Por Tereza Cruvinel, no Jornal do Brasil:
Termina hoje, com as últimas convenções, a chamada pré-campanha.
A escolha dos candidatos clareia o quadro mas continuamos a navegar no nevoeiro.
Observamos e analisamos a campanha com olhos do passado, segundo padrões, tendências e costumes que não terão agora o mesmo valor, em função das singularidades da disputa, da psicologia de um eleitor desiludido com a política e de mudanças culturais/comportamentais ditadas pelas tecnologias.
O tão valorizado tempo de televisão acirrou as disputas por aliados na reta final desta etapa.
Mas terá ele ainda o mesmo peso ou a TV perderá influência para a Internet, as redes sociais e outras mídias, afora as convencionais e o horário eleitoral dito gratuito?
Se o tempo de TV ganhasse eleição, o tucano Geraldo Alckmin já estaria eleito.
O acordo com o Centrão vai lhe garantir 40% do tempo diário que será repartido em duas edições a partir do dia 31.
Já foi surrado o exemplo de Ulysses Guimarães, o mítico líder da resistência parlamentar à ditadura que, apesar do maior tempo, ficou em sétimo lugar em 1989.
Em sentido contrário, em 2016 o candidato do PHS, Alexandre Kalil, elegeu-se prefeito de Belo Horizonte tendo apenas 23 segundos de tempo de TV.
A teia, a força e a influência das redes sociais cresceram muito de lá para cá, mas é impossível, hoje, precisar o papel que jogarão.
A pesquisa da CNI “Retratos da Sociedade Brasileira” trouxe, na semana passada, afora resultados eleitorais já conhecidos, algumas informações sobre o sentimento do eleitor.
A indefinição segue altíssima, com apenas 27% considerando sua escolha de hoje definitiva.
A motivação em relação ao pleito é contraditória: 72% acham que ele pode mudar o país para melhor mas 45% declaram-se pessimistas quanto ao resultado. Todos prometem prestar muita atenção ao discurso dos candidatos.
A maioria, 62%, disse que o fará através dos meios convencionais, como jornais, revistas, rádio e televisão, sendo que 25% farão uso exclusivo dela para se informarem.
Mas 48% dos entrevistados declaram-se usuários de diferentes plataformas na Internet, sendo que 26% incluem entre elas as redes sociais mais conhecidas; 16% só se informam pela Web, sendo que 5% apenas através de redes sociais e blogs; 8% valem-se apenas de portais de jornais e sites jornalísticas.
A guerra contra as fake news reflete, em grande parte, a disputa por influência entre estes mundos midiáticos.
Sem medidas
Candidato singular é Bolsonaro, que parece ter vindo de outro mundo mas fala para uma extrema-direita preexistente que agora saiu do armário. O tamanho eleitoral dela só saberemos depois da apuração.
Nunca foi antes representada nem mensurada.
Fenômeno eleitoral não é só o estouro de um nome novo e arrebatador. Nesta eleição, o único fenômeno é Lula, por se manter na liderança após quatro meses de prisão e contra todos os avisos de que sua candidatura será impugnada. Mas o êxito do PT com o substituto de Lula dependerá de outro imponderável, seu poder de transferência de votos. Lula o gastou muito com Dilma e Ciro Gomes já fala que “O Brasil não aguenta outro poste”.
O apoio do Centrão garantiu máquinas eleitorais formidáveis a Alckmin, entendemos no primeiro momento: DEM, PP, PR etc. Mas quando examinamos a situação nos estados, não é bem assim.
O acordo feito “pelo alto” entra em contradição com a realidade local.
Ninguém acredita que o presidente do PP, Ciro Nogueira, suará a camisa pelo tucano.
O lulismo campeia no Piauí e lá ele integra a coligação do governador petista Wellington Dias. O apoio do DEM não pode ser tomado ao pé da letra. O coordenador da campanha de Bolsonaro no Sul é o demista Onyx Lorenzoni.
Ao aceitar ser vice de Alckmin, a senadora Ana Amélia sacrificou a candidatura do pepista Luiz Heinze a governador, em favor do tucano Eduardo Leite. Mas o PP gaúcho continuará apoiando maciçamente é Bolsonaro.
Por isso e muito mais, esta eleição não pode ser examinada com os instrumentos de outro tempo.
