Por João Paulo Cunha, no jornal Brasil de Fato:
Os brasileiros viveram nos últimos dias em dois mundos paralelos. No planeta oficial, os temas foram a votação que blindou o presidente, a articulação conservadora no Congresso, o leilão entreguista do pré-sal e até a próstata de Temer. Esses assuntos ganharam cobertura intensiva da imprensa familiar. O país parou para acompanhar um balcão de negócios vergonhoso, uma obstrução urinária e dancinhas ridículas.
No país real, que pode ser simbolizado pela caravana de Lula por Minas Gerais, os assuntos foram bem mais relevantes. Os temas foram o corte de verbas para educação, a reforma agrária, os direitos sociais, a desnacionalização dos recursos estratégicos, a preservação ambiental, a supressão de direitos, a convocação de um plebiscito revogatório e a regulação dos meios de comunicação. É claro que sem o mesmo interesse da mídia.
A viagem de Lula, quando chegou aos jornais, foi para receber críticas ou ser avaliada como campanha eleitoral antecipada. Deixando o conteúdo de lado, algumas reportagens gastaram tinta para falar da quantidade de fotógrafos, das equipes de preparação e do formato do palanque. E, na onda persecutória de Temer, foram solertes na deduragem, “entregando” prefeitos e lideranças que apoiaram a caravana em suas cidades com ameaças pouco sutis.
Na lógica dos meios de comunicação, quando o ex-presidente abre a boca é para pedir votos. Já Dória, Bolsonaro, Meirelles, Huck e outros menos cotados podem falar asneiras sem pejo. Têm lugar cativo para apresentar suas ideias eleitorais: ração humana, golpe militar, austeridade à custa de corte de investimentos sociais, financiamento de candidatos aprovados em teste para fascismo, entre tantas outras enormidades.
No fim da semana passada, a pesquisa do Ibope cravou que Lula vencia em todas as simulações para 2018, seguido de Bolsonaro, 20 pontos atrás. Outra enquete revelava que Temer era o pior presidente do mundo e que Aécio se desmilinguia levando com ele os candidatos tucanos. O curioso foi o espanto com os resultados, de resto apresentados com discrição e análises cheias de dedos.
A explicação, na verdade, está na singularidade do país. O escritor Machado de Assis, no século 19, apontava para a divisão entre o Brasil real e o Brasil oficial. O país real existe no dia a dia, cheio de problemas e com gente de verdade. Um povo diverso e criativo. Já o país oficial, que habitava a corte, se espalha hoje a partir de Brasília preocupado apenas em se manter no poder e garantir privilégios. Não é um acaso que se volte a falar em trabalho escravo. Pelo visto, ainda estamos presos no passado.
Ariano Suassuna, outro gênio brasileiro, citava sempre a comparação de Machado de Assis para defender a raiz da autêntica cultura popular. Para o criador de “O auto da Compadecida”, o país oficial era “caricato e burlesco”, incapaz de expressão própria. Já o povo do país real “é bom e revela nossos melhores instintos”. De acordo com o escritor paraibano, quem visita o país oficial vai se deparar com palácios e federações de empresários. Já as caravanas que se dispuserem a conhecer o país real vão encontrar o povo “exilado em favelas e assentamentos”.
Hoje, o que era apenas divisão se tornou esquizofrenia política. Ou seja, um distúrbio de percepção da realidade. Querem que a população acredite que o país oficial é real. Não é. No mundo oficial a economia está crescendo, os empregos voltaram e os deputados representam o interesse popular. No país real, a crise se aprofunda, os programas sociais estão sendo dizimados, a imprensa se tornou um partido e os políticos não falam a língua do povo.
Por isso não é difícil entender o resultado do Ibope. Na hora da pesquisa, os entrevistados escolhem o país real.
Os brasileiros viveram nos últimos dias em dois mundos paralelos. No planeta oficial, os temas foram a votação que blindou o presidente, a articulação conservadora no Congresso, o leilão entreguista do pré-sal e até a próstata de Temer. Esses assuntos ganharam cobertura intensiva da imprensa familiar. O país parou para acompanhar um balcão de negócios vergonhoso, uma obstrução urinária e dancinhas ridículas.
