Por Wevergton Brito Lima, no site Vermelho:
No último dia 7 de agosto um policial militar de 42 anos, Avenílson Pereira de Oliveira, foi executado com quatro tiros em Osasco, quando estava à paisana, em um posto de gasolina. Não se sabe o motivo do crime, pois os marginais nada levaram do posto.
Menos de uma semana depois, dez pessoas, divididas em três grupos, realizaram uma série de atentados em Osasco e Barueri, na noite de quinta-feira (13), que terminou com 18 mortos e 6 feridos. Os crimes seguiram um padrão: homens encapuzados chegavam em um carro e uma moto, perguntavam quem tinha ficha criminal e atiravam.
Laudos do Instituto de Criminalística confirmaram que estojos e projéteis encontrados nos locais dos atentados pertencem a armas de calibre 38, 380 – ambas de uso da GCM (Guarda Civil Metropolitana); 9 mm – de uso restrito das Forças Armadas e PF (Polícia Federal); e 45 – utilizada pelas polícias federal, militar e civil, reforçando a hipótese de vingança pela morte do policial por parte de colegas da corporação.
Esta é nada menos do que a 11ª chacina ocorrida na região metropolitana de São Paulo, com 71 vítimas fatais, no ano de 2015.
Depois de mais de vinte anos de administração tucana, São Paulo ostenta números que provam uma clara opção por determinada forma de encarar a função da polícia, que reforça estereótipos e preconceitos e parte sempre da exaltação velada da violência contra negros e pobres.
É o estado que mais encarcera pessoas no Brasil. Com apenas 21% da população brasileira, São Paulo tem 36% da população carcerária.
Em 1982, a polícia paulista matou 286 pessoas. Apenas neste primeiro semestre de 2015, já foram 358 mortos, o maior número dos últimos dez anos. Ressalte-se que este número, já muito elevado, não inclui as pessoas mortas por policiais de folga.
O deputado federal Orlando Silva (PCdoB-SP), que foi 1º Vice-Presidente da CPI de Homicídios de Jovens Negros e Pobres, cita dados aterradores: “No Brasil, os homicídios são a principal causa de morte de jovens de 15 a 29 anos, atingindo majoritariamente jovens negros do sexo masculino, baixa escolaridade, moradores das periferias e áreas metropolitanas dos centros urbanos”, em São Paulo a situação é gravíssima, afirma o deputado comunista: “o índice de letalidade da polícia paulista é muito alto, e dobra no caso de jovens e triplica em caso de jovens negros”.
No entanto, para o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, em declaração feita durante a última campanha (2014), quando foi reeleito em primeiro turno “a polícia de São Paulo não é assassina, ela é firme e legalista.”
Ouvido pela CPI do Genocídio, o sr. Joselício Freitas dos Santos Júnior, mais conhecido como Juninho, morador de uma comunidade popular de São Paulo, dá mostras de não concordar com o governador: segue seu depoimento, que foi incluído no relatório final da CPI, recentemente aprovado:
“Os deputados estiveram em territórios esta manhã e perceberam que nós estamos pautados pelo medo. As famílias não querem falar, não querem se expressar, porque têm medo e têm receio de se expressar, porque, logo em seguida, podem ser as próximas vítimas. E nós temos de deixar bem claro que, aqui no estado de São Paulo, quem mata é a polícia, fardada ou através de seus aparatos paramilitares, como os grupos de extermínio que agem nas periferias a partir de pequenos interesses econômicos”.
Temos o palpite de que Juninho não foi à passeata do dia 16 de agosto, na Avenida Paulista. Se fosse teria visto um público que raramente é atingido pela violência policial, pois, segundo o Datafolha, os participantes do ato contra a presidenta Dilma são em geral homens brancos, com curso superior e com renda média muito acima do padrão brasileiro.
Juninho também teria visto cartazes pedindo a volta da ditadura militar, bem como o endeusamento da polícia.
Isto com certeza não explica tudo, mas pode ser uma pista da indiferença do governo tucano diante de uma cultura policial que criminaliza a pobreza através do assassinato impune de cidadãos, principalmente de jovens negros da periferia. O governo Alckmin sabe bem quem de fato ele representa.
