Por Cynara Menezes, no blog Socialista Morena:
É indescritível a vergonha alheia que sinto diante da filósofa norte-americana Judith Butler. Uma das principais pensadoras do feminismo contemporâneo e da teoria queer, professora da Universidade da Califórnia em Berkeley, ela foi convidada para dar uma palestra no Sesc Pompeia, em São Paulo, no seminário Os fins da democracia. Foi o suficiente para reaças que jamais leram um livro dela e não têm a mais remota ideia sobre o que Judith pensa organizarem um abaixo-assinado para proibir sua fala. Até agora, 367 mil tapados assinaram.
A toscolândia em que o ódio ao PT transformou o Brasil está a todo momento nos fazendo pagar mico diante do mundo. Gente que nunca foi a uma exposição de arte querendo censurar exposições; gente que nunca assistiu a uma palestra querendo proibir palestras. Curiosamente, os que desejavam impedir Judith Butler de falar são os mesmos que vivem exigindo o direito de lançar impropérios contra gays, mulheres e negros em nome da “liberdade de expressão”.
Me encolhi de vergonha alheia ao ver o bando de obtusos que foram para a frente do Sesc Pompeia, crucifixos em punho, bradar coisas como “viva as princesas do Brasil” e “menos bruxa, mais príncipes e mais princesas”. Que micão! Judith, pelo amor da deusa, não somos todos assim. Vem aqui tomar um café, querida. Eu adoro bruxas.
Claro que não podia faltar o atual guru intelectual da reaçada, o ex-ator Alexandre Frota. Imagina a filósofa voltando para casa e dizendo: “Gente, no Brasil fizeram uma manifestação contra mim liderada por um brucutu que nunca leu um livro na vida. Eles queimaram um boneco representando uma bruxa, ou seja, eu, e outro do milionário George Soros, aos gritos de ‘queimem a bruxa!'”. Ai, Judith, perdoa! Juro que nós, de esquerda, não temos nada a ver com isso.
Eu vi, Judith, o quanto você foi compreensiva com a burrice dessa gente. “A maioria das pessoas que assinam esse tipo de petição formam sua própria ideia do que seja ‘gênero’ e ‘Butler’ a partir de comentários feitos nas redes sociais e em sites conservadores. Nesses espaços, a teoria de gênero é descrita como uma caricatura, o que causa medo e ansiedade”, você disse, em entrevista ao Estadão.
É indescritível a vergonha alheia que sinto diante da filósofa norte-americana Judith Butler. Uma das principais pensadoras do feminismo contemporâneo e da teoria queer, professora da Universidade da Califórnia em Berkeley, ela foi convidada para dar uma palestra no Sesc Pompeia, em São Paulo, no seminário Os fins da democracia. Foi o suficiente para reaças que jamais leram um livro dela e não têm a mais remota ideia sobre o que Judith pensa organizarem um abaixo-assinado para proibir sua fala. Até agora, 367 mil tapados assinaram.
A toscolândia em que o ódio ao PT transformou o Brasil está a todo momento nos fazendo pagar mico diante do mundo. Gente que nunca foi a uma exposição de arte querendo censurar exposições; gente que nunca assistiu a uma palestra querendo proibir palestras. Curiosamente, os que desejavam impedir Judith Butler de falar são os mesmos que vivem exigindo o direito de lançar impropérios contra gays, mulheres e negros em nome da “liberdade de expressão”.
Me encolhi de vergonha alheia ao ver o bando de obtusos que foram para a frente do Sesc Pompeia, crucifixos em punho, bradar coisas como “viva as princesas do Brasil” e “menos bruxa, mais príncipes e mais princesas”. Que micão! Judith, pelo amor da deusa, não somos todos assim. Vem aqui tomar um café, querida. Eu adoro bruxas.
Claro que não podia faltar o atual guru intelectual da reaçada, o ex-ator Alexandre Frota. Imagina a filósofa voltando para casa e dizendo: “Gente, no Brasil fizeram uma manifestação contra mim liderada por um brucutu que nunca leu um livro na vida. Eles queimaram um boneco representando uma bruxa, ou seja, eu, e outro do milionário George Soros, aos gritos de ‘queimem a bruxa!'”. Ai, Judith, perdoa! Juro que nós, de esquerda, não temos nada a ver com isso.
Eu vi, Judith, o quanto você foi compreensiva com a burrice dessa gente. “A maioria das pessoas que assinam esse tipo de petição formam sua própria ideia do que seja ‘gênero’ e ‘Butler’ a partir de comentários feitos nas redes sociais e em sites conservadores. Nesses espaços, a teoria de gênero é descrita como uma caricatura, o que causa medo e ansiedade”, você disse, em entrevista ao Estadão.
