Por Arnaldo César, no blog de Marcelo Auler:
Adesista de primeira hora, as Organizações Globo (o maior conglomerado de mídia do continente Sul Americano) ficou no mato sem cachorro, depois do vendaval de conservadorismo que açoitou o País, no último domingo (07/10).
Como se sabe, o candidato a presidente da República, Jair Bolsonaro (PSL-RJ), o preferido dos eleitores da extrema direita brasileira, antes mesmo dos resultados do primeiro turno trocou de mal com as empresas da família Marinho.
Mercurial como ele só, preferiu se acoitar no regaço do arquibilionário bispo Edir Macedo, o comandante em chefe da Igreja Universal do Reino de Deus e dono absoluto da Rede Record de Televisão.
Na semana que antecedeu o primeiro turno, Macedo ofereceu ao capitão duas dádivas para lá de preciosas, especialmente para quem deseja chegar à presidência da República. A primeira delas é formada por um rebanho de mais de 20 milhões de fiéis/votos da Universal espalhado por todos o País.
O segundo mimo ofertado pelo bispo da Universal são os préstimos da rede de sua propriedade que opera televisões, rádios e jornais nas principais capitais do País. Trata-se do segundo maior conglomerado de comunicação em audiência no Brasil. Perde, justamente, para o oligopólio global.
Beiço na Globo
Como se sabe, o candidato a presidente da República, Jair Bolsonaro (PSL-RJ), o preferido dos eleitores da extrema direita brasileira, antes mesmo dos resultados do primeiro turno trocou de mal com as empresas da família Marinho.
Mercurial como ele só, preferiu se acoitar no regaço do arquibilionário bispo Edir Macedo, o comandante em chefe da Igreja Universal do Reino de Deus e dono absoluto da Rede Record de Televisão.
Na semana que antecedeu o primeiro turno, Macedo ofereceu ao capitão duas dádivas para lá de preciosas, especialmente para quem deseja chegar à presidência da República. A primeira delas é formada por um rebanho de mais de 20 milhões de fiéis/votos da Universal espalhado por todos o País.
O segundo mimo ofertado pelo bispo da Universal são os préstimos da rede de sua propriedade que opera televisões, rádios e jornais nas principais capitais do País. Trata-se do segundo maior conglomerado de comunicação em audiência no Brasil. Perde, justamente, para o oligopólio global.
Beiço na Globo
Mesmo acamado por conta da facada que levou na barriga, quando fazia comício em Juiz de Fora, o candidato do PSL aceitou a oferta de mão beijada. Explicando-se, assim, uma das razões pelas quais deu um salto fenomenal de 36% das intensões de votos registradas pelos institutos de pesquisa, nas vésperas do pleito, para os 46% alcançados no domingo, no cômputo final das urnas.
É óbvio que, se chegar lá, o candidato da bancada da bala e dos evangélicos retribuirá de pronto o patrono da Universal com fartas verbas publicitárias e toda a sorte de negociatas que o poder público sabe propiciar aos amigos do peito. É bom nunca esquecer que mesmo nos piores momentos da economia, o governo central costuma gastar com publicidade a nada desprezível bolada anual de R$ 6 bilhões.
Às voltas com insistentes perdas de audiência, circulação e faturamento nas dezenas de veículos que controla, os Marinho ficaram agastados com a escolha intempestiva do candidato neonazista. Gostariam de ter tido tempo de negociar melhor um apoio com ele. Da mesma maneira, como fizeram com também direitista Collor de Mello, em 1989.
O primeiro sinal do descontentamento global surgiu na coluna de Miriam Leitão, na edição de sábado (06/10) do matutino da Casa. Ela queixou-se com bispo. Reivindicou espaços idênticos para os demais presidenciáveis na televisão da Universal. Defendeu inclusive que a emissora de Macedo fosse exemplarmente punida pela Tribunal Superior Eleitoral – TSE.
No dia seguinte, domingo (07/10), os Marinho publicaram no mesmo jornal, um editorial, de dois terços de página, repletos de alfinetadas em Bolsonaro e no general trapalhão que ele escolheu para vice.
Nem os institutos de pesquisas, tampouco os comentaristas políticos da Globo ou mesmo os donos da emissora imaginaram a reacionarista que sacudiria a política brasileira. Assustaram-se com resultado do pleito. Tanto que, logo na segunda feira, convocaram os comitês de gestão do grupo para saber o que farão da vida daqui para frente.
