Por Frei Betto, no site da Adital:
A história do Brasil é marcada por renúncias emblemáticas. D. Pedro I abdicou em favor do filho. Deodoro da Fonseca renunciou ao ver fracassar seu golpe de estado. Vargas idem, desgastado pelo Estado Novo. Jânio renunciou à presidência na tentativa de se tornar ditador, e Collor quando se viu ameaçado pelo impeachment.
Renúncia de político não costuma ser um reconhecimento de que seu futuro será apenas rememorar o passado. É uma artimanha. D. Pedro I agiu assim para que Portugal não perdesse a sua mais importante colônia. Deodoro, para garantir que o poder continuasse em mãos dos militares. Vargas, para evitar que seus direitos político fossem cassados. Jânio, inebriado pela ideia de voltar como ditador nos braços do povo. E Collor, para se antecipar ao processo de impeachment.
Eduardo Cunha renuncia à coroa, mas não à majestade. Seu maior temor é perder o mandato de deputado federal e, sem imunidade parlamentar, escorregar das luvas do STF para as masmorras da Lava Jato. Como em um teatro de bonecos, ele admite deixar o proscênio para, nos bastidores, prosseguir manipulando as cordas que regem os movimentos de tantos que literalmente comem em suas mãos.
Há que tirar o chapéu para a habilidade política do ex-presidente da Câmara dos Deputados. Como é possível postergar por tanto tempo a cassação de seu mandato?
Ora, não é ele o gênio do mal, e sim a máquina do Legislativo cujas engrenagens são articuladas para fazer coincidir imunidade com impunidade. Por isso, quase não se fala em reforma política.
Todos os renunciantes tiveram futuro político compensador. D. Pedro I retornou a Portugal como imperador. Deodoro fez seu sucessor o marechal Floriano Peixoto e passou à história como o político que proclamou a República. Vargas voltou à presidência eleito pelo povo em 1954. Jânio foi eleito prefeito de São Paulo em 1985. E Collor, senador em 2007.
Enquanto nossas instituições políticas se mantiverem como covil de corruptos, nepotistas, carreiristas, fisiologistas e malversadores, salvo honrosas exceções, é difícil acreditar que o choro de Eduardo Cunha significa algo mais do que lágrimas de crocodilo.
A história do Brasil é marcada por renúncias emblemáticas. D. Pedro I abdicou em favor do filho. Deodoro da Fonseca renunciou ao ver fracassar seu golpe de estado. Vargas idem, desgastado pelo Estado Novo. Jânio renunciou à presidência na tentativa de se tornar ditador, e Collor quando se viu ameaçado pelo impeachment.
Renúncia de político não costuma ser um reconhecimento de que seu futuro será apenas rememorar o passado. É uma artimanha. D. Pedro I agiu assim para que Portugal não perdesse a sua mais importante colônia. Deodoro, para garantir que o poder continuasse em mãos dos militares. Vargas, para evitar que seus direitos político fossem cassados. Jânio, inebriado pela ideia de voltar como ditador nos braços do povo. E Collor, para se antecipar ao processo de impeachment.
Eduardo Cunha renuncia à coroa, mas não à majestade. Seu maior temor é perder o mandato de deputado federal e, sem imunidade parlamentar, escorregar das luvas do STF para as masmorras da Lava Jato. Como em um teatro de bonecos, ele admite deixar o proscênio para, nos bastidores, prosseguir manipulando as cordas que regem os movimentos de tantos que literalmente comem em suas mãos.
Há que tirar o chapéu para a habilidade política do ex-presidente da Câmara dos Deputados. Como é possível postergar por tanto tempo a cassação de seu mandato?
Ora, não é ele o gênio do mal, e sim a máquina do Legislativo cujas engrenagens são articuladas para fazer coincidir imunidade com impunidade. Por isso, quase não se fala em reforma política.
Todos os renunciantes tiveram futuro político compensador. D. Pedro I retornou a Portugal como imperador. Deodoro fez seu sucessor o marechal Floriano Peixoto e passou à história como o político que proclamou a República. Vargas voltou à presidência eleito pelo povo em 1954. Jânio foi eleito prefeito de São Paulo em 1985. E Collor, senador em 2007.
Enquanto nossas instituições políticas se mantiverem como covil de corruptos, nepotistas, carreiristas, fisiologistas e malversadores, salvo honrosas exceções, é difícil acreditar que o choro de Eduardo Cunha significa algo mais do que lágrimas de crocodilo.
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