No país real, que pode ser simbolizado pela caravana de Lula por Minas Gerais, os assuntos foram bem mais relevantes. Os temas foram o corte de verbas para educação, a reforma agrária, os direitos sociais, a desnacionalização dos recursos estratégicos, a preservação ambiental, a supressão de direitos, a convocação de um plebiscito revogatório e a regulação dos meios de comunicação. É claro que sem o mesmo interesse da mídia.
A viagem de Lula, quando chegou aos jornais, foi para receber críticas ou ser avaliada como campanha eleitoral antecipada. Deixando o conteúdo de lado, algumas reportagens gastaram tinta para falar da quantidade de fotógrafos, das equipes de preparação e do formato do palanque. E, na onda persecutória de Temer, foram solertes na deduragem, “entregando” prefeitos e lideranças que apoiaram a caravana em suas cidades com ameaças pouco sutis.
Na lógica dos meios de comunicação, quando o ex-presidente abre a boca é para pedir votos. Já Dória, Bolsonaro, Meirelles, Huck e outros menos cotados podem falar asneiras sem pejo. Têm lugar cativo para apresentar suas ideias eleitorais: ração humana, golpe militar, austeridade à custa de corte de investimentos sociais, financiamento de candidatos aprovados em teste para fascismo, entre tantas outras enormidades.
No fim da semana passada, a pesquisa do Ibope cravou que Lula vencia em todas as simulações para 2018, seguido de Bolsonaro, 20 pontos atrás. Outra enquete revelava que Temer era o pior presidente do mundo e que Aécio se desmilinguia levando com ele os candidatos tucanos. O curioso foi o espanto com os resultados, de resto apresentados com discrição e análises cheias de dedos.
A explicação, na verdade, está na singularidade do país. O escritor Machado de Assis, no século 19, apontava para a divisão entre o Brasil real e o Brasil oficial. O país real existe no dia a dia, cheio de problemas e com gente de verdade. Um povo diverso e criativo. Já o país oficial, que habitava a corte, se espalha hoje a partir de Brasília preocupado apenas em se manter no poder e garantir privilégios. Não é um acaso que se volte a falar em trabalho escravo. Pelo visto, ainda estamos presos no passado.
Ariano Suassuna, outro gênio brasileiro, citava sempre a comparação de Machado de Assis para defender a raiz da autêntica cultura popular. Para o criador de “O auto da Compadecida”, o país oficial era “caricato e burlesco”, incapaz de expressão própria. Já o povo do país real “é bom e revela nossos melhores instintos”. De acordo com o escritor paraibano, quem visita o país oficial vai se deparar com palácios e federações de empresários. Já as caravanas que se dispuserem a conhecer o país real vão encontrar o povo “exilado em favelas e assentamentos”.
Hoje, o que era apenas divisão se tornou esquizofrenia política. Ou seja, um distúrbio de percepção da realidade. Querem que a população acredite que o país oficial é real. Não é. No mundo oficial a economia está crescendo, os empregos voltaram e os deputados representam o interesse popular. No país real, a crise se aprofunda, os programas sociais estão sendo dizimados, a imprensa se tornou um partido e os políticos não falam a língua do povo.
Por isso não é difícil entender o resultado do Ibope. Na hora da pesquisa, os entrevistados escolhem o país real.
1 comentários:
Felizmente ou infelizmente vivemos no país real onde a fome está de volta mas, para dar certo alguns tem que ser sacrificados, desde que, não seja da minha família nem os meus amigos. Deixa esse povo que ja está acostumado com a miséria, a fome e a todo tipo de humilhação pagar por isso. Quem liga pra negros e nordestinos fdp's (em sua grande maioria) bolsistas do bolsa família, preguiçosos, de vida mansa que tiveram a audácia de sonhar em ser universitários. Quem vai limpar minha casa, passar minhas roupas, engraxar meus sapatos e etc. Absurdo! Esse povo sonhar em consumir. A quem darei minhas roupas usadas e dizer que " faz parte da família" por comer as sobras da comida que iria para o lixo. Acho um disparate esse povo comprar casa, escolher qualidade ao invés de preço e, pensem só, comprar carro novo para aumentar o trânsito nas grandes metrópoles. Que absurdo! Recolham-se em suas insignificancias.
Postar um comentário