Por Jair de Souza
É impossível continuar assistindo de modo impassível o que está acontecendo no Brasil, no resto da América Latina e em outras partes do mundo menos desenvolvido. Estamos diante de um fenômeno que parece inexplicável por vias racionais.
Todos os relatos referentes à trajetória da vida de Jesus apresentam-no como um ser oriundo do seio das camadas mais humildes de sua sociedade naqueles tempos. E se isso não bastasse, em todas as circunstâncias em que Jesus aparece interatuando com outras pessoas, ele sempre se mostra profundamente vinculado aos interesses da gente mais humilde, da gente mais necessitada, da gente oprimida. Não há nenhuma passagem relativa à vida de Jesus na qual o encontramos aderindo às posições e aos interesses dos ricos e poderosos. Já os exemplos de seu comprometimento com as lutas dos mais vulneráveis são abundantes e permeiam todo o transcorrer de sua vida terrenal.
Diante do que acaba de ser dito, como é possível que existam na atualidade fortes correntes religiosas que propagam a imagem de um Jesus inteiramente oposto àquele que encontramos nos relatos de sua vida? As razões para que este fenômeno se dê são parecidas às que sempre motivaram as classes dominantes a se apropriar e desvirtuar todos os símbolos de dignidade e luta que possam servir para uma eventual emancipação das maiorias populares. Não há nenhum nome de significância para o conjunto dos povos não oligarcas que não tenha tido sua trajetória de vida manipulada com o objetivo de adaptá-lo aos interesses e propósitos dos grupos de poder dominantes.
Só para recordar um nome caro aos povos latinoamericanos, podemos citar o caso de Simón Bolívar. Como deve ser recordado por quem já dedicou algum tempo a estudar o papel de Bolívar nas lutas de emancipação dos povos de nossa América, sua grandiosidade se deve principalmente ao fato de ele ter entendido que uma verdadeira libertação de nossa gente não poderia se efetivar se as maiorias trabalhadoras ou escravizadas continuassem sob o domínio das oligarquias opressoras e escravocratas. Foi por esta postura que Simón Bolívar conseguiu fazer das lutas contra as forças colonialistas europeias uma guerra de emancipação popular, bem diferente do que ocorreu no processo de emancipação brasileiro, no qual todos os arranjos se fizeram somente a nível de cúpulas, sem participação popular efetiva.
Simón Bolívar confiava no povo e sentia que só com um engajamento ativo e consciente do mesmo uma verdadeira libertação poderia ser alcançada.
No entanto, logicamente, as oligarquias rurais que detinham o poder de fato na América colonizada pelos espanhois não compartilhavam para nada desta visão de Bolívar. Queriam sua autonomia dos centros de comando da Europa para poder aumentar e dispor de seus ganhos com mais desenvoltura, mas não para compartilhar com as massas trabalhadoras os frutos dessa emancipação. Eles precisavam de Bolívar para vencer a guerra contra as metrópoles colonizadoras, porém não estavam dispostos a ceder a esses trabalhadores que estavam sendo arregimentados para as lutas coloniais nenhum milímetro do controle que exerciam sobre as riquezas e sobre o aparato do Estado.
Tanto era assim que, tão logo as forças organizadas e comandadas por Bolívar obtiveram suas vitórias decisivas contra as tropas espanholas, as oligarquias locais se dedicaram a hostilizá-lo, a enfraquecê-lo e a persegui-lo. De tudo fizeram, até que conseguiram derrotar o grande Libertador e deixá-lo morrer isolado e na pobreza absoluta, em Santa Marta, Colômbia.
Entretanto, a força simbólica de Bolívar junto as massas populares era tão grande que seria impossível para as oligarquias simplesmente desfazer de seu nome, deixá-lo no esquecimento. Foi por isso que começou-se a estruturar um plano de transformação da figura de Bolívar. De grande combatente favorável à inclusão das maiorias populares nos processos de emancipação, as oligarquias passaram a venerá-lo como uma figura oca, desprovida de qualquer importância real em relação com os interesses populares. Falava-se o tempo todo de Simón Bolívar, mas nunca para reivindicar seus exemplos concretos. Ergueram-se estátuas e monumentos a Simón Bolívar por quase todas as ruas e praças de nossa América, mas a vinculação de Bolívar com as lutas concretas do povo não podiam ser mencionadas.
