Editorial do site Vermelho:
Em uma longa palestra no seminário “A Nova Economia do Brasil – o impacto para a região Nordeste”, realizado em Fortaleza, estado do Ceará, o ministro da Economia, Paulo Guedes, expôs a essência das metas econômicas do governo Bolsonaro. As linhas básicas da sua argumentação são bem conhecidas, cópias pioradas de experiências desastradas como a ditadura militar e as crises das décadas de 1980 e 1990. O que ele prega, em resumo, é o milagre de o Estado não existir, porque proibido de atuar, com o mantra do arrocho nos investimentos públicos. A velha tese econômica de tentar fazer o bolo crescer para depois reparti-lo.
Não é muito diferente do que vem prometendo os próceres da economia desde que a direita retomou o comando do Brasil, no início da marcha golpista, mas agora de forma mais truculenta e peremptória. Para Guedes, não há meio termo: se o país não dançar conforme a sua música, será o fim. É o samba de uma nota só que dói nos ouvidos de tanto que foi executado no passado. Enquanto ele prega seu mantra, os números da economia vão revelando o desastre que sua teoria tem provocado.
Segundo o economista Marcio Pochmann - citado pelo site Monitor Mercantil -, desde a década de 1980 o Brasil registra trajetória de expansão média anual do PIB per capita de apenas 0,7%, “o que permite reconhecer, salvo períodos distintos, como nos anos 2000, a consolidação de uma espécie de epidemia da semi-estagnação secular”. De acordo com ele, nesses quase 40 anos os países em desenvolvimento apresentaram ritmo de expansão do PIB per capita média anual de 3% (4,3 vezes mais que o Brasil).
Mesmo os países de alta renda média registraram crescimento médio anual de 1,7% após 1980 (2,4 vezes acima do Brasil), relata Pochmann. Nas contas do Monitor Mercantil, as taxas medíocres de crescimento, com raras exceções, levaram ao decréscimo relativo da participação da economia brasileira no mundo. No ano de 2018, por exemplo, a participação do Brasil no PIB mundial foi de 2,5%, enquanto em 1980 era de 4,4%. Em 1930, a participação do Brasil no PIB mundial encontrava-se abaixo de 1%.
Pochmann, por sua vez, relata que quase 11 anos após o começo da crise que abalou a globalização neoliberal, anuncia-se novamente o retorno possível da recessão mundial. O cenário de incertezas “guarda certa aproximação com os anos que sucederam a Depressão de 1929, quando emergiu nova ordem para reconfigurar a dinâmica mundial, após a decadência inglesa”, segundo ele.
Esses números têm causa bem definida. Eles decorrem da retomada das ideias formuladas por Eugênio Gudin, Octávio Bulhões e Roberto Campos — responsáveis por tantos desacertos na história brasileira. Na ditadura militar, Bulhões e Campos deram as primeiras picaretadas na “era Vargas” com uma “reforma” que, entre 1964 e 1967, plantou as sementes do desastre que viria de 1973 em diante e explodiria no começo da década de 1980.
Era a ideia do arrocho orçamentário como condição para o crescimento econômico, a fé cega de que uma política de austeridade fiscal é o suficiente para atrair investimentos estrangeiros. Qualquer semelhança com a atual política econômica não é mera coincidência - Paulo Guedes repetiu exatamente essa fórmula em sua palestra em Fortaleza. Campos e Mário Henrique Simonsen publicaram essa teoria, em 1974, no livro chamado A Nova economia brasileira, dizendo, basicamente, que o arrocho orçamentário cria as bases para o desenvolvimento de longo prazo.
No final da década de 1980 e na década de 1990, os economistas do governo repetiram essa tese ad nauseam, com os resultados bem conhecidos. Na verdade, essa política fiscalista é subproduto da fórmula que procura dar um destino rentista à massa de dinheiro impresso descontroladamente e administrada pelas regras de Wall Street. Os defensores desse sectarismo monetário têm o ar de que estão sempre descobrindo a pólvora, mas o resultado é uma espécie de desastre anunciado, como mostra a experiência histórica.
