Editorial do site Vermelho:
A revolta causada pela provocação de Jair Bolsonaro ao se referir ao pai do presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Felipe Santa Cruz, desaparecido por atos bárbaros da ditadura militar, revela muita coisa. Além de ofender a memória de Fernando Santa Cruz, o pai de Felipe, o presidente da República atentou contra a honra de um dos mais importantes movimentos da resistência democrática, a Ação Popular (AP), ao corroborar a infâmia típica dos porões daquele regime de que a própria organização a que ele pertencia é a responsável pelo seu desaparecimento.
A fala de Bolsonaro é a repetição de tantas outras que ele pronunciou ao longo das suas funções públicas. No mesmo dia, o presidente se referiu ao assassinato do cacique Emyra Waiãpi, no estado do Amapá, com desrespeito e desprezo. O mesmo comportamento de outras ocasiões, como a citação do coronel Carlos Brilhante Ustra, um elogio ao conhecido facínora do DOI-Codi paulista, ao proferir seu voto a favor do impeachment golpista contra a presidenta Dilma Rousseff.
O agravante é que na condição de presidente da República ele se pronuncia como representante máximo do mais destacado Poder da República, o Executivo. Ao romper os limites estabelecidos pelas regras que ele jurou cumprir ao assumir o cargo, Bolsonaro comete infração grave. A dedução óbvia é de que ele não fala pelas instituições que deveria defender, mas pelos impulsos da sua ideologia autoritária. Com isso, espalha dissenso e acirra animosidades – um comportamento oposto ao rito determinado pela legislação ao presidente da República.
O Brasil galgou um patamar institucional moderno, regido por um Estado Democrático de Direito que sintetiza os saltos civilizatórios da sua história. Isso é resultado de uma construção que contou com rupturas como a Independência, a Abolição, a República, a Revolução de 1930 e as constituições de 1946 e de 1988. Em todas elas, a luta do povo enfrentou a oposição de ideologias reacionárias. A história do Brasil está repleta de exemplos de verdadeiros massacres contra os que ousaram se levantar contra o atraso social e o arbítrio dos que recusam o progresso.
São clássicos, entre outros, os casos do aniquilamento do movimento liderado por Zumbi dos Palmares; das forcas que vitimaram os alfaiates da Bahia e o alferes Tiradentes; de Cipriano Barata, que passou doze anos no cárcere pelo “crime” de criticar os desmandos dos que controlavam o Estado; de Felipe dos Santos, cujo corpo arrastado por cavalos banhou de sangue as ruas de Vila Rica; da resistência ao fascismo na ditadura de 1937; da brutalidade contra a Guerrilha do Araguaia; e dos que enfrentaram os porões da ditadura militar – além de Canudos e Contestado, revoltas populares impiedosamente esmagadas.
O comportamento de Bolsonaro é, além do reavivamento dessa ideologia avessa à civilização, a manifestação de uma tendência que se espalha pelo mundo no rastro de mais uma grave crise econômica sistêmica. Os impasses gerados pelas contradições desse sistema estão diante dessa possibilidade de regressão civilizatória, como aconteceu em outras encruzilhadas da história que levaram a humanidade para grandes tragédias em duas guerras mundiais. No Brasil, em situações assim sempre apareceram os que prometem falsos milagres, revestidos com a mesma ideologia que nega o progresso da nação.
Mais uma vez, o país está submetido ao desafio de restaurar a ordem democrática para que os problemas da crise sejam resolvidos em ambientes claros, bem iluminados. A defesa da democracia, com a tendência ao autoritarismo cada vez mais evidenciada, assume a condição de prioridade máxima. As garantias democráticas são a condição essencial para se erguer barreiras contra o avanço da extrema direita e ao mesmo tempo abrir espaço para uma ampla união capaz de apontar o caminho para o Brasil enfrentar os efeitos de mais uma crise econômica mundial de grandes proporções.