No último dia 7 de agosto um policial militar de 42 anos, Avenílson Pereira de Oliveira, foi executado com quatro tiros em Osasco, quando estava à paisana, em um posto de gasolina. Não se sabe o motivo do crime, pois os marginais nada levaram do posto.
Menos de uma semana depois, dez pessoas, divididas em três grupos, realizaram uma série de atentados em Osasco e Barueri, na noite de quinta-feira (13), que terminou com 18 mortos e 6 feridos. Os crimes seguiram um padrão: homens encapuzados chegavam em um carro e uma moto, perguntavam quem tinha ficha criminal e atiravam.
Laudos do Instituto de Criminalística confirmaram que estojos e projéteis encontrados nos locais dos atentados pertencem a armas de calibre 38, 380 – ambas de uso da GCM (Guarda Civil Metropolitana); 9 mm – de uso restrito das Forças Armadas e PF (Polícia Federal); e 45 – utilizada pelas polícias federal, militar e civil, reforçando a hipótese de vingança pela morte do policial por parte de colegas da corporação.
Esta é nada menos do que a 11ª chacina ocorrida na região metropolitana de São Paulo, com 71 vítimas fatais, no ano de 2015.
Depois de mais de vinte anos de administração tucana, São Paulo ostenta números que provam uma clara opção por determinada forma de encarar a função da polícia, que reforça estereótipos e preconceitos e parte sempre da exaltação velada da violência contra negros e pobres.
É o estado que mais encarcera pessoas no Brasil. Com apenas 21% da população brasileira, São Paulo tem 36% da população carcerária.
Em 1982, a polícia paulista matou 286 pessoas. Apenas neste primeiro semestre de 2015, já foram 358 mortos, o maior número dos últimos dez anos. Ressalte-se que este número, já muito elevado, não inclui as pessoas mortas por policiais de folga.
O deputado federal Orlando Silva (PCdoB-SP), que foi 1º Vice-Presidente da CPI de Homicídios de Jovens Negros e Pobres, cita dados aterradores: “No Brasil, os homicídios são a principal causa de morte de jovens de 15 a 29 anos, atingindo majoritariamente jovens negros do sexo masculino, baixa escolaridade, moradores das periferias e áreas metropolitanas dos centros urbanos”, em São Paulo a situação é gravíssima, afirma o deputado comunista: “o índice de letalidade da polícia paulista é muito alto, e dobra no caso de jovens e triplica em caso de jovens negros”.
No entanto, para o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, em declaração feita durante a última campanha (2014), quando foi reeleito em primeiro turno “a polícia de São Paulo não é assassina, ela é firme e legalista.”
Ouvido pela CPI do Genocídio, o sr. Joselício Freitas dos Santos Júnior, mais conhecido como Juninho, morador de uma comunidade popular de São Paulo, dá mostras de não concordar com o governador: segue seu depoimento, que foi incluído no relatório final da CPI, recentemente aprovado:
“Os deputados estiveram em territórios esta manhã e perceberam que nós estamos pautados pelo medo. As famílias não querem falar, não querem se expressar, porque têm medo e têm receio de se expressar, porque, logo em seguida, podem ser as próximas vítimas. E nós temos de deixar bem claro que, aqui no estado de São Paulo, quem mata é a polícia, fardada ou através de seus aparatos paramilitares, como os grupos de extermínio que agem nas periferias a partir de pequenos interesses econômicos”.
Temos o palpite de que Juninho não foi à passeata do dia 16 de agosto, na Avenida Paulista. Se fosse teria visto um público que raramente é atingido pela violência policial, pois, segundo o Datafolha, os participantes do ato contra a presidenta Dilma são em geral homens brancos, com curso superior e com renda média muito acima do padrão brasileiro.
Juninho também teria visto cartazes pedindo a volta da ditadura militar, bem como o endeusamento da polícia.
Isto com certeza não explica tudo, mas pode ser uma pista da indiferença do governo tucano diante de uma cultura policial que criminaliza a pobreza através do assassinato impune de cidadãos, principalmente de jovens negros da periferia. O governo Alckmin sabe bem quem de fato ele representa.
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