O engomadinho João Doria, metido a líder empresarial e a apresentador de TV, sempre tentou vender a imagem de ético. Ele chegou a criar um movimento, o "Cansei", reunindo ricaços e estrelas globais – entre eles, muitos sonegadores –, para combater a corrupção no país. Os moralistas sem moral logo ficaram "cansados" e a sua iniciativa caiu no ridículo. Agora, como pré-candidato à prefeitura de São Paulo pelo PSDB, João Doria volta a vestir a fantasia. Só que ele está num ninho de cobras – tucanos – e não será fácil manter a aparência. Nesta semana, o vereador Adolfo Quintas o acusou de pagar "mensalinho" a filiados da sigla para comprar as prévias partidárias, marcadas para final de fevereiro.
Segundo o parlamentar tucano, que apoia o rival Andrea Matarazzo – o político das "abotoaduras de ouro –, João Doria teria oferecido até R$ 2 mil por voto. O intermediário na negociata seria o tucano Geraldo Malta, "um mercenário" – de acordo com o delator. Diante das revelações, o deputado José Aníbal, presidente do Instituto Teotônio Vilela, já anunciou que ingressará com uma representação no Conselho de Ética da legenda. "O partido não pode conviver com ações dessa natureza. É inaceitável, é a negação da política", esbraveja o "puro".
Antes um franco-atirador de pedras, agora João Doria virou vidraça – e num partido conhecido pelos dossiês fabricados, intrigas e traições. Alvejado, ele posa de vítima. "É lamentável que um vereador recorra a atitudes levianas e sem provas, numa tentativa desesperada de barrar a minha candidatura... Geraldo Malta é um colaborador da campanha, além de respeitada liderança da zona leste. O vereador Adolfo Quintas deveria ocupar o seu tempo para, de forma limpa, fazer campanha para seu candidato Andrea Matarazzo". O episódio confirma que as bicadas serão sangrentas no ninho e podem até implodir a sigla sem princípios e sem ética.
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