Por Tereza Cruvinel, em seu blog:
No teatro da crise, Dilma fez o gesto que precisava fazer nesta quinta-feira. O ministro Levy se queixara de isolamento, o mercado e até a mídia internacional especulavam com sua saída, explicitando que se isso acontecesse o Brasil desceria mais um patamar na crise. Ela afagou Levy com elogios públicos e providenciou a reunião com ele, Barbosa e Mercadante para explicitar seu decidido apoio à permanência do ministro da Fazenda. Mercadante e Edinho Silva rasgaram elogios complementares. Levy finalmente pegou um avião para a Turquia, depois de ter até cancelada a participação na reunião de ministros do G20. Com seu “fico” e o gesto de Dilma, o dólar fechou em ligeira baixa e a bolsa subiu dois pontos.
Quando voltar da viagem é que ele saberá se o combinado na reunião é para valer. Se Dilma vai ouvi-lo mais ou continuará dando mais ouvidos à dupla Mercadante-Nelson Barbosa. Contra Levy, eles ganharam a disputa pela apresentação de um orçamento com déficit ao Congresso. Pelas reações, Levy tinha razão. Ainda que o governo não tivesse como apresentar uma peça com o prometido superávit de 0,7% no prazo constitucional (31 de agosto), Dilma poderia ter mandado uma mensagem ao Congresso dizendo que, até a data da votação, o governo tentaria equilibrar as contas, cortando gastos e buscando receitas. Teria se livrado da acusação de ter empurrado o problema para o Congresso. É este discurso que Levy deseja ver adotado agora. O de que o governo tratará, ele mesmo, de encontrar meios para equilibrar as contas e de aproximar-se o máximo possível do superávit de 0,7.
Ele se queixou muito dos “sinais contraditórios” que o governo estaria emitindo em relação à política fiscal, decorrentes das quedas de braço internas que ele perde. Esta não foi a única. Sem coerência, não haverá credibilidade, e isso é o que mais falta ao governo hoje, disse ele. Em sua declaração Mercadante falou em unidade e harmonia da equipe. O próprio Levy nada declarou. Só em sua volta da viagem (ele ainda fará uma escola em Paris para encontros com investidores), Levy saberá se o combinado será honrado, se disporá de conforto e força para continuar no governo. Embora tenha reagido positivamente ao esforço de Dilma, o mercado também entendeu isso. O jogo continua.
Lula e o PT na outra margem
A permanência de Levy no governo coloca Dilma entre dois fogos. De um lado, as forças do mercado explicitando que, se ele sair, a desconfiança subirá, alimentando a crise. De outro, a articulação crescente dos aliados políticos de esquerda contra a política econômica que ele conduz.
Neste sábado, o lançamento da Frente Brasil Popular, em Belo Horizonte, vai se transformar numa manifestação de apoio a Dilma e à legalidade mas de críticas à política fiscal de Levy. Lula não vai mas estimulou setores do PT e do sindicalismo a participarem. Uma parte do PT está engajada no combate a Levy, e sua principal expressão parlamentar é o senador Lindbergh Farias, que faz seguidos discursos contra o ministro e a política econômica. Participam do ato em Minas CUT, MST e UNE e quadros do PT, PC do B e até da ala do PSB que vem se reaproximando do governo.
Se as coisas continuarem neste ritmo, em algum momento Dilma terá que escolher entre a política econômica em que apostou para sair da crise e o apoio de expressivos segmentos de sua base de esquerda, da qual precisa para enfrentar a ofensiva da oposição contra seu mandato.
Lula e Dilma
No encontro de ontem, certamente Lula e Dilma trataram do relacionamento com o PMDB, como registrou a Folha de São Paulo na própria noite de quinta-feira. Mas o assunto mais palpitante da conversa com certeza foi sobre a política econômica. Isso ainda precisa ser apurado.
