Editorial do site Vermelho:
A vitória de Donald Trump para a Presidência dos Estados Unidos aumenta as incertezas no cenário interno e no mundo. O que será da principal potência econômica e militar da Terra sob a direção de um mandatário histriônico, falastrão e ameaçador? Que fala contra imigrantes, negros, latinos (principalmente mexicanos), muçulmanos e todos aqueles que não fazem parte do supremacismo de homens brancos e machos, que se fortalece com a crise econômica e financeira.
Muita gente não esperava a vitória deste que era tido como o pior candidato numa escolha onde ambos os postulantes podiam ser vistos como versões de políticos conservadores. Hillary, representando o 1% mais rico da população; Trump, visto como uma ameaça à própria democracia norte-americana. Mas ambos falando aos novos pobres gerados pela crise. Hillary incorporou ao seu programa demandas contempladas por Bernie Sanders, que se proclamava socialista e defendia medidas – salariais, educacionais e na área de saúde – para favorecer os mais pobres.
Trump, por sua vez, falou contra a globalização e defendeu a retomada do desenvolvimento norte-americano e melhorias para os trabalhadores, como o aumento nos empregos e crescimento da renda.
No frigir dos ovos, Trump ganhou com um apelo revelador de um certo cansaço dos norte-americanos com o profundo envolvimento do país em assuntos externos, especialmente onerosas guerras, e também com o caminho neoliberal que prevalece desde Ronald Reagan. Caminho que se traduziu em desemprego, precarização do trabalho e acentuado empobrecimento da população.
O slogan de Trump – “Faça a América grande outra vez” – traz uma promessa sensível para o norte-americano comum. E uma contradição com as promessas do agora presidente eleito. Se tomar medidas para ao menos equacioná-la, talvez consiga fazer o emprego e a renda dos trabalhadores crescerem, ao custo da repressão à imigração. Uma de suas promessas mais visíveis foi aumentar o muro construído na fronteira entre os Estados Unidos e o México. Muitos eleitores apoiaram a ideia por estarem convencidos de que perdem empregos para os migrantes.
O diário estadunidense The New York Times diz que foi a “ansiedade econômica” de trabalhadores que elegeu Trump. Pode ser. E isso leva à uma pergunta crucial: e se ele não cumprir as promessas de trazer novos empregos? Terá que enfrentar certamente a raiva acumulada dos trabalhadores pobres que depositaram suas esperanças nele e elegeram o mais caricato dos presidentes da história do país.
Se conseguir cumprir parte de suas promessas, baseadas num agressivo nacionalismo de direita, levará ao colapso o sistema internacional de comércio, no qual os Estados Unidos estão em concorrência cada vez mais intensa com a China e a Rússia. Estes se movem ativamente para forjar o espaço economicamente gigantesco da Eurásia, unindo China, Rússia e Europa Ocidental, e deixando os Estados Unidos à margem.
Num artigo publicado nesta quarta-feira (9) no jornal novaiorquino, o prêmio Nobel de economia Paul Krugman fez, sob o impacto da eleição de Trump, uma pergunta importante. “Os Estados Unidos se tornaram um Estado e uma sociedade fracassados?” E responde: “Parece realmente que sim”.
A pergunta tem sentido. A eleição de Trump parece atender aos novos deserdados da sorte que o neoliberalismo e a internacionalização do capital e da produção criaram entre os norte-americanos. Mas sua ascensão à Casa Branca acena também, com força, para o 1% de muito ricos, cuja fortuna cresce de forma cada vez mais acelerada justamente com este sistema que Trump diz que vai superar.
Estes são tempos sombrios, para os EUA e para o mundo. Mas são também, como dizia o historiador Eric Hobsbawm, tempos interessantes. Prenhe de mudanças.
A vitória de Donald Trump para a Presidência dos Estados Unidos aumenta as incertezas no cenário interno e no mundo. O que será da principal potência econômica e militar da Terra sob a direção de um mandatário histriônico, falastrão e ameaçador? Que fala contra imigrantes, negros, latinos (principalmente mexicanos), muçulmanos e todos aqueles que não fazem parte do supremacismo de homens brancos e machos, que se fortalece com a crise econômica e financeira.
Muita gente não esperava a vitória deste que era tido como o pior candidato numa escolha onde ambos os postulantes podiam ser vistos como versões de políticos conservadores. Hillary, representando o 1% mais rico da população; Trump, visto como uma ameaça à própria democracia norte-americana. Mas ambos falando aos novos pobres gerados pela crise. Hillary incorporou ao seu programa demandas contempladas por Bernie Sanders, que se proclamava socialista e defendia medidas – salariais, educacionais e na área de saúde – para favorecer os mais pobres.
Trump, por sua vez, falou contra a globalização e defendeu a retomada do desenvolvimento norte-americano e melhorias para os trabalhadores, como o aumento nos empregos e crescimento da renda.
No frigir dos ovos, Trump ganhou com um apelo revelador de um certo cansaço dos norte-americanos com o profundo envolvimento do país em assuntos externos, especialmente onerosas guerras, e também com o caminho neoliberal que prevalece desde Ronald Reagan. Caminho que se traduziu em desemprego, precarização do trabalho e acentuado empobrecimento da população.
O slogan de Trump – “Faça a América grande outra vez” – traz uma promessa sensível para o norte-americano comum. E uma contradição com as promessas do agora presidente eleito. Se tomar medidas para ao menos equacioná-la, talvez consiga fazer o emprego e a renda dos trabalhadores crescerem, ao custo da repressão à imigração. Uma de suas promessas mais visíveis foi aumentar o muro construído na fronteira entre os Estados Unidos e o México. Muitos eleitores apoiaram a ideia por estarem convencidos de que perdem empregos para os migrantes.
O diário estadunidense The New York Times diz que foi a “ansiedade econômica” de trabalhadores que elegeu Trump. Pode ser. E isso leva à uma pergunta crucial: e se ele não cumprir as promessas de trazer novos empregos? Terá que enfrentar certamente a raiva acumulada dos trabalhadores pobres que depositaram suas esperanças nele e elegeram o mais caricato dos presidentes da história do país.
Se conseguir cumprir parte de suas promessas, baseadas num agressivo nacionalismo de direita, levará ao colapso o sistema internacional de comércio, no qual os Estados Unidos estão em concorrência cada vez mais intensa com a China e a Rússia. Estes se movem ativamente para forjar o espaço economicamente gigantesco da Eurásia, unindo China, Rússia e Europa Ocidental, e deixando os Estados Unidos à margem.
Num artigo publicado nesta quarta-feira (9) no jornal novaiorquino, o prêmio Nobel de economia Paul Krugman fez, sob o impacto da eleição de Trump, uma pergunta importante. “Os Estados Unidos se tornaram um Estado e uma sociedade fracassados?” E responde: “Parece realmente que sim”.
A pergunta tem sentido. A eleição de Trump parece atender aos novos deserdados da sorte que o neoliberalismo e a internacionalização do capital e da produção criaram entre os norte-americanos. Mas sua ascensão à Casa Branca acena também, com força, para o 1% de muito ricos, cuja fortuna cresce de forma cada vez mais acelerada justamente com este sistema que Trump diz que vai superar.
Estes são tempos sombrios, para os EUA e para o mundo. Mas são também, como dizia o historiador Eric Hobsbawm, tempos interessantes. Prenhe de mudanças.
1 comentários:
Escolha a sua alternativa para as "mudanças":
1) um Cogumelo
2) Nenhuma. O Donald será enquadrado pelo Sistema
3) a Paz Mundial
4) acho que não sei
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