dos dois movimentos, distantes um do outro. Os militares, atuantes em 1964, estão nos quartéis. Como convém. No plano pessoal, existem também diferenças entre um e outro.
Lacerda era apelidado de “Corvo”. Alguém, se quiser, pode batizar Aécio de “Abutre”. Essa ave, como se sabe, sacia-se da carniça. Sobrevoa a vítima. Sangrar foi, até agora, o comportamento da oposição diante de um governo sufocado pela impopularidade. Assim, o Abutre prepara o ataque final. No plano pessoal, Lacerda emergiu como orador culto e brilhante. Aécio, ao contrário, é opaco e carece de maiores recursos intelectuais.
Aécio não irá à passeata. Acompanhará pela televisão. Vez por outra, olhará os passantes do alto da cobertura onde mora, nos limites do Leblon e Ipanema, bairros elegantes da zona sul carioca. Estará preocupado em medir o resultado da marcha. Ele não meditará sobre a fantasmagórica questão que assusta os golpistas no momento do golpe: “Sempre se sabe como começa, e nunca como termina”.
Caso os integrantes da base dessa pirâmide, formada por uma imensa maioria de pobres e remediados, passem nas imediações do movimento, vai ver tudo com certa perplexidade. Quem sois? Há diferenças marcantes entre o Brasil de cima e o Brasil de baixo. Ao contrário dos manifestantes, os passantes ocasionais não terão ódio nos olhos. Estarão mais preocupados com a crise econômica, para eles traduzida em inflação e desemprego, precedente à crise política forjada no oportunismo. Essa marcha será um marco. Lance importante para os objetivos presidenciais de Aécio Neves. A única chance dele é a queda de Dilma. Imediatamente.
Os movimentos sociais não se formam por combustão espontânea. Por isso ele, derrotado na eleição presidencial de 2014, tornou-se porta-voz político da marcha anunciada, parte do golpe contra Dilma camuflado pelo mecanismo do impeachment.
Nos últimos dias, na discussão desse tema teve sempre presente o senador Aécio Neves, como ocorreu no encontro realizado na casa do senador tucano Tasso Jereissati. “O clima era de conspiração”, revelou um dos presentes ao jornal O Globo, de 7 de agosto. Aécio estava lá. Quase tudo se assemelha a uma repetição farsante do movimento civil-militar de 1964 que depôs o presidente João Goulart.
Carlos Lacerda, governador do extinto estado da Guanabara, era a expressão máxima da oposição naquela época. Há uma grande distância no tempo. A distância, porém, não supera a presença da ambição pelo poder a qualquer preço, comum a Lacerda e a Aécio.
Aécio Neves acredita que um incêndio no País pode levá-lo à Presidência da República. Pós-golpe, Lacerda, candidato antecipado à eleição para presidente, marcada para 1965, pensava o mesmo e acabou cassado. Golpes e revoluções costumam engolir seus líderes. Há também diferenças entre a composição dos dois movimentos, distantes um do outro. Os militares, atuantes em 1964, estão nos quartéis. Como convém. No plano pessoal, existem também diferenças entre um e outro.
Lacerda era apelidado de “Corvo”. Alguém, se quiser, pode batizar Aécio de “Abutre”. Essa ave, como se sabe, sacia-se da carniça. Sobrevoa a vítima. Sangrar foi, até agora, o comportamento da oposição diante de um governo sufocado pela impopularidade. Assim, o Abutre prepara o ataque final. No plano pessoal, Lacerda emergiu como orador culto e brilhante. Aécio, ao contrário, é opaco e carece de maiores recursos intelectuais.
Aécio não irá à passeata. Acompanhará pela televisão. Vez por outra, olhará os passantes do alto da cobertura onde mora, nos limites do Leblon e Ipanema, bairros elegantes da zona sul carioca. Estará preocupado em medir o resultado da marcha. Ele não meditará sobre a fantasmagórica questão que assusta os golpistas no momento do golpe: “Sempre se sabe como começa, e nunca como termina”.
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