Termina hoje, com as últimas convenções, a chamada pré-campanha.
A escolha dos candidatos clareia o quadro mas continuamos a navegar no nevoeiro.
Observamos e analisamos a campanha com olhos do passado, segundo padrões, tendências e costumes que não terão agora o mesmo valor, em função das singularidades da disputa, da psicologia de um eleitor desiludido com a política e de mudanças culturais/comportamentais ditadas pelas tecnologias.
O tão valorizado tempo de televisão acirrou as disputas por aliados na reta final desta etapa.
Mas terá ele ainda o mesmo peso ou a TV perderá influência para a Internet, as redes sociais e outras mídias, afora as convencionais e o horário eleitoral dito gratuito?
Se o tempo de TV ganhasse eleição, o tucano Geraldo Alckmin já estaria eleito.
O acordo com o Centrão vai lhe garantir 40% do tempo diário que será repartido em duas edições a partir do dia 31.
Já foi surrado o exemplo de Ulysses Guimarães, o mítico líder da resistência parlamentar à ditadura que, apesar do maior tempo, ficou em sétimo lugar em 1989.
Em sentido contrário, em 2016 o candidato do PHS, Alexandre Kalil, elegeu-se prefeito de Belo Horizonte tendo apenas 23 segundos de tempo de TV.
A teia, a força e a influência das redes sociais cresceram muito de lá para cá, mas é impossível, hoje, precisar o papel que jogarão.
A pesquisa da CNI “Retratos da Sociedade Brasileira” trouxe, na semana passada, afora resultados eleitorais já conhecidos, algumas informações sobre o sentimento do eleitor.
A indefinição segue altíssima, com apenas 27% considerando sua escolha de hoje definitiva.
A motivação em relação ao pleito é contraditória: 72% acham que ele pode mudar o país para melhor mas 45% declaram-se pessimistas quanto ao resultado. Todos prometem prestar muita atenção ao discurso dos candidatos.
A maioria, 62%, disse que o fará através dos meios convencionais, como jornais, revistas, rádio e televisão, sendo que 25% farão uso exclusivo dela para se informarem.
Mas 48% dos entrevistados declaram-se usuários de diferentes plataformas na Internet, sendo que 26% incluem entre elas as redes sociais mais conhecidas; 16% só se informam pela Web, sendo que 5% apenas através de redes sociais e blogs; 8% valem-se apenas de portais de jornais e sites jornalísticas.
A guerra contra as fake news reflete, em grande parte, a disputa por influência entre estes mundos midiáticos.
Sem medidas
Candidato singular é Bolsonaro, que parece ter vindo de outro mundo mas fala para uma extrema-direita preexistente que agora saiu do armário. O tamanho eleitoral dela só saberemos depois da apuração.
Nunca foi antes representada nem mensurada.
Fenômeno eleitoral não é só o estouro de um nome novo e arrebatador. Nesta eleição, o único fenômeno é Lula, por se manter na liderança após quatro meses de prisão e contra todos os avisos de que sua candidatura será impugnada. Mas o êxito do PT com o substituto de Lula dependerá de outro imponderável, seu poder de transferência de votos. Lula o gastou muito com Dilma e Ciro Gomes já fala que “O Brasil não aguenta outro poste”.
O apoio do Centrão garantiu máquinas eleitorais formidáveis a Alckmin, entendemos no primeiro momento: DEM, PP, PR etc. Mas quando examinamos a situação nos estados, não é bem assim.
O acordo feito “pelo alto” entra em contradição com a realidade local.
Ninguém acredita que o presidente do PP, Ciro Nogueira, suará a camisa pelo tucano.
O lulismo campeia no Piauí e lá ele integra a coligação do governador petista Wellington Dias. O apoio do DEM não pode ser tomado ao pé da letra. O coordenador da campanha de Bolsonaro no Sul é o demista Onyx Lorenzoni.
Ao aceitar ser vice de Alckmin, a senadora Ana Amélia sacrificou a candidatura do pepista Luiz Heinze a governador, em favor do tucano Eduardo Leite. Mas o PP gaúcho continuará apoiando maciçamente é Bolsonaro.
Por isso e muito mais, esta eleição não pode ser examinada com os instrumentos de outro tempo.
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