Como se sabe, o “Posto Ipiranga”, nome pelo qual o capitão-presidenciável apelidou o seu assessor econômico, o economista Paulo Guedes, é muito amigo dos herdeiros de Roberto Marinho. Até recentemente, publicava às segundas-feiras, artigo nas páginas de opinião de O Globo, o matutino da família. Sempre – é claro! – defendendo o estado mínimo e o neoliberalismo.
Neutros com víeis democrata
É óbvio que, se chegar lá, o candidato da bancada da bala e dos evangélicos retribuirá de pronto o patrono da Universal com fartas verbas publicitárias e toda a sorte de negociatas que o poder público sabe propiciar aos amigos do peito. É bom nunca esquecer que mesmo nos piores momentos da economia, o governo central costuma gastar com publicidade a nada desprezível bolada anual de R$ 6 bilhões.
Às voltas com insistentes perdas de audiência, circulação e faturamento nas dezenas de veículos que controla, os Marinho ficaram agastados com a escolha intempestiva do candidato neonazista. Gostariam de ter tido tempo de negociar melhor um apoio com ele. Da mesma maneira, como fizeram com também direitista Collor de Mello, em 1989.
O primeiro sinal do descontentamento global surgiu na coluna de Miriam Leitão, na edição de sábado (06/10) do matutino da Casa. Ela queixou-se com bispo. Reivindicou espaços idênticos para os demais presidenciáveis na televisão da Universal. Defendeu inclusive que a emissora de Macedo fosse exemplarmente punida pela Tribunal Superior Eleitoral – TSE.
No dia seguinte, domingo (07/10), os Marinho publicaram no mesmo jornal, um editorial, de dois terços de página, repletos de alfinetadas em Bolsonaro e no general trapalhão que ele escolheu para vice.
Nem os institutos de pesquisas, tampouco os comentaristas políticos da Globo ou mesmo os donos da emissora imaginaram a reacionarista que sacudiria a política brasileira. Assustaram-se com resultado do pleito. Tanto que, logo na segunda feira, convocaram os comitês de gestão do grupo para saber o que farão da vida daqui para frente.
Como se sabe, o “Posto Ipiranga”, nome pelo qual o capitão-presidenciável apelidou o seu assessor econômico, o economista Paulo Guedes, é muito amigo dos herdeiros de Roberto Marinho. Até recentemente, publicava às segundas-feiras, artigo nas páginas de opinião de O Globo, o matutino da família. Sempre – é claro! – defendendo o estado mínimo e o neoliberalismo.
Neutros com víeis democrata
Aos trancos e barrancos, Guedes tem funcionado como um canal de comunicação dos globais com Bolsonaro. Não sempre é bem-sucedido nos pleitos que intermedeia. Ele próprio ficou irritado com o destaque dado pelo “Jornal Nacional” ao pito que levou do capitão depois das besteiras que andou falando sobre alíquota única de 20% da tabela de correção do Imposto de Renda e da ressurreição do CPMF, o imposto do cheque.
Por hora, segundo fontes que observam as conversas destes comitês de gestão, tem prevalecido no seio global a ideia de se manterem “neutros com víeis democrata”. Seja lá o que isso queira dizer, é assim que se posicionarão nas três semanas, que faltam para o dia 28, data do segundo turno das eleições presidenciais.
Basicamente, “neutros com víeis democrata”, significa que aguardarão um pouco para ver como Fernando Haddad se sairá nas negociações com as forças políticas de centro e como aparecerá nas pesquisas de opinião daqui para frente (apesar de todos os tropeços dos institutos, no primeiro turno, os executivos da Globo continuam acreditando neles).
Pelo lado dos petistas, mesmo em posição de inferioridade no pleito, há quem – como o ex-ministro chefe da Secretaria Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho – considere complicado um acerto com os globais, nesta altura do campeonato.
As feridas provocadas com as vilanias do juiz Sérgio Moro, com amplo e total apoio dos veículos da Globo – ainda não cicatrizaram. Estão frescos nas memórias de Lula e Haddad os estragos provocados pelas denúncias vazias feitas pelo ex-ministro Antônio Palocci, há menos de dez dias do primeiro turno.
