Duas horas e meia de um relato dantesco da atuação criminosa de Eduardo Cunha ao longo de meses no voto de Teori Zavascki sobre o afastamento do deputado da Presidência da Câmara.
Dois ou três minutos de cada ministro, ao menos até agora, acompanhando seu voto.
Um pouco mais extensa a fala de Gilmar Mendes, mas em completo alinhamento com Zavascki.
Nenhuma palavra, porém, sobre o que de mais importante permitiu a criminosa temporada cunhista: a abertura do processo de impeachment como vindita à negativa de votos petistas para que ele se livrasse de um processo ético.
Todos, até o momento, silenciam sobre o papel vital de Cunha no drama que o país está vivendo.
São menos mencionados que os supostos crimes de responsabilidade que justificariam o impedimento da presidência.
Os senhores ministros portam-se como cínicos – Celso de Mello chegou a fazer um discurso contra a “delinquência governamental”, como se Cunha não fosse o pior dos inimigos do governo – fazendo de conta que nada do que se falava ali tivesse relação com a derrubada do governo.
Como se disse antes, foi o cinismo erudito e sofisticado.
Contra muitos que, a esta altura, festejam – e há boas razões para isso – o afastamento de Cunha, o sentimento que tenho é de constrangimento de ver uma instituição, sem qualquer cerimônia, livrar-se de seu agente, do seu homem mais útil na derrubada da presidente constitucional, como um grupo mafioso aira ao rio, com os pés em baldes de cimento, do boçal que lhe serviu num homicídio.
Não é difícil ver que rapidamente Cunha perderá – já não provisória, mas definitivamente, seu mandato parlamentar, por decisão da Câmara e, possivelmente, o foro no Supremo.
Merece o castigo? Este e muitos outros serão pequenos para o canalha que é. Mas o castigo não lhe é aplicado por virtude, mas por vilania.
Resta saber como Cunha irá reagir.
O que ele tem guardado, o que ele tem registrado, o que ele tem, até, agravado.
É um gângster e gângsteres não costumam ter costumam ter poemas em suas gavetas.
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