Uberlândia/MG, 15/3/17. Foto: Jornalistas Livres |
15 de março de 2017: a quarta-feira começou com protestos contra o governo, que atravessaram o dia todo nas ruas de 19 Estados, e terminou com um jantar oferecido por Gilmar Mendes à cúpula do poder, em Brasília.
Se daqui a um século os historiadores do futuro quiserem contar como era a nossa época poderão utilizar estas duas cenas para fazer um resumo da ópera.
* Por todo o país, desde cedo, centenas de milhares de pessoas fazem manifestações contra as propostas das reformas previdenciária e trabalhista aos gritos de "Fora Temer!".
* Em Brasília, o superministro Gilmar Mendes recebe o presidente Michel Temer e outras altas autoridades para um jantar de gala em homenagem ao aniversariante José Serra.
Foi um dia comum no Brasil de 2017, com novos vazamentos da Lista de Janot: o poder de um lado, comemorando, e o povo do lado oposto, protestando, cada vez mais distantes um do outro.
Em algum momento, estes dois mundos que habitam o mesmo país vão ter que se encontrar frente a frente.
Para completar o quadro, podem incluir também fotos de jovens fazendo selfies e festejando o goleiro Bruno, aquele que matou a amante e escondeu o corpo.
É um perfeito retrato dos tempos que vivemos, quando o mesmo Judiciário emponderado que manda soltar o assassino vai julgar os comensais do jantar brasiliense investigados pela Lava Jato.
Confesso que fiquei surpreendido com a dimensão das manifestações de protesto, especialmente no Rio e em São Paulo, diante do clima de anomia social em que vivemos e do desencanto generalizado na sociedade.
Só tive ideia do que estava acontecendo no meio da tarde quando tive que ir ao médico e não consegui chegar à praça Oswaldo Cruz, com o trânsito todo parado e as pessoas correndo com faixas e bandeiras para chegar à avenida Paulista.
Há tempos não via pessoas tão animadas em São Paulo e, pelo jeito, no resto do país, embora desta vez a cobertura das manifestações tenha sido bastante tímida, diria quase envergonhada.
Nem dá para saber quantos eram os manifestantes nas ruas porque a PM e o Datafolha não divulgaram números, ao contrário do que fizeram em manifestações anteriores.
Nos cálculos dos organizadores da CUT e de outros movimentos sindicais e sociais, havia 250 mil pessoas na Paulista.
Em seu discurso de apenas oito minutos, o ex-presidente Lula afirmou que "está ficando cada vez mais claro que o golpe dado neste país não foi apenas contra a Dilma, contra os partidos de esquerda, mas também para acabar com as conquistas da classe trabalhadora".
No relato da Folha, tinha de tudo na avenida: sindicalistas, anarquistas, professores, estudantes, representantes de movimentos sociais, organizações de defesa de direitos LGBT e partidos de esquerda, pedindo a saída do presidente Michel Temer e a convocação de eleições diretas.
Já vi este filme de perto outras vezes, mas desta vez nem consegui chegar ao cinema das ruas. Como disse o Lula outro dia, o tempo passa, a natureza é implacável.
Ao final do dia, ficou uma pergunta martelando na minha cabeça: para onde vamos?
Se daqui a um século os historiadores do futuro quiserem contar como era a nossa época poderão utilizar estas duas cenas para fazer um resumo da ópera.
* Por todo o país, desde cedo, centenas de milhares de pessoas fazem manifestações contra as propostas das reformas previdenciária e trabalhista aos gritos de "Fora Temer!".
* Em Brasília, o superministro Gilmar Mendes recebe o presidente Michel Temer e outras altas autoridades para um jantar de gala em homenagem ao aniversariante José Serra.
Foi um dia comum no Brasil de 2017, com novos vazamentos da Lista de Janot: o poder de um lado, comemorando, e o povo do lado oposto, protestando, cada vez mais distantes um do outro.
Em algum momento, estes dois mundos que habitam o mesmo país vão ter que se encontrar frente a frente.
Para completar o quadro, podem incluir também fotos de jovens fazendo selfies e festejando o goleiro Bruno, aquele que matou a amante e escondeu o corpo.
É um perfeito retrato dos tempos que vivemos, quando o mesmo Judiciário emponderado que manda soltar o assassino vai julgar os comensais do jantar brasiliense investigados pela Lava Jato.
Confesso que fiquei surpreendido com a dimensão das manifestações de protesto, especialmente no Rio e em São Paulo, diante do clima de anomia social em que vivemos e do desencanto generalizado na sociedade.
Só tive ideia do que estava acontecendo no meio da tarde quando tive que ir ao médico e não consegui chegar à praça Oswaldo Cruz, com o trânsito todo parado e as pessoas correndo com faixas e bandeiras para chegar à avenida Paulista.
Há tempos não via pessoas tão animadas em São Paulo e, pelo jeito, no resto do país, embora desta vez a cobertura das manifestações tenha sido bastante tímida, diria quase envergonhada.
Nem dá para saber quantos eram os manifestantes nas ruas porque a PM e o Datafolha não divulgaram números, ao contrário do que fizeram em manifestações anteriores.
Nos cálculos dos organizadores da CUT e de outros movimentos sindicais e sociais, havia 250 mil pessoas na Paulista.
Em seu discurso de apenas oito minutos, o ex-presidente Lula afirmou que "está ficando cada vez mais claro que o golpe dado neste país não foi apenas contra a Dilma, contra os partidos de esquerda, mas também para acabar com as conquistas da classe trabalhadora".
No relato da Folha, tinha de tudo na avenida: sindicalistas, anarquistas, professores, estudantes, representantes de movimentos sociais, organizações de defesa de direitos LGBT e partidos de esquerda, pedindo a saída do presidente Michel Temer e a convocação de eleições diretas.
Já vi este filme de perto outras vezes, mas desta vez nem consegui chegar ao cinema das ruas. Como disse o Lula outro dia, o tempo passa, a natureza é implacável.
Ao final do dia, ficou uma pergunta martelando na minha cabeça: para onde vamos?
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