Da revista CartaCapital:
Acossado pela iminente denúncia de corrupção que será feita pela Procuradoria-Geral da República, o presidente Michel Temer fez nesta semana uma viagem internacional na tentativa de criar uma "agenda positiva". Após uma passagem inócua pela Rússia de Vladimir Putin, Temer chegou na quinta-feira, 22, à Noruega. A empreitada pessoal terminou em fiasco e humilhação internacional para o Brasil.
Nesta sexta-feira, 23, em compromisso oficial em Oslo, capital da Noruega, Temer se confundiu duas vezes na mesma frase e cometeu uma gafe. Ao agradecer a hospitalidade das autoridades locais no nome da primeira-ministra Erna Solberg, Temer afirmou que a visita, apesar de rápida, iria estreitar os laços entre os dois países, e mencionou que visitaria o "parlamento brasileiro" ao lado do "rei da Suécia", outro país escandinavo. Na realidade, Temer visitaria o parlamento norueguês ao lado do rei da Noruega, Harald V.
Um pouco antes, Erna Solberg não se constrangeu em recriminar o Brasil pelos casos de corrupção. Após reunião com Temer, a premiê norueguesa afirmou a jornalistas que conversou com o colega brasileiro sobre o tema. "Estamos muito preocupados com a Lava Jato. É importante fazer uma limpeza", disse Erna Solberg, citando o momento de "turbulência" pelo qual passa o Brasil. Após a gafe sobre o monarca local, Temer afirmou que "as instituições funcionam com regularidade extraordinária e liberdade”.
A premiê da Noruega fez os comentários apesar de uma empresa norueguesa, a Sevan Drilling, ter aparecido na Lava Jato. Segundo reportagem publicada pelo jornal O Estado de S.Paulo em janeiro de 2016, a Sevan Drilling pagou cerca de 140 milhões de reais em propina para corromper funcionários da Petrobras.
Meio ambiente
Na quinta-feira, 22, o encontro de Temer com as autoridades norueguesas provocou um episódio de humilhação internacional ao Brasil. Em novembro, dados oficiais do governo brasileiro mostraram que entre agosto de 2015 e julho de 2016, o País destruiu quase 8 mil quilômetros quadrados da floresta amazônica, um aumento de 29% em relação ao levantamento anterior.
Os dados preocuparam o governo da Noruega, principal país financiador do Fundo Amazônia, com repasses que chegam a 2,8 bilhões de reais. Antes da chegada de Temer, em entrevista à Deutsche Welle, parceira de CartaCapital, o ministro do Meio Ambiente na Noruega, Vidar Helgesen, fez críticas abertas ao Brasil e lembrou que o programa de doação à preservação da Amazônia "é baseado em resultados". "O dinheiro é repassado se o desmatamento é reduzido, e foi o que vimos nos últimos anos. Isso significa que se o desmatamento está subindo, haverá menos dinheiro", afirmou Helgesen.
Na quinta-feira, veio o resultado. Com Temer no país, o governo da Noruega anunciou o corte de metade do repasse anual ao Fundo Amazônia. Serão cerca de 170 milhões de reais a menos para a proteção da floresta brasileira. Helgesen falou sobre o caso em Oslo, ao lado do ministro do Meio Ambiente brasileiro, Sarney Filho (PV). Em entrevista coletiva, Sarney Filho culpou o governo Dilma Rousseff pelo desmatamento e não deu garantias de que haverá mais preservação da Amazônia. "Apenas Deus poderia garantir isso. Mas eu posso garantir que todas as medidas para reduzir o desmatamento foram tomadas. Nossa expectativa e esperança é que diminua", afirmou.
"É uma decisão humilhante para os brasileiros. O país pediu dinheiro para reduzir o desmatamento, mas o que está acontecendo é o contrário", disse à Folha de S.Paulo Jaime Gesisky, da organização não-governamental ambientalista WWF. Nesta sexta-feira, manifestantes ambientalistas brasileiros e noruegueses protestaram contra Temer.
Uma das bases de sustentação do governo Temer é a bancada ruralista na Câmara e no Senado. O Congresso aprovou nas últimas semanas alterações nas medidas provisórias 756 e 758 que reduzem a proteção em unidades de conservação na Amazônia e estuda um projeto de lei que afrouxa as regras do licenciamento ambiental. Em carta enviada a Sarney Filho (PV), Helgesen já havia manifestado preocupação com essas medidas.
Diante da pressão, inclusive internacional, Temer vetou totalmente a MP 756 e sancionou com vetos a MP 758. As medidas irritaram os ruralistas e há rumores de que o governo, tentando se salvar diante das denúncias de corrupção, pode enviar um projeto de lei ao Congresso nos mesmo teor da MP 756.
Para completar o calvário de Temer na Noruega, sua visita está sendo em grande medida ignorada pela imprensa local. Segundo o jornalista Jamil Chade, correspondente do Estadão, o primeiro discurso de Temer em Oslo foi acompanhado por apenas um jornalista local, que estava em sua "terceira cobertura desde que se formou na universidade".
