Por Manuel Domingos Neto
Dizendo que quer o povo armado para resistir à eventual tentativa de golpe de Estado, o Presidente vai se isolando das corporações militares.
O isolamento começou quando Bolsonaro não defendeu a farda achincalhada por seu Guru.
Militares não esquecem essas coisas e costumam saber aguardar a hora do troco.
Bolsonaro mexeu com ícones, entre eles o único general experimentado em guerra. Santos Cruz usou capacete azul, da paz. Mas, de fato o teatro no Congo era de guerra. Onde já se viu menosprezar guerreiro que retorna vitorioso?
O preço pago para demitir o militar renomado foi alto. Bolsonaro tirou um fiel escudeiro, o general Ramos, do comando da tropa sediada em São Paulo!
Inacreditável! Imagino o risinho discreto do comandante do Exército, general Pujol. Poderá indicar alguém de sua confiança para um cargo da maior relevância para o destino do Brasil no curto prazo.
Pujol anda calado. Não usa midia social. É homem com trajeto na Inteligência. Nada indica ser um primário. Sabe muita coisa. Sabe sobretudo que ocupa o posto militar mais importante da República.
Os militares são reacionários e ressentidos com a esquerda.
Liberada do cárcere e retornada do exílio, a turma impertinente quis tirar de baixo do tapete o terrorismo de Estado praticado para manter o regime implantado em 1964. Ingratos!
A esquerda errou feio ampliando a autonomia de corporações que se veem como o primeiro e o último bastião da pátria. Esta autonomia corporativa absoluta nutre o golpismo castrense desde a Guerra do Paraguai.
Os comandantes da atualidade tinham que optar diante do confronto sino-americano. Não poderiam desagradar seus principais fornecedores de armas e apetrechos, o Império do Norte e a santa aliança atlântica.
Abraçaram o neoconservadorismo sem rebuços. Quem vende armas também catequisa. Foram décadas de catequese nas escolas estadunidenses. E de triagem ideológica nas escolas militares brasileiras, em prejuízo da visão estratégica. Pensamento único é burrice.
Assim, olhando bem, não é tão admirável a forma como os militares suportam o "entrega tudo" de Guedes e sua impiedade com os mais pobres.
Obviamente, desde que resguardados e melhorados os seus soldos!
Viram em Bolsonaro a única alternativa para impedir o retorno de Lula ao Planalto e, consequentemente, interromper a veleidade da política externa ativa e altiva encarnada pelo ex-operário e por Celso Amorim.
Essa política, insuportável aos seus fornecedores, poderia até levar ao colapso operacional. Em negócios militares, a troca de equipamentos sofisticados não se dá do dia para a noite.
Bolsonaro representava também uma oportunidade de complementar a renda e garantir ocupação para o contingente de jovens reservistas à toa na vida. Homens preparados e vigorosos, precisando ajudar os filhos, renovar o carro, quem sabe trocar de apartamento...
Avalizaram em uníssono Bolsonaro.
Hoje, estão divididos, como era de se esperar: a ribalta política é para contendores. Aí, a disciplina e a hierarquia castrenses não funcionam. Vaidades e vanglórias, compadrios e desafeições explodem sem a contenção dos códigos disciplinares.
Contudo, militares não perdem o senso corporativo acerca do monopólio da força bruta.
Esse negócio de armar o povo para a luta política não combina com o que aprenderam em suas escolas.
Sabem também que a força bruta precisa de revestimentos que a legitimem. A aparência é fundamental para o militar. Nunca descuidam do traje.
Quando o Presidente tenta arregimentar as massas contra o Parlamento e o Judiciário, delira. Quer proteger-se no momento em que o jogo aperta. Quer sair das cordas, buscar a ofensiva.
Nem desconfia que os fardados podem não endossar a astúcia chinfrim. Afinal, sobrará para o quartel o preço da catástrofe anunciada.
Ou endossariam?
Há sempre coisas estranhas no ar neste tempo de guerra híbrida.
Bolsonaro nunca escondeu seu desejo de ver o país mergulhado numa guerra civil que exterminasse os "comunistas". Um percentual da sociedade o apoia.
Haverá entre os comandantes quem tope a parada?