E a coisa foi sendo levada nesta toada, até que, num momento bem recente de nossa história, surgiu alguém que decidiu rever o papel de Simón Bolívar na história. Quem foi este alguém? Como todos sabem, ou deveriam saber, estamos falando de Hugo Chávez. A partir do instante em que Chávez exitosamente resgata a figura de Bolívar para o campo popular, as oligarquias abandonaram de vez todas suas venerações falsas e ocas a Simón Bolívar. Atualmente, uma simples menção positiva a Bolívar pode provocar reações das mais raivosas de parte das oligarquias ou, ainda mais furibundas, por parte dos ideólogos que sobrevivem da defesa serviçal dessas oligarquias.
Traçado este breve paralelo com a vida de Simón Bolívar, podemos voltar ao caso atual de Jesus. Quando estudamos a história da vida relatada de Jesus, só o que encontramos é um Jesus inteiramente devotado às causas claramente vinculadas aos interesses da gente humilde, da gente que sofria a opressão imposta tanto pelos colonizadores estrangeiros de sua terra como pelas cúpulas religiosas que, como costuma acontecer, se mancomunavam com os invasores para tirar proveitos em seu próprio benefício.
O que vemos o tempo todo é o Jesus que condenava a avareza, o Jesus que se opunha à exploração da fé por parte dos mercadores gananciosos, o Jesus que combatia o falso moralismo daqueles que condenavam hipocritamente o que viviam fazendo o tempo todo, o Jesus que se insurgia contra preceitos estabelecidos no Velho Testamento por considerá-los ultrapassados e contrários aos sentimentos que ele próprio defendia.
O certo é que, ao chegar ao conhecimento do povo, os relatos de toda esta trajetória serviram para fazer de Jesus o nome mais expressivo dos sentimentos populares daquela época em sua região. Os movimentos religiosos em torno de Jesus se iniciaram e cresceram a partir das comunidades mais carentes, das comunidades mais necessitadas, das comunidades agredidas pelas forças dos poderosos, das comunidades que sofriam perseguição e buscavam em Jesus a força de coesão para resistir coletivamente aos ataques que sofriam. Os movimentos em torno de Jesus sempre tiveram desde seu início as características de buscar a união dos mais fracos para transformá-la em força. Em nenhum momento estavam presentes objetivos individualistas e egoístas, objetivos do cada um por si.
Como é sabido, em sua fase inicial, ainda sob o domínio colonial do Império Romano, os seguidores de Jesus tinham de desenvolver suas atividades às escondidas das autoridades do Estado e das autoridades religiosas de então. Não foi por acaso que as catacumbas foram os berços das primeiras associações de seguidores de Jesus. Era ali que eles buscavam encontrar condições para divulgar suas crenças e projetar suas esperanças para alcançar o futuro almejado por Jesus: um mundo de paz, de justiça, de solidariedade, de igualdade e de amor; um mundo sem a exploração dos humildes por parte dos poderosos. Para Jesus, o povo de Deus eram todos os que se propunham a viver em função da busca desses objetivos. Jesus não poderia compactuar com a visão de um deus racista, egoísta e discriminador como estava escrito no Velho Testamento. Para Jesus, um deus que tivesse um povo escolhido jamais poderia ser um Deus do amor. Como poderia um Deus do amor determinar um povo como seu preferido se ninguém tem como escolher em que povo vai nascer? Por isso, Jesus pôs fim a esse absurdo que estava estipulado no Velho Testamento.
Não obstante, com o avanço irrefreável desses movimentos cristãos de base, os quais cresciam a passos gigantescos entre as populações desamparadas do Império Romano, as autoridades estatais tomaram a decisão de tratar de enquadrá-los, de colocá-los dentro de parâmetros que impedissem que viessem a extrapolar as órbitas do tolerado pelos setores dominantes de então. Foi por tal motivação que se deu a chamada constantinização do cristianismo. Ou seja, o imperador romano Constantino deu ao cristianismo o status de religião oficialmente aceita pelo Império. Pouco depois, o cristianismo passaria a ser a única religião oficial do Império Romano. Não era pouca coisa, de religião proscrita e sob perseguição constante, o cristianismo se transformou na única religião tolerada e com poderes de impedir o exercício de quaisquer outras em condições de igualdade.