Acossado pela iminente denúncia de corrupção que será feita pela Procuradoria-Geral da República, o presidente Michel Temer fez nesta semana uma viagem internacional na tentativa de criar uma "agenda positiva". Após uma passagem inócua pela Rússia de Vladimir Putin, Temer chegou na quinta-feira, 22, à Noruega. A empreitada pessoal terminou em fiasco e humilhação internacional para o Brasil.
Nesta sexta-feira, 23, em compromisso oficial em Oslo, capital da Noruega, Temer se confundiu duas vezes na mesma frase e cometeu uma gafe. Ao agradecer a hospitalidade das autoridades locais no nome da primeira-ministra Erna Solberg, Temer afirmou que a visita, apesar de rápida, iria estreitar os laços entre os dois países, e mencionou que visitaria o "parlamento brasileiro" ao lado do "rei da Suécia", outro país escandinavo. Na realidade, Temer visitaria o parlamento norueguês ao lado do rei da Noruega, Harald V.
Um pouco antes, Erna Solberg não se constrangeu em recriminar o Brasil pelos casos de corrupção. Após reunião com Temer, a premiê norueguesa afirmou a jornalistas que conversou com o colega brasileiro sobre o tema. "Estamos muito preocupados com a Lava Jato. É importante fazer uma limpeza", disse Erna Solberg, citando o momento de "turbulência" pelo qual passa o Brasil. Após a gafe sobre o monarca local, Temer afirmou que "as instituições funcionam com regularidade extraordinária e liberdade”.
A premiê da Noruega fez os comentários apesar de uma empresa norueguesa, a Sevan Drilling, ter aparecido na Lava Jato. Segundo reportagem publicada pelo jornal O Estado de S.Paulo em janeiro de 2016, a Sevan Drilling pagou cerca de 140 milhões de reais em propina para corromper funcionários da Petrobras.
Meio ambiente
Na quinta-feira, 22, o encontro de Temer com as autoridades norueguesas provocou um episódio de humilhação internacional ao Brasil. Em novembro, dados oficiais do governo brasileiro mostraram que entre agosto de 2015 e julho de 2016, o País destruiu quase 8 mil quilômetros quadrados da floresta amazônica, um aumento de 29% em relação ao levantamento anterior.
Os dados preocuparam o governo da Noruega, principal país financiador do Fundo Amazônia, com repasses que chegam a 2,8 bilhões de reais. Antes da chegada de Temer, em entrevista à Deutsche Welle, parceira de CartaCapital, o ministro do Meio Ambiente na Noruega, Vidar Helgesen, fez críticas abertas ao Brasil e lembrou que o programa de doação à preservação da Amazônia "é baseado em resultados". "O dinheiro é repassado se o desmatamento é reduzido, e foi o que vimos nos últimos anos. Isso significa que se o desmatamento está subindo, haverá menos dinheiro", afirmou Helgesen.
Na quinta-feira, veio o resultado. Com Temer no país, o governo da Noruega anunciou o corte de metade do repasse anual ao Fundo Amazônia. Serão cerca de 170 milhões de reais a menos para a proteção da floresta brasileira. Helgesen falou sobre o caso em Oslo, ao lado do ministro do Meio Ambiente brasileiro, Sarney Filho (PV). Em entrevista coletiva, Sarney Filho culpou o governo Dilma Rousseff pelo desmatamento e não deu garantias de que haverá mais preservação da Amazônia. "Apenas Deus poderia garantir isso. Mas eu posso garantir que todas as medidas para reduzir o desmatamento foram tomadas. Nossa expectativa e esperança é que diminua", afirmou.
"É uma decisão humilhante para os brasileiros. O país pediu dinheiro para reduzir o desmatamento, mas o que está acontecendo é o contrário", disse à Folha de S.Paulo Jaime Gesisky, da organização não-governamental ambientalista WWF. Nesta sexta-feira, manifestantes ambientalistas brasileiros e noruegueses protestaram contra Temer.
Uma das bases de sustentação do governo Temer é a bancada ruralista na Câmara e no Senado. O Congresso aprovou nas últimas semanas alterações nas medidas provisórias 756 e 758 que reduzem a proteção em unidades de conservação na Amazônia e estuda um projeto de lei que afrouxa as regras do licenciamento ambiental. Em carta enviada a Sarney Filho (PV), Helgesen já havia manifestado preocupação com essas medidas.
Diante da pressão, inclusive internacional, Temer vetou totalmente a MP 756 e sancionou com vetos a MP 758. As medidas irritaram os ruralistas e há rumores de que o governo, tentando se salvar diante das denúncias de corrupção, pode enviar um projeto de lei ao Congresso nos mesmo teor da MP 756.
Para completar o calvário de Temer na Noruega, sua visita está sendo em grande medida ignorada pela imprensa local. Segundo o jornalista Jamil Chade, correspondente do Estadão, o primeiro discurso de Temer em Oslo foi acompanhado por apenas um jornalista local, que estava em sua "terceira cobertura desde que se formou na universidade".
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