Por Renato Rovai, em seu blog:
Não há nada mais simbólico do que receber um convite para falar num ato contra o golpe organizado por estudantes do Mackenzie e que vai acontecer nesta quarta, dia 23, às 18h, na histórica rua Maria Antônia.
Infelizmente não poderei ir, mas pedi licença para escrever um texto, que desde já disponibilizo para ser lido em qualquer canto e por qualquer voz.
Precisamos nos multiplicar para resistir.
E a resistência está mais linda do que o mais otimista defensor da democracia poderia imaginar.
Fazer parte deste ato de coragem dos estudantes do Mackenzie, que não foram autorizados pela universidade a organizar o evento, é imprescindível. Você deveria ir lá.
Segue o texto.
*****
Por que o Brasil vive um golpe de Estado
Se um dia você encontrar alguém que se diga golpista, não perca tempo. Tire fotos com ele, organize um evento, divulgue aos quatro cantos. É mais fácil encontrar uma cachoeira no deserto do que um golpista na face da terra.
Os golpistas são sempre outra coisa.
Pinochet nunca admitiu ser golpista.
Ele se dizia um democrata que derrotou a ditadura comunista de Allende e lutou contra terroristas.
Em nome daquilo que chamava democracia, Pinochet matou aproximadamente 4 mil pessoas e torturou 40 mil.
O Chile chora até hoje Vitor Jarra e Isabel Parra, entre tantos outros que foram vítimas daquela assassino.
Mas a queda e a morte de Allende foram saudadas em editorial de O Estado de S. Paulo, como também o foi o golpe de 64.
Mas Pinochet é só um deles.
Franco também nunca se assumiu golpista.
O general derrubou o governo da Frente Popular de Esquerda, eleito em 1936, e transformou a Espanha num caos por décadas.
Uma das obras primas de Picasso é o Guernica, que retrata muito do que foi aquela Guerra Civil.
Mas, claro, Franco não foi um golpista.
Ele era um democrata que tirou o país da mão dos comunistas e dos terroristas e que levou à morte 400 mil espanhóis.
Sim, podemos falar do Brasil.
Os golpistas daqui, tanto em 54 como em 64, sempre se apresentaram como salvadores da pátria do comunismo e da corrupção. E defensores da democracia.
Levaram Getúlio ao suicídio e derrubaram Jango, com os mesmos argumentos.
E para isso sempre fizeram tudo do mesmo jeito.
Sempre tiveram apoio da OAB, mesmo tendo boa parte advogados se manifestando contra a posição da entidade.
Sempre contaram com os principais veículos de comunicação.
Sempre tiveram maioria no Congresso.
Sempre invadiram sindicatos.
Sempre atacaram sedes de partidos políticos.
Sempre tiverem milhares e milhares nas ruas para defendê-los.
Sempre atacaram estudantes e universidades que ousassem resistir, como fizeram agora na PUC.
Sempre tiverem a polícia ao lado deles.
Sempre tiverem apoio de governadores, como Carlos Lacerda e Ademar de Barros. E agora como Geraldo Alckmin.
Sempre tiveram artistas e pseudo-intelectuais para defendê-los no jogo da opinião pública, mesmo sendo ampla minoria neste setor.
Sempre tiveram apoio de empresários e de entidades como a Fiesp.
Sempre tiveram boa parte do judiciário.
Sempre tiveram apoio dos EUA e de países ditos democráticos que querem o Brasil como um grande quintal.
Sempre tiveram bandidos botando terror nas ruas e ameaçando quem pensasse diferente deles.
Sempre falaram em corrupção.
Sempre perseguiram lideranças populares, principalmente as que pudessem derrotá-los em eleições.
Eles são os mesmos de sempre.
São golpistas.
Mas eles vão sempre dizer que não.
Como lobos, se apresentam cordeiros.
E por isso um golpe você descobre nos detalhes e não na declaração de quem o realiza.
O Brasil vive hoje um golpe de estado.