No teatro da crise, Dilma fez o gesto que precisava fazer nesta quinta-feira. O ministro Levy se queixara de isolamento, o mercado e até a mídia internacional especulavam com sua saída, explicitando que se isso acontecesse o Brasil desceria mais um patamar na crise. Ela afagou Levy com elogios públicos e providenciou a reunião com ele, Barbosa e Mercadante para explicitar seu decidido apoio à permanência do ministro da Fazenda. Mercadante e Edinho Silva rasgaram elogios complementares. Levy finalmente pegou um avião para a Turquia, depois de ter até cancelada a participação na reunião de ministros do G20. Com seu “fico” e o gesto de Dilma, o dólar fechou em ligeira baixa e a bolsa subiu dois pontos.
Quando voltar da viagem é que ele saberá se o combinado na reunião é para valer. Se Dilma vai ouvi-lo mais ou continuará dando mais ouvidos à dupla Mercadante-Nelson Barbosa. Contra Levy, eles ganharam a disputa pela apresentação de um orçamento com déficit ao Congresso. Pelas reações, Levy tinha razão. Ainda que o governo não tivesse como apresentar uma peça com o prometido superávit de 0,7% no prazo constitucional (31 de agosto), Dilma poderia ter mandado uma mensagem ao Congresso dizendo que, até a data da votação, o governo tentaria equilibrar as contas, cortando gastos e buscando receitas. Teria se livrado da acusação de ter empurrado o problema para o Congresso. É este discurso que Levy deseja ver adotado agora. O de que o governo tratará, ele mesmo, de encontrar meios para equilibrar as contas e de aproximar-se o máximo possível do superávit de 0,7.
Ele se queixou muito dos “sinais contraditórios” que o governo estaria emitindo em relação à política fiscal, decorrentes das quedas de braço internas que ele perde. Esta não foi a única. Sem coerência, não haverá credibilidade, e isso é o que mais falta ao governo hoje, disse ele. Em sua declaração Mercadante falou em unidade e harmonia da equipe. O próprio Levy nada declarou. Só em sua volta da viagem (ele ainda fará uma escola em Paris para encontros com investidores), Levy saberá se o combinado será honrado, se disporá de conforto e força para continuar no governo. Embora tenha reagido positivamente ao esforço de Dilma, o mercado também entendeu isso. O jogo continua.
Lula e o PT na outra margem
A permanência de Levy no governo coloca Dilma entre dois fogos. De um lado, as forças do mercado explicitando que, se ele sair, a desconfiança subirá, alimentando a crise. De outro, a articulação crescente dos aliados políticos de esquerda contra a política econômica que ele conduz.
Neste sábado, o lançamento da Frente Brasil Popular, em Belo Horizonte, vai se transformar numa manifestação de apoio a Dilma e à legalidade mas de críticas à política fiscal de Levy. Lula não vai mas estimulou setores do PT e do sindicalismo a participarem. Uma parte do PT está engajada no combate a Levy, e sua principal expressão parlamentar é o senador Lindbergh Farias, que faz seguidos discursos contra o ministro e a política econômica. Participam do ato em Minas CUT, MST e UNE e quadros do PT, PC do B e até da ala do PSB que vem se reaproximando do governo.
Se as coisas continuarem neste ritmo, em algum momento Dilma terá que escolher entre a política econômica em que apostou para sair da crise e o apoio de expressivos segmentos de sua base de esquerda, da qual precisa para enfrentar a ofensiva da oposição contra seu mandato.
Lula e Dilma
No encontro de ontem, certamente Lula e Dilma trataram do relacionamento com o PMDB, como registrou a Folha de São Paulo na própria noite de quinta-feira. Mas o assunto mais palpitante da conversa com certeza foi sobre a política econômica. Isso ainda precisa ser apurado.
1 comentários:
é dificil o govwerno ouvire Levi, ele puxa o saco para o lado dos banqueiros dos agiotas internacionais, dos sonegadores, daqueles que querem ver o Brasil na mendicancia, entao fica dificil para a Presidente ouvi-lo. ele nao joga do lado da seleçao progressista do Brasil.entao ha a queda de braço inevitavel. A Presidente esta o mantendo para que os oportunistas do mercado nao explodam os juros inflaçao e posiçao do Brasil, mais elenao é confiavel
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