A teimosia da Globo em tratar o PT e seus aliados como uma força radical e colérica de esquerda também desagradou enormemente os estrategistas petistas.
Outro ponto, que desabona a Globo, sob o ponto de vista petista, é o fato de que as comunicações convencionais – mormente televisão e jornais – perderam para o WhatsApp a supremacia daqueles que faziam a cabeça do eleitorado. O capitão e o general histriônicos do PSL com míseros 8 segundos no programa eleitoral gratuito chegaram aonde chegaram, usando única e exclusivamente as redes sociais para mandar suas mensagens.
O apoio das Organizações Globo que, antes eram vistos como “pérola pura”, hoje, não passa de uma quimera. Assim como os globais falam em “neutralidade democrática”, os petistas enxergam a aproximação com a maior cadeia de comunicação do País com “prudência obsequiosa”.
Carvalho observa que os eleitores do primeiro turno demonstraram que estão frontalmente contra a tudo que cheira a institucional. E, neste balaio, inclui também o maior grupo de mídia do País.
Ocorre que o problema das Organizações Globo não é única e tão somente político. É, essencialmente, econômico. Eles abocanham, anualmente, 60% da verba publicitária do governo. Estamos falando de mais de R$ 4 bilhões. Sem ela, podem minguar. É só observar o que está acontecendo com a até então portentosa Editora Abril. A dona da revista, que foi a quarta maior do mundo em circulação, hoje, encontra-se em desesperador estado pré-falimentar.
* Arnaldo César é jornalista e colaborador deste blog.
Por hora, segundo fontes que observam as conversas destes comitês de gestão, tem prevalecido no seio global a ideia de se manterem “neutros com víeis democrata”. Seja lá o que isso queira dizer, é assim que se posicionarão nas três semanas, que faltam para o dia 28, data do segundo turno das eleições presidenciais.
Basicamente, “neutros com víeis democrata”, significa que aguardarão um pouco para ver como Fernando Haddad se sairá nas negociações com as forças políticas de centro e como aparecerá nas pesquisas de opinião daqui para frente (apesar de todos os tropeços dos institutos, no primeiro turno, os executivos da Globo continuam acreditando neles).
Pelo lado dos petistas, mesmo em posição de inferioridade no pleito, há quem – como o ex-ministro chefe da Secretaria Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho – considere complicado um acerto com os globais, nesta altura do campeonato.
As feridas provocadas com as vilanias do juiz Sérgio Moro, com amplo e total apoio dos veículos da Globo – ainda não cicatrizaram. Estão frescos nas memórias de Lula e Haddad os estragos provocados pelas denúncias vazias feitas pelo ex-ministro Antônio Palocci, há menos de dez dias do primeiro turno.
A teimosia da Globo em tratar o PT e seus aliados como uma força radical e colérica de esquerda também desagradou enormemente os estrategistas petistas.
Outro ponto, que desabona a Globo, sob o ponto de vista petista, é o fato de que as comunicações convencionais – mormente televisão e jornais – perderam para o WhatsApp a supremacia daqueles que faziam a cabeça do eleitorado. O capitão e o general histriônicos do PSL com míseros 8 segundos no programa eleitoral gratuito chegaram aonde chegaram, usando única e exclusivamente as redes sociais para mandar suas mensagens.
O apoio das Organizações Globo que, antes eram vistos como “pérola pura”, hoje, não passa de uma quimera. Assim como os globais falam em “neutralidade democrática”, os petistas enxergam a aproximação com a maior cadeia de comunicação do País com “prudência obsequiosa”.
Carvalho observa que os eleitores do primeiro turno demonstraram que estão frontalmente contra a tudo que cheira a institucional. E, neste balaio, inclui também o maior grupo de mídia do País.
Ocorre que o problema das Organizações Globo não é única e tão somente político. É, essencialmente, econômico. Eles abocanham, anualmente, 60% da verba publicitária do governo. Estamos falando de mais de R$ 4 bilhões. Sem ela, podem minguar. É só observar o que está acontecendo com a até então portentosa Editora Abril. A dona da revista, que foi a quarta maior do mundo em circulação, hoje, encontra-se em desesperador estado pré-falimentar.
* Arnaldo César é jornalista e colaborador deste blog.
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