Certamente, esta transformação não foi feita com a preservação das bases que, em sua origem, haviam moldado as características essenciais do cristianismo. A nobreza precisava colocar a figura de Jesus a serviço de sua causa. E, portanto, de um ser simples, humilde, um carpinteiro e pescador que comungava da luta e das dificuldades da gente humilde, a imagem de Jesus passou a ser trabalhada como a do representante máximo da nobreza, ou seja, apareceu em cena o Cristo Rei. Em outras palavras, de um ser comprometido com os sentimentos e os sofrimentos mais profundos das camadas populares, o nome de Jesus começou a ser usado para representar todo o oposto. A partir daí, Jesus foi transformado no símbolo máximo daqueles que já tinham nascido com todos os privilégios garantidos, Jesus virou o suprassumo da nobreza. Seria possível imaginar maior crueldade para com a memória de Jesus?
E para que a gente se dê conta dos horrores derivados da manipulação criminosa do nome de Jesus pelas forças da nobreza e seus representantes eclesiásticos daqueles tempos, nada mais estarrecedor do que os massacres da Inquisição. É tristemente apavorante constatar quantos crimes monstruosos foram executados pelos inquisidores apelando para o nome de Jesus. E que culpa tinha Jesus nestes casos? Como podia Jesus esperar que toda sua dedicação e luta pela paz, pela irmandade, pela tolerância, pelo amor, fosse indecentemente apropriada por gente que se dispunha a matar, a perseguir, a torturar, a queimar vivos outros seres humanos que, por alguma razão, não estavam alinhados com os interesses desses trogloditas que se haviam apropriado de seu nome?
E não nos iludamos, por mais que se fale em questões de moralidade, por mais que se invoque questões de espiritualidade, o que de fato impulsiona os poderosos em suas atitudes assassinas são seus interesses materiais. No passado, no presente e, muito provavelmente, no futuro são os interesses materiais concretos, os interesses relacionados com o acúmulo de riquezas e de poder, que costumam determinar o comportamento daqueles que gozam de privilégios exclusivos e que contam com a força material e ideológica para defendê-los.
Já com o surgimento do capitalismo e as novas relações econômicas que dele advinham, as cabeças pensantes da classe dominante que emergia (a burguesia) também sentiram que seria preciso gerar um novo Jesus, um Jesus mais sintonizado com as novas características trazidas pelo capitalismo, um Jesus que glorificasse (e que não condenasse) a busca pelo lucro absoluto, um Jesus que aceitasse e justificasse a usura. Em outras palavras, um Jesus burguês, um Jesus capitalista. Os encarregados de comandar as mudanças da imagem de Jesus que os novos tempos capitalistas exigiam foram os ideólogos ligados aos grandes líderes e articuladores do protestantismo, integrantes de correntes oriundas da Igreja Católica que queriam a adaptação do cristianismo aos interesses da burguesia que entrava com força na luta para consolidar as posições já adquiridas e para conquistar novos espaços de poder.
Também é certo que as cúpulas dirigentes da Igreja Católica logo entenderam que lhes seria impossível sobreviver se não encontrassem fórmulas que lhes permitissem sua adaptação às novas condições geradas pelo capitalismo, uma vez que a força avassaladora deste novo sistema de exploração econômica não tinha como ser ignorada. Desde então, as hierarquias da Igreja Católica e as das novas igrejas protestantes se puseram a disputar entre si a representação dos interesses básicos das classes capitalistas dominantes.
Mas, como a roda da história jamais se detém, no século XXI, entramos numa nova era, a era do neoliberalismo, a era da primazia do capitalismo sem nenhum entrave, a era da financeirização, a era da prevalência total do individual sobre o coletivo, a era do capitalismo absoluto, a era em que nenhum direito deveria ser concedido para os trabalhadores ou, dito com outras palavras, a era em que o poder do dinheiro deveria estar acima de tudo e de todos.
Portanto, de modo semelhante ao que sempre vinha ocorrendo em períodos de mudanças no passado, os ideólogos das elites de poder que hegemonizam esta nova fase sentiram a necessidade de adaptar a figura de Jesus aos interesses maiores daqueles que comandam o processo de acumulação de riquezas neste momento específico, em especial, aos dos capitalistas dos setores rentistas-financeiros. Foi assim que apareceu em cena um Jesus neoliberal, um Jesus que se opõe à luta unificada e organizada das classes trabalhadoras, um Jesus que prega o acúmulo de riquezas e a conquista do sucesso pessoal como os objetivos maiores, um Jesus que abençoa a cada qual de acordo com a fortuna que tenha acumulado, um Jesus que defende e estimula atitudes individualistas, o Jesus do cada um por si, o Jesus do egoísmo, ou seja, o Jesus da Teologia da Prosperidade.