“As mudanças sociais conquistadas pelo feminismo, pelas políticas LGBTQ e por mobilizações contra o racismo geraram ansiedade naqueles que baseiam suas ideias de gênero, desejo ou parentesco em uma noção fixada a respeito do que é natural ou determinado por Deus. Se gênero é uma forma de falar sobre os vários significados que o corpo pode assumir, a consequência é que a intimidade das pessoas conservadoras, os arranjos sociais nos quais elas confiam, suas ideias de família e de nação estão ameaçadas.”
Ufa! Me sinto aliviada de perceber que você entendeu tudo, que vivemos hoje em um lugar de gente manipulada por notícias falsas e sites de direita patrocinados sabe-se lá por quem. Vou te contar, até pouco tempo atrás não era assim. Inclusive elegemos uma mulher presidenta da República, sabia? Essas pessoas que você viu hoje em frente ao Sesc Pompeia começaram a sair do esgoto recentemente, incentivadas por uma mídia que apostou no obscurantismo como tática para arrancar o PT do poder. E agora finge que não tem nada a ver com isso.
Nos últimos anos, querida Judith, a imprensa brasileira, em vez de cumprir seu papel social de disseminar conhecimento, resolveu investir na ignorância. Colocou para assinar artigos em suas páginas gente desprezível, sem estofo intelectual algum, com o objetivo de influenciar pessoas com pouco conhecimento e dificuldade cognitiva como as que estiveram no Sesc Pompeia. Um dos líderes do movimento contra você, por exemplo, um jovem com cabeça de velho do século passado, foi colunista de um jornal que se autointitula “o maior” do país.
Nossa mídia, controlada por meia dúzia de famílias, contratou direitistas do mais baixo nível intelectual possível para escrever barbaridades e assim conseguir formar uma massa de manobra antiesquerdista. Conseguiu. Mas agora essa turba ignara se volta também contra os jornais e TVs que os criaram. Cría cuervos y te sacarán los ojos, sei que você conhece essa frase, Judith.
A única coisa que posso fazer neste momento de master vergonha alheia diante de tão ilustre convidada estrangeira é pedir desculpas. Da próxima vez, espero que você encontre uma nação diferente. Costumávamos ser bons anfitriões, Judith. O ódio ao PT nos transformou nisso que você viu: um país de ignorantes que só falam em censura, em religião e em intervenção militar. Viramos uma nação de tapados.
Ufa! Me sinto aliviada de perceber que você entendeu tudo, que vivemos hoje em um lugar de gente manipulada por notícias falsas e sites de direita patrocinados sabe-se lá por quem. Vou te contar, até pouco tempo atrás não era assim. Inclusive elegemos uma mulher presidenta da República, sabia? Essas pessoas que você viu hoje em frente ao Sesc Pompeia começaram a sair do esgoto recentemente, incentivadas por uma mídia que apostou no obscurantismo como tática para arrancar o PT do poder. E agora finge que não tem nada a ver com isso.
Nos últimos anos, querida Judith, a imprensa brasileira, em vez de cumprir seu papel social de disseminar conhecimento, resolveu investir na ignorância. Colocou para assinar artigos em suas páginas gente desprezível, sem estofo intelectual algum, com o objetivo de influenciar pessoas com pouco conhecimento e dificuldade cognitiva como as que estiveram no Sesc Pompeia. Um dos líderes do movimento contra você, por exemplo, um jovem com cabeça de velho do século passado, foi colunista de um jornal que se autointitula “o maior” do país.
Nossa mídia, controlada por meia dúzia de famílias, contratou direitistas do mais baixo nível intelectual possível para escrever barbaridades e assim conseguir formar uma massa de manobra antiesquerdista. Conseguiu. Mas agora essa turba ignara se volta também contra os jornais e TVs que os criaram. Cría cuervos y te sacarán los ojos, sei que você conhece essa frase, Judith.
A única coisa que posso fazer neste momento de master vergonha alheia diante de tão ilustre convidada estrangeira é pedir desculpas. Da próxima vez, espero que você encontre uma nação diferente. Costumávamos ser bons anfitriões, Judith. O ódio ao PT nos transformou nisso que você viu: um país de ignorantes que só falam em censura, em religião e em intervenção militar. Viramos uma nação de tapados.
2 comentários:
Assinei a petição, mas tirando o fato de não ter lido o livro dela não sou nada do que é afirmado no texto, leio cerca de 30 livros por ano, vou a exposições e palestras, mas apenas acho que impor a sexualização da infância biologicamente errado e moralmente reprovável, deveria ao menos ter pudor de classificar etariamente as exposições que ofendem a fé alheia, isto sim é um micão, promover até mesmo zoofilia na cara de pau pra criança ver. A vergonha é a degeneração vendida como arte que sem limites éticos ou morais acha-se menos vergonha de que gente honesta que quer criar os filhos com decoro e que são a maioria no pais.
Sinceramente não preciso ler um livro o qual aparentemente o resultado é o conhecido.
"gente honesta que quer criar os filhos com decoro"...Ou seja, quem pensa diferente não é honesto e nem cria os filhos adequadamente???
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