Por Fernando Brito, no blog Tijolaço:
É impressionante como as homepages dos portais de notícias trazem cinco, dez, vinte chamadas relativas à brutalidade.
Terror na França, pena de morte na Turquia, assassinatos raciais nos EUA, agorinha um homem com um machado fazendo 21 feridos em um trem na Alemanha…
O “Estado Islâmico” pode ser um horror, uma aberração fanática, mas a onda de ódio que se espalha sobre o mundo – aqui, inclusive – vai muito além de uma mera manifestação de um grupo de fundamentalistas.
Porque o fundamentalismo não é só islâmico e está por toda a parte na era da intolerância que se construiu.
Ontem, o El País, publicou uma reportagem sobre a intolerância na Polônia, uma país onde nada menos que 92% da população declara-se católica:
Você pode começar o dia na Polônia sendo um patriota ou um traidor de acordo com o seu café da manhã e pelo seu meio de transporte ao sair de casa. Se comer salsichas e pegar o carro, tudo bem. Se optar pelos cereais e a bicicleta, péssimo. Segundo o ministro das Relações Exteriores, Witold Waszczykowski, sua missão é acabar com “a Europa apodrecida de vegetarianos e ciclistas”. Acrescentou a mistura de raças e culturas e as energias limpas. Preservar a identidade nacional polonesa, entendida como os valores da tradição cristã, é uma prioridade do Executivo ultraconservador do Lei e Justiça (PiS), presidido por Beata Szydlo e dirigido politicamente por Jaroslaw Kaczynski, o líder do partido. Trata-se do primeiro partido da história moderna da Polônia a conquistar a maioria absoluta, nas últimas eleições de outubro. Nessa cruzada é essencial controlar a imprensa para separar os poloneses “bons” dos “maus”.
E nós, aqui?
Será que não estamos assistindo “cruzadas” entre brasileiros “bons” e “maus”?
Não é este o discurso que se ensaia há dois anos ou mais?
O maniqueísmo é a pedra angular do fascismo e da brutalidade.
Tudo o que é diferente de mim – ou do que me fazem acreditar que sou – deve ser exterminado.
Este quase pré-histórico sentimento tribal vai brotando por toda a parte, transformando a política, que é a arte de conviver, em algo sórdido.
A sociedade passa a ser vista como “confessional”, onde a adesão a valores inquestionáveis determina o “direito” de viver e se expressar.
Não é preciso mais que uma visita aos comentários nos portais da grande imprensa para se defrontar com o “morram!”.
Vai ficando como verdade a profecia de Joseph Pulitzer, sempre citada pelo Nassif, de que “com o tempo, uma imprensa cínica, mercenária, demagógica e corrupta formará um público tão vil como ela mesma”.
Se as forças do fascismo fossem apenas um Bolsonaro, ficariam contidas nos patamares da sociopatia.
O problema é quanto e quando elas servem aos interesses da manutenção do status-quo.
A cruzada nacional pela moralidade está aí, vitoriosa sobre as ruínas de um país paralisado, representada por homens das velhas elites parlamentares, corruptos como sempre e poderosos como não se via há 15 anos.
A primeira etapa do neoliberalismo quis levar-nos à era do “pensamento único”.
Agora, leva-nos à era do ódio a tudo que represente a velha máxima da Revolução Francesa: liberdade, igualdade e fraternidade.
Dela, só querem mesmo a guilhotina.
É impressionante como as homepages dos portais de notícias trazem cinco, dez, vinte chamadas relativas à brutalidade.
Terror na França, pena de morte na Turquia, assassinatos raciais nos EUA, agorinha um homem com um machado fazendo 21 feridos em um trem na Alemanha…
O “Estado Islâmico” pode ser um horror, uma aberração fanática, mas a onda de ódio que se espalha sobre o mundo – aqui, inclusive – vai muito além de uma mera manifestação de um grupo de fundamentalistas.
Porque o fundamentalismo não é só islâmico e está por toda a parte na era da intolerância que se construiu.
Ontem, o El País, publicou uma reportagem sobre a intolerância na Polônia, uma país onde nada menos que 92% da população declara-se católica:
Você pode começar o dia na Polônia sendo um patriota ou um traidor de acordo com o seu café da manhã e pelo seu meio de transporte ao sair de casa. Se comer salsichas e pegar o carro, tudo bem. Se optar pelos cereais e a bicicleta, péssimo. Segundo o ministro das Relações Exteriores, Witold Waszczykowski, sua missão é acabar com “a Europa apodrecida de vegetarianos e ciclistas”. Acrescentou a mistura de raças e culturas e as energias limpas. Preservar a identidade nacional polonesa, entendida como os valores da tradição cristã, é uma prioridade do Executivo ultraconservador do Lei e Justiça (PiS), presidido por Beata Szydlo e dirigido politicamente por Jaroslaw Kaczynski, o líder do partido. Trata-se do primeiro partido da história moderna da Polônia a conquistar a maioria absoluta, nas últimas eleições de outubro. Nessa cruzada é essencial controlar a imprensa para separar os poloneses “bons” dos “maus”.
E nós, aqui?
Será que não estamos assistindo “cruzadas” entre brasileiros “bons” e “maus”?
Não é este o discurso que se ensaia há dois anos ou mais?
O maniqueísmo é a pedra angular do fascismo e da brutalidade.
Tudo o que é diferente de mim – ou do que me fazem acreditar que sou – deve ser exterminado.
Este quase pré-histórico sentimento tribal vai brotando por toda a parte, transformando a política, que é a arte de conviver, em algo sórdido.
A sociedade passa a ser vista como “confessional”, onde a adesão a valores inquestionáveis determina o “direito” de viver e se expressar.
Não é preciso mais que uma visita aos comentários nos portais da grande imprensa para se defrontar com o “morram!”.
Vai ficando como verdade a profecia de Joseph Pulitzer, sempre citada pelo Nassif, de que “com o tempo, uma imprensa cínica, mercenária, demagógica e corrupta formará um público tão vil como ela mesma”.
Se as forças do fascismo fossem apenas um Bolsonaro, ficariam contidas nos patamares da sociopatia.
O problema é quanto e quando elas servem aos interesses da manutenção do status-quo.
A cruzada nacional pela moralidade está aí, vitoriosa sobre as ruínas de um país paralisado, representada por homens das velhas elites parlamentares, corruptos como sempre e poderosos como não se via há 15 anos.
A primeira etapa do neoliberalismo quis levar-nos à era do “pensamento único”.
Agora, leva-nos à era do ódio a tudo que represente a velha máxima da Revolução Francesa: liberdade, igualdade e fraternidade.
Dela, só querem mesmo a guilhotina.
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