quarta-feira, 26 de julho de 2017

Temer bate o recorde de impopularidade

Por Dayane Santos, no site Vermelho:

A pesquisa Pulso Brasil feita mensalmente pelo instituto Ipsos reforça o coro do "Fora Temer". O colunista Lauro Jardim, do O Globo, adiantou os dados da pesquisa na tarde desta terça-feira (25), apontando que 85% avaliam a gestão de Michel Temer com ruim ou péssima. Mas a pesquisa completa demonstra que Temer conseguiu bater o recorde de rejeição popular, com 94% de desaprovação de seu governo, sendo a pior avaliação do governo federal desde abril de 2005.

A pesquisa reforça o discurso da oposição na Câmara dos Deputados, que analisa na próxima semana a denúncia da Procuradoria -Geral da República (PGR) contra Temer por corrupção passiva. Antes do recesso parlamentar, a denúncia foi analisada pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) que rejeitou o parecer do relator, o deputado Sérgio Zveiter (PMDB-RJ), que defendia o prosseguimento da denúncia.

A rejeição na CCJ foi garantida depois de muitas manobras do governo com troca de 19 membros da comissão por parlamentares pró-Temer que foram agraciados com a liberação de emendas parlamentares.

Aliás, a pesquisa foi feita entre os dias 1º e 14 de julho, período da votação na CCJ. Foram entrevistadas mais de 1.200 pessoas em 72 municípios brasileiros em todas as cinco regiões do país.

Contra as reformas

Outra constatação é a a rejeição ao pacote de reformas do governo, que retira direitos e garantias como a reforma trabalhista sancionada recentemente. De acordo com a pesquisa, 94% dos brasileiros desaprovam a forma como Temer governa e 95% acreditam que o Brasil está no rumo errado.

Esse resultado está apavorando o mercado financeiro, principal fiador do golpe. Em evento realizado pelo Instituto Millenium, empresários e analistas econômicos avaliam que as eleições de 2018 representa um risco real à agenda de reformas que eles tentam impor.

Foi em nome dessa agenda de reformas que deram um golpe contra o mandato da presidenta Dilma Rousseff, em 2016, que foi eleita com um plano de governo diferente da agenda imposta por Temer.

"O levantamento confirma os altos índices de desaprovação do governo federal e do presidente Michel Temer. Identificamos que os efeitos da crise política e da delação premiada de Joesley Batista ainda se mantêm. Esse quadro tende a se manter nos próximos meses com a pauta do aumento de impostos e dos combustíveis", comenta Danilo Cersosimo, diretor da Ipsos, responsável pelo Pulso Brasil.

O nome de Temer também aparece junto a outros 32 nomes, entre políticos e personalidades públicas que os entrevistados aprovam ou desaprovam a maneira como as pessoas vinham atuando no Brasil. Apenas 3% da população aprova totalmente ou pouco a atuação de Michel Temer e 94% o desaprova completamente ou um pouco.

Temer ainda encabeça a lista quando se comparam os índices de reprovação das demais personalidades, sendo seguido no ranking pelo ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que teve apenas 1% de aprovação contra 93% de reprovação. O terceiro lugar ficou com o senador Aécio Neves (PSDB-MG), que teve 3% de aprovação contra 90% de reprovação.

1 comentários:

DARCY BRASIL RODRIGUES DA SILVA disse...

Acredito que Temer não está nem aí para a sua falta de popularidade. Temer não é ingênuo. Fará tudo que estiver ao seu alcance, sem nenhuma atenção aos princípios, para manter-se no cargo até o último dia. Isso é impossível? A meu ver, nenhum um pouco. Temer não representa apenas um bando de políticos corruptos (e não são poucos, contáveis às centenas no Congresso Nacional), mas também interesses que se disputam no âmbito da plutocracia. Contar com 172 votos, amparados por esses interesses econômicos, que não pretendem ver o representante da Globo, Rodrigo Maia, convertido em presidente, somados aos votos de deputados fisiológicos compráveis no mercado da sem-vergonhice política, não me parece ser uma tarefa tão difícil. O discurso de que os deputados estarão pressionados pela proximidade das eleições não é suficiente. Isto apenas inflaciona os seus preços, bastando, portanto, pagar-lhes; e Temer o fará com o dinheiro do povo, sem qualquer pudor.

Eu, de minha parte, deposito muito poucas esperanças nas saídas institucionais a curto prazo,antes que uma verdadeira reforma política, conquistada por um amplo movimento de massas, seja realizada. O espaço da luta pela chamada via eleitoral se tornou profundamente reduzido. Me deixa agoniado ver e ouvir esse samba de uma nota só que consiste em apontar para as eleições de 2018 e, particularmente, para a candidatura de Lula, como a única saída para os trabalhadores e para o povo. A única saída para os trabalhadores e para o povo é a luta. A principal tarefa da militância consequente é despertar os trabalhadores e o povo para a consciência da necessidade desta luta. O tempo da História não se confunde com o tempo marcado pelo calendário eleitoral. É preciso que a esquerda revolucionária planeje suas ações em função desse tempo histórico, que ora se acelera, ora se desacelera. Essa tarefa exige paciência, não dá lugar a pressas voluntaristas, ou a crenças reformistas idealistas. A plutocracia financeira deu um golpe com o propósito de liquidar os governos de esquerda e os partidos de esquerda. Ela não vai aceitar em hipótese alguma perder todas as conquistas que obtiveram com o golpe em uma eleição "democrática". A oposição democrática está longe de ter acumulado forças para fazer frente ao poder político, econômico e ideológico dessa plutocracia. Há muitos comentários atrás, falei de minhas suspeitas de um golpe parlamentar. Esse é o golpe dentro do golpe, que, nesse momento, será difícil de enfrentar. Quem participa das disputas institucionais perdido das perspectivas da revolução, não consegue propor nada que não seja reformas do Estado Burguês e políticas econômicas keynesianas, incompatíveis com a análise econômica marxista. Muito se fala das realizações dos governos petistas - positivas, sem dúvida, quando comparadas com os governos anteriores. Mas, quando comparamos com as realizações dos governos chavistas, a diferença salta aos olhos. E qual é essa diferença? Reside na atenção que Hugo Chavez deu à organização, mobilização e conscientização dos trabalhadores e do povo. O lulismo é uma expressão de um sentimento eleitoral, correspondente ao baixo nível de consciência política de nosso povo. O chavismo, além de comportar a mesma admiração dos de baixo por um líder, é a expressão de uma organização de massas, que está derrotando uma poderosa tentativa de golpe orquestrada pelos EUA e UE.