A revolta causada pela provocação de Jair Bolsonaro ao se referir ao pai do presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Felipe Santa Cruz, desaparecido por atos bárbaros da ditadura militar, revela muita coisa. Além de ofender a memória de Fernando Santa Cruz, o pai de Felipe, o presidente da República atentou contra a honra de um dos mais importantes movimentos da resistência democrática, a Ação Popular (AP), ao corroborar a infâmia típica dos porões daquele regime de que a própria organização a que ele pertencia é a responsável pelo seu desaparecimento.
A fala de Bolsonaro é a repetição de tantas outras que ele pronunciou ao longo das suas funções públicas. No mesmo dia, o presidente se referiu ao assassinato do cacique Emyra Waiãpi, no estado do Amapá, com desrespeito e desprezo. O mesmo comportamento de outras ocasiões, como a citação do coronel Carlos Brilhante Ustra, um elogio ao conhecido facínora do DOI-Codi paulista, ao proferir seu voto a favor do impeachment golpista contra a presidenta Dilma Rousseff.
O agravante é que na condição de presidente da República ele se pronuncia como representante máximo do mais destacado Poder da República, o Executivo. Ao romper os limites estabelecidos pelas regras que ele jurou cumprir ao assumir o cargo, Bolsonaro comete infração grave. A dedução óbvia é de que ele não fala pelas instituições que deveria defender, mas pelos impulsos da sua ideologia autoritária. Com isso, espalha dissenso e acirra animosidades – um comportamento oposto ao rito determinado pela legislação ao presidente da República.
O Brasil galgou um patamar institucional moderno, regido por um Estado Democrático de Direito que sintetiza os saltos civilizatórios da sua história. Isso é resultado de uma construção que contou com rupturas como a Independência, a Abolição, a República, a Revolução de 1930 e as constituições de 1946 e de 1988. Em todas elas, a luta do povo enfrentou a oposição de ideologias reacionárias. A história do Brasil está repleta de exemplos de verdadeiros massacres contra os que ousaram se levantar contra o atraso social e o arbítrio dos que recusam o progresso.
São clássicos, entre outros, os casos do aniquilamento do movimento liderado por Zumbi dos Palmares; das forcas que vitimaram os alfaiates da Bahia e o alferes Tiradentes; de Cipriano Barata, que passou doze anos no cárcere pelo “crime” de criticar os desmandos dos que controlavam o Estado; de Felipe dos Santos, cujo corpo arrastado por cavalos banhou de sangue as ruas de Vila Rica; da resistência ao fascismo na ditadura de 1937; da brutalidade contra a Guerrilha do Araguaia; e dos que enfrentaram os porões da ditadura militar – além de Canudos e Contestado, revoltas populares impiedosamente esmagadas.
O comportamento de Bolsonaro é, além do reavivamento dessa ideologia avessa à civilização, a manifestação de uma tendência que se espalha pelo mundo no rastro de mais uma grave crise econômica sistêmica. Os impasses gerados pelas contradições desse sistema estão diante dessa possibilidade de regressão civilizatória, como aconteceu em outras encruzilhadas da história que levaram a humanidade para grandes tragédias em duas guerras mundiais. No Brasil, em situações assim sempre apareceram os que prometem falsos milagres, revestidos com a mesma ideologia que nega o progresso da nação.
Mais uma vez, o país está submetido ao desafio de restaurar a ordem democrática para que os problemas da crise sejam resolvidos em ambientes claros, bem iluminados. A defesa da democracia, com a tendência ao autoritarismo cada vez mais evidenciada, assume a condição de prioridade máxima. As garantias democráticas são a condição essencial para se erguer barreiras contra o avanço da extrema direita e ao mesmo tempo abrir espaço para uma ampla união capaz de apontar o caminho para o Brasil enfrentar os efeitos de mais uma crise econômica mundial de grandes proporções.
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