Por Emir Sader, na Rede Brasil Atual:
Dois grandes acontecimentos recentes, muito diversos no seu conteúdo, têm um elemento comum, fundamental para a luta pela democratização da nossa sociedade: a recuperação dos espaços públicos pelas pessoas.
Aquele de significação política mais direta, foi – e continua sendo – a ocupação das escolas públicas pelos estudantes de São Paulo, Goiânia, Sorocaba e de outras cidades do Brasil. Foi uma perda gigantesca as escolas públicas deixarem de ser espaços de socialização para os jovens, especialmente os da periferia das grandes cidades.
A deterioração da educação pública, refletida na degradação das condições físicas das escolas, na falta de preparação dos professores, na sua baixa remuneração, na falta de atração do ensino para as crianças e os jovens, levou, por um lado, a que a socialização deles se fizesse em outros espaços – rua, shopping, entre outros. Isso se dava paralelamente ao enfraquecimento das famílias como lugar de socialização deixando-os à mercê de situações de risco.
Por outro lado, a escola passou a ser um espaço alheio, que os estudantes não sentem como seu, como se foram “dos professores, dos bedéis, dos diretores”. Ir à escola é uma obrigação, em que não veem muito sentido, do qual fogem tantas vezes e desertam várias vezes.
Quando o governador tucano de São Paulo, com seu plano tecnocrático de gastar menos em educação, diminuindo o numero de salas, decidiu fechar escolas, foi formidável a reação dos estudantes que, de repente, se deram conta que as escolas são ou deveriam ser deles. Que são espaços públicos, não apenas para ter aulas, mas também para fazer musica, brincar, conviver com os amigos – em suma, para ser espaços públicos.
Pode ser o começo da recuperação das escolas como espaços públicos e não tecnocráticos, burocráticos. Que os estudantes tomem consciência que o espaço é deles, não apenas fisicamente, mas que deve ser preenchido por eles, junto com os professores e trabalhadores, no seu conteúdo educacional, cultural, esportivo. Terá sido a maior conquista da mobilização dos estudantes.
Há pouco voltamos a viver carnavais de rua extraordinários nas ruas de tantas cidades brasileiras – Rio, São Paulo, Salvador, Recife, Brasília, Belo Horizonte, Porto Alegre, entre centenas de outras. São outras formas pelas quais vários milhões de pessoas se reapropriaram das ruas e praças para dançar, pular, cantar, gritar, conviver, expressar sua alegria, seus sentimentos.
Para muitos, é uma repetição de algo que fazem todos os anos, mas para milhões tem sido uma forma nova de se relacionar com a cidade, com os espaços públicos, muito diferente dos shopping centers, dos espaços fechados, restritos, seletivos. Sobretudo para milhões de jovens, que se relacionam de forma diferente, livre, com as ruas e praças, com os outros jovens, com a música, com a dança.
Foi, uma vez mais, uma demonstração formidável da maior festa de rua do mundo, que transcorre com muita alegria e paz, com muito menos ocorrências de violências que nos outros dias do ano nos mesmos espaços.
São experiências coletivas novas, de ruptura com os espaços fechados, discriminatórios, excludentes, de consumismo desenfreado. Espaços abertos, de redescoberta da cidade, de ocupação nova dos espaços públicos, assumidos como próprios.
Lutar contra o neoliberalismo e suas formas de vida é também sair dos espaços mercantilizados e ir para os espaços públicos, sair dos lugares onde o que impera é a busca do lucro, para aqueles em que impera a solidariedade, a camaradagem, o aprendizado comum. Não haverá sociedade democrática sem a centralidade dos espaços públicos e os sentimentos correspondentes de solidariedade, de amizade e de alegria.
Dois grandes acontecimentos recentes, muito diversos no seu conteúdo, têm um elemento comum, fundamental para a luta pela democratização da nossa sociedade: a recuperação dos espaços públicos pelas pessoas.
Aquele de significação política mais direta, foi – e continua sendo – a ocupação das escolas públicas pelos estudantes de São Paulo, Goiânia, Sorocaba e de outras cidades do Brasil. Foi uma perda gigantesca as escolas públicas deixarem de ser espaços de socialização para os jovens, especialmente os da periferia das grandes cidades.
A deterioração da educação pública, refletida na degradação das condições físicas das escolas, na falta de preparação dos professores, na sua baixa remuneração, na falta de atração do ensino para as crianças e os jovens, levou, por um lado, a que a socialização deles se fizesse em outros espaços – rua, shopping, entre outros. Isso se dava paralelamente ao enfraquecimento das famílias como lugar de socialização deixando-os à mercê de situações de risco.
Por outro lado, a escola passou a ser um espaço alheio, que os estudantes não sentem como seu, como se foram “dos professores, dos bedéis, dos diretores”. Ir à escola é uma obrigação, em que não veem muito sentido, do qual fogem tantas vezes e desertam várias vezes.
Quando o governador tucano de São Paulo, com seu plano tecnocrático de gastar menos em educação, diminuindo o numero de salas, decidiu fechar escolas, foi formidável a reação dos estudantes que, de repente, se deram conta que as escolas são ou deveriam ser deles. Que são espaços públicos, não apenas para ter aulas, mas também para fazer musica, brincar, conviver com os amigos – em suma, para ser espaços públicos.
Pode ser o começo da recuperação das escolas como espaços públicos e não tecnocráticos, burocráticos. Que os estudantes tomem consciência que o espaço é deles, não apenas fisicamente, mas que deve ser preenchido por eles, junto com os professores e trabalhadores, no seu conteúdo educacional, cultural, esportivo. Terá sido a maior conquista da mobilização dos estudantes.
Há pouco voltamos a viver carnavais de rua extraordinários nas ruas de tantas cidades brasileiras – Rio, São Paulo, Salvador, Recife, Brasília, Belo Horizonte, Porto Alegre, entre centenas de outras. São outras formas pelas quais vários milhões de pessoas se reapropriaram das ruas e praças para dançar, pular, cantar, gritar, conviver, expressar sua alegria, seus sentimentos.
Para muitos, é uma repetição de algo que fazem todos os anos, mas para milhões tem sido uma forma nova de se relacionar com a cidade, com os espaços públicos, muito diferente dos shopping centers, dos espaços fechados, restritos, seletivos. Sobretudo para milhões de jovens, que se relacionam de forma diferente, livre, com as ruas e praças, com os outros jovens, com a música, com a dança.
Foi, uma vez mais, uma demonstração formidável da maior festa de rua do mundo, que transcorre com muita alegria e paz, com muito menos ocorrências de violências que nos outros dias do ano nos mesmos espaços.
São experiências coletivas novas, de ruptura com os espaços fechados, discriminatórios, excludentes, de consumismo desenfreado. Espaços abertos, de redescoberta da cidade, de ocupação nova dos espaços públicos, assumidos como próprios.
Lutar contra o neoliberalismo e suas formas de vida é também sair dos espaços mercantilizados e ir para os espaços públicos, sair dos lugares onde o que impera é a busca do lucro, para aqueles em que impera a solidariedade, a camaradagem, o aprendizado comum. Não haverá sociedade democrática sem a centralidade dos espaços públicos e os sentimentos correspondentes de solidariedade, de amizade e de alegria.
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