E em que fontes os ideólogos da Teologia da Prosperidade foram encontrar amparo para a edificação desta nova figura de Jesus, desta figura completamente diferente do Jesus exposto nos relatos de sua vida? Logicamente, os exemplos de vida de Jesus jamais poderiam servir para justificar a canalhice de transformá-lo no protetor máximo dos capitalistas neoliberais da atualidade, os seres mais anticristãos de todos os tempos. Os textos dos Evangelhos que relatam a vida de Jesus não poderiam oferecer a esses ideólogos a serviço do neoliberalismo nada que sustentasse a imagem de um Jesus avarento, de um Jesus que toma o lado dos poderosos e não o dos humildes, em outras palavras, de um Jesus capitalista neoliberal. Sendo assim, tanto quanto seja possível, eles precisam evitar que a massa de seus seguidores inocentes, os quais estão de verdade em busca da salvação em Jesus, tenha contato com os relatos da trajetória da vida de Jesus, uma vida que entra em profunda contradição com o que é pregado pelos ideólogos religiosos do neoliberalismo.
Em momentos em que os ideólogos do Jesus neoliberal querem fortalecer a ideia de que a busca da riqueza pessoal por si só é uma dádiva divina, e que aquele que mais acumula riquezas é quem mais foi abençoado por Jesus, como equiparar isso com o Jesus que condenava a busca por ganâncias e dizia que era mais fácil um camelo passar pelo buraco de uma agulha do que um rico entrar no ceu? Como equiparar o Jesus que é usado pelos defensores da Teologia da Prosperidade para extrair dos pobres o pouco que eles possuem em benefício das novas igrejas e de seus donos multimilionários com o Jesus que condenou e expulsou os mercadores do templo, aqueles mercadores que queriam se enriquecer explorando a fé do povo?
Está mais do que evidente de que nos Evangelhos que abordam a trajetória de vida de Jesus nada disto encontraria amparo. Por isso, não é à toa que os proprietários da maioria das novas igrejas neopentecostais (sim, proprietários, porque essas novas igrejas devem funcionar como negócios do capitalismo neoliberal) e os dirigentes da chamada Renovação Carismática Católica (também eles adeptos da Teologia da Prosperidade) se apegam muitíssimo mais ao Velho Testamento do que aos textos dos Evangelhos onde a vida de Jesus está relatada. É porque no Velho Testamento todo tipo de crueldade e exploração pode ser admitido, até mesmo a escravidão. Em relação a isto, vamos deixar claro que não há nenhuma manifestação do deus do Velho Testamento que condene a escravidão, que condene a abominação de que alguns seres humanos sejam proprietários de outros seres humanos. Para esse deus do Velho Testamento, tudo isso está em seus conformes. Aí está algo que vem a calhar com as aspirações do capitalismo neoliberal, que também só vê perspectivas de continuidade dentro de um processo que desemboque na reescravização das classes trabalhadoras.
Mas, não podemos nos esquecer de que os grandes contingentes de seguidores dessas igrejas falsamente cristãs são eles mesmos vítimas desse monstruoso estelionato simbólico-espiritual. Os exploradores de sua fé sabem muito bem que somente com sua falta de unidade eles poderão continuar sendo usados como massa de manobra para favorecer os interesses daqueles que nada têm a ver com as aspirações sinceras de Jesus. Os capitalistas neoliberais se utilizam deliberadamente da Teologia da Prosperidade para manter seus fieis submissos e dispostos a aceitar as diretrizes que eles traçam de acordo com seus interesses de elite, e não com os dessa gente trabalhadora e sincera. Os seguidores dessas igrejas são, em sua imensa maioria, de condições sociais muito precárias, com dificuldades de escolarização, com escassas possibilidades de acesso a fontes de informações que questionem a realidade falsificada que os meios de comunicação corporativos e os púlpitos dos templos neoliberais lhes apresentam. É um número muito expressivo de pessoas que precisam ser ganhas, e precisam ser ganhas para os propósitos de Jesus. Porque elas, sim, têm tudo a ver com as aspirações de Jesus.