Não há nada mais simbólico do que receber um convite para falar num ato contra o golpe organizado por estudantes do Mackenzie e que vai acontecer nesta quarta, dia 23, às 18h, na histórica rua Maria Antônia.
Infelizmente não poderei ir, mas pedi licença para escrever um texto, que desde já disponibilizo para ser lido em qualquer canto e por qualquer voz.
Precisamos nos multiplicar para resistir.
E a resistência está mais linda do que o mais otimista defensor da democracia poderia imaginar.
Fazer parte deste ato de coragem dos estudantes do Mackenzie, que não foram autorizados pela universidade a organizar o evento, é imprescindível. Você deveria ir lá.
Segue o texto.
*****
Por que o Brasil vive um golpe de Estado
Se um dia você encontrar alguém que se diga golpista, não perca tempo. Tire fotos com ele, organize um evento, divulgue aos quatro cantos. É mais fácil encontrar uma cachoeira no deserto do que um golpista na face da terra.
Os golpistas são sempre outra coisa.
Pinochet nunca admitiu ser golpista.
Ele se dizia um democrata que derrotou a ditadura comunista de Allende e lutou contra terroristas.
Em nome daquilo que chamava democracia, Pinochet matou aproximadamente 4 mil pessoas e torturou 40 mil.
O Chile chora até hoje Vitor Jarra e Isabel Parra, entre tantos outros que foram vítimas daquela assassino.
Mas a queda e a morte de Allende foram saudadas em editorial de O Estado de S. Paulo, como também o foi o golpe de 64.
Mas Pinochet é só um deles.
Franco também nunca se assumiu golpista.
O general derrubou o governo da Frente Popular de Esquerda, eleito em 1936, e transformou a Espanha num caos por décadas.
Uma das obras primas de Picasso é o Guernica, que retrata muito do que foi aquela Guerra Civil.
Mas, claro, Franco não foi um golpista.
Ele era um democrata que tirou o país da mão dos comunistas e dos terroristas e que levou à morte 400 mil espanhóis.
Sim, podemos falar do Brasil.
Os golpistas daqui, tanto em 54 como em 64, sempre se apresentaram como salvadores da pátria do comunismo e da corrupção. E defensores da democracia.
Levaram Getúlio ao suicídio e derrubaram Jango, com os mesmos argumentos.
E para isso sempre fizeram tudo do mesmo jeito.
Sempre tiveram apoio da OAB, mesmo tendo boa parte advogados se manifestando contra a posição da entidade.
Sempre contaram com os principais veículos de comunicação.
Sempre tiveram maioria no Congresso.
Sempre invadiram sindicatos.
Sempre atacaram sedes de partidos políticos.
Sempre tiverem milhares e milhares nas ruas para defendê-los.
Sempre atacaram estudantes e universidades que ousassem resistir, como fizeram agora na PUC.
Sempre tiverem a polícia ao lado deles.
Sempre tiverem apoio de governadores, como Carlos Lacerda e Ademar de Barros. E agora como Geraldo Alckmin.
Sempre tiveram artistas e pseudo-intelectuais para defendê-los no jogo da opinião pública, mesmo sendo ampla minoria neste setor.
Sempre tiveram apoio de empresários e de entidades como a Fiesp.
Sempre tiveram boa parte do judiciário.
Sempre tiveram apoio dos EUA e de países ditos democráticos que querem o Brasil como um grande quintal.
Sempre tiveram bandidos botando terror nas ruas e ameaçando quem pensasse diferente deles.
Sempre falaram em corrupção.
Sempre perseguiram lideranças populares, principalmente as que pudessem derrotá-los em eleições.
Eles são os mesmos de sempre.
São golpistas.
Mas eles vão sempre dizer que não.
Como lobos, se apresentam cordeiros.
E por isso um golpe você descobre nos detalhes e não na declaração de quem o realiza.
O Brasil vive hoje um golpe de estado.
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