Em uma longa palestra no seminário “A Nova Economia do Brasil – o impacto para a região Nordeste”, realizado em Fortaleza, estado do Ceará, o ministro da Economia, Paulo Guedes, expôs a essência das metas econômicas do governo Bolsonaro. As linhas básicas da sua argumentação são bem conhecidas, cópias pioradas de experiências desastradas como a ditadura militar e as crises das décadas de 1980 e 1990. O que ele prega, em resumo, é o milagre de o Estado não existir, porque proibido de atuar, com o mantra do arrocho nos investimentos públicos. A velha tese econômica de tentar fazer o bolo crescer para depois reparti-lo.
Não é muito diferente do que vem prometendo os próceres da economia desde que a direita retomou o comando do Brasil, no início da marcha golpista, mas agora de forma mais truculenta e peremptória. Para Guedes, não há meio termo: se o país não dançar conforme a sua música, será o fim. É o samba de uma nota só que dói nos ouvidos de tanto que foi executado no passado. Enquanto ele prega seu mantra, os números da economia vão revelando o desastre que sua teoria tem provocado.
Segundo o economista Marcio Pochmann - citado pelo site Monitor Mercantil -, desde a década de 1980 o Brasil registra trajetória de expansão média anual do PIB per capita de apenas 0,7%, “o que permite reconhecer, salvo períodos distintos, como nos anos 2000, a consolidação de uma espécie de epidemia da semi-estagnação secular”. De acordo com ele, nesses quase 40 anos os países em desenvolvimento apresentaram ritmo de expansão do PIB per capita média anual de 3% (4,3 vezes mais que o Brasil).
Mesmo os países de alta renda média registraram crescimento médio anual de 1,7% após 1980 (2,4 vezes acima do Brasil), relata Pochmann. Nas contas do Monitor Mercantil, as taxas medíocres de crescimento, com raras exceções, levaram ao decréscimo relativo da participação da economia brasileira no mundo. No ano de 2018, por exemplo, a participação do Brasil no PIB mundial foi de 2,5%, enquanto em 1980 era de 4,4%. Em 1930, a participação do Brasil no PIB mundial encontrava-se abaixo de 1%.
Pochmann, por sua vez, relata que quase 11 anos após o começo da crise que abalou a globalização neoliberal, anuncia-se novamente o retorno possível da recessão mundial. O cenário de incertezas “guarda certa aproximação com os anos que sucederam a Depressão de 1929, quando emergiu nova ordem para reconfigurar a dinâmica mundial, após a decadência inglesa”, segundo ele.
Esses números têm causa bem definida. Eles decorrem da retomada das ideias formuladas por Eugênio Gudin, Octávio Bulhões e Roberto Campos — responsáveis por tantos desacertos na história brasileira. Na ditadura militar, Bulhões e Campos deram as primeiras picaretadas na “era Vargas” com uma “reforma” que, entre 1964 e 1967, plantou as sementes do desastre que viria de 1973 em diante e explodiria no começo da década de 1980.
Era a ideia do arrocho orçamentário como condição para o crescimento econômico, a fé cega de que uma política de austeridade fiscal é o suficiente para atrair investimentos estrangeiros. Qualquer semelhança com a atual política econômica não é mera coincidência - Paulo Guedes repetiu exatamente essa fórmula em sua palestra em Fortaleza. Campos e Mário Henrique Simonsen publicaram essa teoria, em 1974, no livro chamado A Nova economia brasileira, dizendo, basicamente, que o arrocho orçamentário cria as bases para o desenvolvimento de longo prazo.
No final da década de 1980 e na década de 1990, os economistas do governo repetiram essa tese ad nauseam, com os resultados bem conhecidos. Na verdade, essa política fiscalista é subproduto da fórmula que procura dar um destino rentista à massa de dinheiro impresso descontroladamente e administrada pelas regras de Wall Street. Os defensores desse sectarismo monetário têm o ar de que estão sempre descobrindo a pólvora, mas o resultado é uma espécie de desastre anunciado, como mostra a experiência histórica.
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