A luta, portanto, não dá nenhum indício de que venha a ser fácil. Os donos do poder contam com muitíssimas mais condições favoráveis dos que os que desejam gerar um mundo novo, mais justo e humanitário. Porém, quem se inspira em Jesus, não pode se sentir derrotado em razão do tamanho da dificuldade. Se Jesus fosse pensar assim, jamais teria decidido dar o primeiro passo de sua caminhada de libertação. Nesta luta, para empregar os termos aos quais os donos de grande parte das igrejas neopentecostais gostam de se aferrar, vai ser necessário travar fortes combates contra as forças do diabo. Só que, neste caso, são eles os que representam o diabo. São eles os inimigos de Jesus que devem ser derrotados. E este deve ser nosso apelo ao povo que anda em busca de Jesus como Jesus realmente é. Vamos devolver a Jesus o significado com o qual ele surgiu e com o qual ele sempre deveria ser associado.
Em vista do acima exposto, acredito que, para assumir a defesa e o resgate deste Jesus, o que menos importa é a questão das preferências religiosas específicas das pessoas. Qualquer um que almeje a construção de um mundo onde impere a justiça, a solidariedade, o respeito e o amparo aos necessitados, onde não sejam os interesses dos poderosos os que se sobreponham aos das maiorias humildes, um mundo onde não existam a miséria e a opulência como se fossem dadivas naturais de uns e de outros, qualquer pessoa em tais condições é digna de ser reconhecida como um seguidor de Jesus, um cristão de verdade, e não um mero falsário.
Devemos defender a retomada de Jesus pelos princípios que fizeram dele o símbolo maior do amor, da justiça, da paz, da tolerância. Devemos resgatar o Jesus que lutava para saciar a fome de todos, aquele Jesus que nasceu e viveu para que todos pudessem ser felizes, para que todos pudessem viver com dignidade. Jesus não se sacrificou para causar-nos sofrimento, Jesus lutou para ensinar-nos como encontrar o caminho da felicidade. Mas, a partir dos ensinamentos de Jesus, vamos entender que só com a unidade os humildes podem se tornar fortes, e tornar-se fortes não para explorar os outros que estejam mais debilitados, e sim para avançar cada vez mais no rumo de uma vida melhor para todos.
* Jair de Souza é economista formado pela UFRJ e mestre em Linguística também pela UFRJ.
É impossível continuar assistindo de modo impassível o que está acontecendo no Brasil, no resto da América Latina e em outras partes do mundo menos desenvolvido. Estamos diante de um fenômeno que parece inexplicável por vias racionais.
Todos os relatos referentes à trajetória da vida de Jesus apresentam-no como um ser oriundo do seio das camadas mais humildes de sua sociedade naqueles tempos. E se isso não bastasse, em todas as circunstâncias em que Jesus aparece interatuando com outras pessoas, ele sempre se mostra profundamente vinculado aos interesses da gente mais humilde, da gente mais necessitada, da gente oprimida. Não há nenhuma passagem relativa à vida de Jesus na qual o encontramos aderindo às posições e aos interesses dos ricos e poderosos. Já os exemplos de seu comprometimento com as lutas dos mais vulneráveis são abundantes e permeiam todo o transcorrer de sua vida terrenal.
Diante do que acaba de ser dito, como é possível que existam na atualidade fortes correntes religiosas que propagam a imagem de um Jesus inteiramente oposto àquele que encontramos nos relatos de sua vida? As razões para que este fenômeno se dê são parecidas às que sempre motivaram as classes dominantes a se apropriar e desvirtuar todos os símbolos de dignidade e luta que possam servir para uma eventual emancipação das maiorias populares. Não há nenhum nome de significância para o conjunto dos povos não oligarcas que não tenha tido sua trajetória de vida manipulada com o objetivo de adaptá-lo aos interesses e propósitos dos grupos de poder dominantes.
Só para recordar um nome caro aos povos latinoamericanos, podemos citar o caso de Simón Bolívar. Como deve ser recordado por quem já dedicou algum tempo a estudar o papel de Bolívar nas lutas de emancipação dos povos de nossa América, sua grandiosidade se deve principalmente ao fato de ele ter entendido que uma verdadeira libertação de nossa gente não poderia se efetivar se as maiorias trabalhadoras ou escravizadas continuassem sob o domínio das oligarquias opressoras e escravocratas. Foi por esta postura que Simón Bolívar conseguiu fazer das lutas contra as forças colonialistas europeias uma guerra de emancipação popular, bem diferente do que ocorreu no processo de emancipação brasileiro, no qual todos os arranjos se fizeram somente a nível de cúpulas, sem participação popular efetiva.
