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O Datafolha passou, oficialmente, a fazer parte do “jornalismo de guerra” da Folha e, por extensão, de toda a mídia.
Jornalismo de guerra foi a expressão utilizada pelo editor chefe colunista político do Clarín para designar o que seu jornal fez para destruir o governo de Cristina Kirchner. “Não é jornalismo”, admitiu, num traço notável de sinceridade.
A adesão oficial do Datafolha ao jornalismo de guerra se deu no levantamento do último final de semana. O objetivo não foi mostrar como estão as relações entre os brasileiros e o governo Temer. Foi, simplesmente, alavancar de forma artificial Temer e, com ele, o golpe.
Várias críticas já tinham sido feitas à edição desonesta da Folha. Aqui mesmo, no DCM, sublinhamos que a Folha escondeu que a aprovação de Temer é de raquíticos 14%, um índice de final de administração em crise e não de começo de uma gestão de “salvação nacional”.
Mas o desmascaramento definitivo do Datafolha veio do jornalista americano Glenn Greenwald e seu site Intercept.
Greenwald mergulhou nos números da pesquisa para tentar entender como os 8% de apoio a Temer registrados há pouco tempo se transformaram, como num passe de mágica, em 50% - que foi a manchete da Folha e o número seguido por toda a mídia.
Não foi mágica - mas uma manobra da Folha.
Na questão central, o que as pessoas querem para o futuro próximo, a Folha simplesmente omitiu a alternativa “nova eleição” na edição.
O Datafolha, como demonstra a pesquisa por inteiro e não apenas a parte editada, apurou que 60% dos ouvidos querem uma nova eleição.
Os 60% do Datafolha viraram 3% na Folha, por peripécias do jornal. A própria Datafolha admitiu o problema, que chamou, docemente, de “imprecisão”.
A repercussão foi terrível para o Datafolha e para a Folha. Nesta quarta, entre os trending topics do Twitter figurava #datafalha.
Tudo isto se enquadra numa tentativa da mídia de desenhar um Brasil em franca recuperação com Temer, às vésperas da decisão final do Senado sobre o impeachment.
Na mesma linha, o colunista Elio Gaspari, da Folha e do Globo, publicou em seu artigo de hoje que Temer se afirmou e agora vive dias favoráveis.
É o colunismo de guerra, igualmente.
O que Temer tem, na verdade, é um tratamento privilegiado da imprensa, destinado a criar a sensação mentirosa de que tudo vai bem.
No passado, a Globo fez isso muito bem na ditadura militar. É conhecida a frase de Médici segundo a qual era uma alegria ver o às 8 da noite o paraíso do Jornal Nacional quando o mundo todo estava convulsionado.
O jornalismo de guerra da mídia brasileira não se encerrou com o afastamento de Dilma. Ele continua. A diferença é que, se antes o objetivo era acabar com Dilma, Lula e o PT, a meta agora é proteger e elevar Temer.
Como existe a internet, com seus sites e suas redes sociais cada vez mais influentes, ludibriar a sociedade é uma tarefa cada vez mais difícil.
A Folha, com o Datafolha, tentou. Mas fracassou.
Temer é uma lástima, um semeador de desesperança e de melancolia - e é assim que os brasileiros o vêem.
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