Prefiro pensar que não.
Dizendo que quer o povo armado para resistir à eventual tentativa de golpe de Estado, o Presidente vai se isolando das corporações militares.
O isolamento começou quando Bolsonaro não defendeu a farda achincalhada por seu Guru.
Militares não esquecem essas coisas e costumam saber aguardar a hora do troco.
Bolsonaro mexeu com ícones, entre eles o único general experimentado em guerra. Santos Cruz usou capacete azul, da paz. Mas, de fato o teatro no Congo era de guerra. Onde já se viu menosprezar guerreiro que retorna vitorioso?
O preço pago para demitir o militar renomado foi alto. Bolsonaro tirou um fiel escudeiro, o general Ramos, do comando da tropa sediada em São Paulo!
Inacreditável! Imagino o risinho discreto do comandante do Exército, general Pujol. Poderá indicar alguém de sua confiança para um cargo da maior relevância para o destino do Brasil no curto prazo.
Pujol anda calado. Não usa midia social. É homem com trajeto na Inteligência. Nada indica ser um primário. Sabe muita coisa. Sabe sobretudo que ocupa o posto militar mais importante da República.
Os militares são reacionários e ressentidos com a esquerda.
Liberada do cárcere e retornada do exílio, a turma impertinente quis tirar de baixo do tapete o terrorismo de Estado praticado para manter o regime implantado em 1964. Ingratos!
A esquerda errou feio ampliando a autonomia de corporações que se veem como o primeiro e o último bastião da pátria. Esta autonomia corporativa absoluta nutre o golpismo castrense desde a Guerra do Paraguai.
Os comandantes da atualidade tinham que optar diante do confronto sino-americano. Não poderiam desagradar seus principais fornecedores de armas e apetrechos, o Império do Norte e a santa aliança atlântica.
Abraçaram o neoconservadorismo sem rebuços. Quem vende armas também catequisa. Foram décadas de catequese nas escolas estadunidenses. E de triagem ideológica nas escolas militares brasileiras, em prejuízo da visão estratégica. Pensamento único é burrice.
Assim, olhando bem, não é tão admirável a forma como os militares suportam o "entrega tudo" de Guedes e sua impiedade com os mais pobres.
Obviamente, desde que resguardados e melhorados os seus soldos!
Viram em Bolsonaro a única alternativa para impedir o retorno de Lula ao Planalto e, consequentemente, interromper a veleidade da política externa ativa e altiva encarnada pelo ex-operário e por Celso Amorim.
Essa política, insuportável aos seus fornecedores, poderia até levar ao colapso operacional. Em negócios militares, a troca de equipamentos sofisticados não se dá do dia para a noite.
Bolsonaro representava também uma oportunidade de complementar a renda e garantir ocupação para o contingente de jovens reservistas à toa na vida. Homens preparados e vigorosos, precisando ajudar os filhos, renovar o carro, quem sabe trocar de apartamento...
Avalizaram em uníssono Bolsonaro.
Hoje, estão divididos, como era de se esperar: a ribalta política é para contendores. Aí, a disciplina e a hierarquia castrenses não funcionam. Vaidades e vanglórias, compadrios e desafeições explodem sem a contenção dos códigos disciplinares.
Contudo, militares não perdem o senso corporativo acerca do monopólio da força bruta.
Esse negócio de armar o povo para a luta política não combina com o que aprenderam em suas escolas.
Sabem também que a força bruta precisa de revestimentos que a legitimem. A aparência é fundamental para o militar. Nunca descuidam do traje.
Quando o Presidente tenta arregimentar as massas contra o Parlamento e o Judiciário, delira. Quer proteger-se no momento em que o jogo aperta. Quer sair das cordas, buscar a ofensiva.
Nem desconfia que os fardados podem não endossar a astúcia chinfrim. Afinal, sobrará para o quartel o preço da catástrofe anunciada.
Ou endossariam?
Há sempre coisas estranhas no ar neste tempo de guerra híbrida.
Bolsonaro nunca escondeu seu desejo de ver o país mergulhado numa guerra civil que exterminasse os "comunistas". Um percentual da sociedade o apoia.
Haverá entre os comandantes quem tope a parada?
Prefiro pensar que não.
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