Foto: Jornalistas Livres |
Meganhas da Polícia Federal, servis ao golpe de Estado e ao regime de exceção vigente no país, acabam de levar o reitor Jaime Arturo Ramírez e a vice-reitora Sandra Regina Goulart Almeida em condução coercitiva para um “interrogatório”.
Há outros mandados de condução coercitiva em curso.
Condução coercitiva é um nome bonito que nada mais é do que sequestro e prisão por um dia. É um procedimento ilegal, mas que foi normalizado pela Lava Jato.
Professores da universidade que contataram o Cafezinho acham que é um novo Cancellier.
O modus operandi é o mesmo: estardalhaço midiático, brutalidade policial, meganhagem do judiciário e MP, e uma tentativa repugnante de desmoralizar a imagem da universidade pública.
As informações transmitidas pela Polícia Federal, em texto divulgado no site da instituição, falam em “desvio de recursos públicos destinados à construção do Memorial da Anistia Política”, o que marca mais ainda o caráter odiosamente persecutório e ideológico da operação.
Fontes do Cafezinho observam que a operação não tem sentido. Os reitores acabaram de ser eleitos e, portanto, não teriam nada a ver com gestões anteriores.
Os meganhas olham para o projeto do memorial sem considerar, dizem fontes, todo o trabalho de pesquisa envolvido.
O nome da operação é um insulto grotesco à luta contra a ditadura: Operação Esperança Equilibrista, copiando o título de uma belíssima canção de Aldir Blanc, que nunca concordaria que sua arte fosse usada para se referir a mais uma brutalidade dessa nova ditadura que vivemos.
Meses atrás, a PF fez a mesma coisa com o reitor e professores da Universidade Federal de Santa Cataria, o que acabou levando ao suicídio do reitor Luiz Carlos Cancellier.
A operação em Santa Catarina, após todo o estardalhaço midiático, não conseguiu provar nenhum desvio.
A associação de professores já convocou uma manifestação em frente à sede da PF em Belo Horizonte, no Bairro Anchieta, para protestar contra a brutalidade e o arbítrio da operação.
Atualização: o jornalista Luis Nassif escreveu um post com mais informações sobre o caso. Nassif faz uma reflexão importante: após a Lava Jato ter provocado o golpe e asfixiado politicamente o PT, após o ataque aos sindicatos promovido por uma reforma trabalhista autoritária, o regime de exceção avança contra o último reduto de liberdade de pensamento, as universidades públicas.
Atualização 2: O nosso colunista Romulus, traçou um histórico da perseguição política à inteligência em Minas Gerais, nos últimos meses.
Abaixo, o informe da Polícia Federal:
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No site da PF
PF investiga desvio de recursos públicos federais em MG
06/12/2017
Belo Horizonte – A Polícia Federal, com o apoio da CGU e do TCU, deflagrou nesta quarta-feira (6/12) a Operação Esperança Equilibrista, que apura a inexecução e o desvio de recursos públicos destinados à construção e implantação do Memorial da Anistia Política do Brasil, financiado pelo Ministério da Justiça e executado pela Universidade Federal de Minas Gerais.
Cerca de 84 policiais federais, 15 auditores da Controladoria Geral da União e 2 do Tribunal de Contas da União cumprem 8 mandados judiciais de condução coercitiva e 11 mandados judiciais de busca e apreensão.
Idealizado em 2008, o projeto do Memorial visa à preservação e à difusão da memória política dos períodos de repressão, contemplados pela atuação da Comissão da Anistia do Ministério da Justiça, a partir da reforma do “Coleginho”, no bairro Santo Antônio, onde seria instalada uma exposição de longa duração com obras e materiais históricos, além da construção de dois prédios anexos e uma praça de convivência.
A PF apurou que, até o momento, teriam sido gastos mais de R$ 19 milhões na construção e pesquisas de conteúdo para a exposição, mas o único produto aparente é um dos prédios anexos, ainda inacabado. Do total repassado à UFMG, quase R$ 4 milhões teriam sido desviados por meio de fraudes em pagamentos realizados pela Fundação de Desenvolvimento da Pesquisa – FUNDEP, contratada para pesquisas de conteúdo e produção de material para a exposição de longa duração. Os desvios até agora identificados teriam ocorrido por meio de pagamentos a fornecedores sem relação com o escopo do projeto e de bolsas de estágio e de extensão.
O nome da operação policial faz referência a um trecho da música “O Bêbado e a Equilibrista”, de João Bosco e Aldir Blanc, considerada o “hino dos anistiados”.
Será concedida entrevista coletiva, às 10h, na sede da PF em Belo Horizonte, na Rua Nascimento Gurgel, 30, Gutierrez.
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