Simón Bolívar confiava no povo e sentia que só com um engajamento ativo e consciente do mesmo uma verdadeira libertação poderia ser alcançada.
No entanto, logicamente, as oligarquias rurais que detinham o poder de fato na América colonizada pelos espanhois não compartilhavam para nada desta visão de Bolívar. Queriam sua autonomia dos centros de comando da Europa para poder aumentar e dispor de seus ganhos com mais desenvoltura, mas não para compartilhar com as massas trabalhadoras os frutos dessa emancipação. Eles precisavam de Bolívar para vencer a guerra contra as metrópoles colonizadoras, porém não estavam dispostos a ceder a esses trabalhadores que estavam sendo arregimentados para as lutas coloniais nenhum milímetro do controle que exerciam sobre as riquezas e sobre o aparato do Estado.
Tanto era assim que, tão logo as forças organizadas e comandadas por Bolívar obtiveram suas vitórias decisivas contra as tropas espanholas, as oligarquias locais se dedicaram a hostilizá-lo, a enfraquecê-lo e a persegui-lo. De tudo fizeram, até que conseguiram derrotar o grande Libertador e deixá-lo morrer isolado e na pobreza absoluta, em Santa Marta, Colômbia.
Entretanto, a força simbólica de Bolívar junto as massas populares era tão grande que seria impossível para as oligarquias simplesmente desfazer de seu nome, deixá-lo no esquecimento. Foi por isso que começou-se a estruturar um plano de transformação da figura de Bolívar. De grande combatente favorável à inclusão das maiorias populares nos processos de emancipação, as oligarquias passaram a venerá-lo como uma figura oca, desprovida de qualquer importância real em relação com os interesses populares. Falava-se o tempo todo de Simón Bolívar, mas nunca para reivindicar seus exemplos concretos. Ergueram-se estátuas e monumentos a Simón Bolívar por quase todas as ruas e praças de nossa América, mas a vinculação de Bolívar com as lutas concretas do povo não podiam ser mencionadas.
E a coisa foi sendo levada nesta toada, até que, num momento bem recente de nossa história, surgiu alguém que decidiu rever o papel de Simón Bolívar na história. Quem foi este alguém? Como todos sabem, ou deveriam saber, estamos falando de Hugo Chávez. A partir do instante em que Chávez exitosamente resgata a figura de Bolívar para o campo popular, as oligarquias abandonaram de vez todas suas venerações falsas e ocas a Simón Bolívar. Atualmente, uma simples menção positiva a Bolívar pode provocar reações das mais raivosas de parte das oligarquias ou, ainda mais furibundas, por parte dos ideólogos que sobrevivem da defesa serviçal dessas oligarquias.
Traçado este breve paralelo com a vida de Simón Bolívar, podemos voltar ao caso atual de Jesus. Quando estudamos a história da vida relatada de Jesus, só o que encontramos é um Jesus inteiramente devotado às causas claramente vinculadas aos interesses da gente humilde, da gente que sofria a opressão imposta tanto pelos colonizadores estrangeiros de sua terra como pelas cúpulas religiosas que, como costuma acontecer, se mancomunavam com os invasores para tirar proveitos em seu próprio benefício.
O que vemos o tempo todo é o Jesus que condenava a avareza, o Jesus que se opunha à exploração da fé por parte dos mercadores gananciosos, o Jesus que combatia o falso moralismo daqueles que condenavam hipocritamente o que viviam fazendo o tempo todo, o Jesus que se insurgia contra preceitos estabelecidos no Velho Testamento por considerá-los ultrapassados e contrários aos sentimentos que ele próprio defendia.
O certo é que, ao chegar ao conhecimento do povo, os relatos de toda esta trajetória serviram para fazer de Jesus o nome mais expressivo dos sentimentos populares daquela época em sua região. Os movimentos religiosos em torno de Jesus se iniciaram e cresceram a partir das comunidades mais carentes, das comunidades mais necessitadas, das comunidades agredidas pelas forças dos poderosos, das comunidades que sofriam perseguição e buscavam em Jesus a força de coesão para resistir coletivamente aos ataques que sofriam. Os movimentos em torno de Jesus sempre tiveram desde seu início as características de buscar a união dos mais fracos para transformá-la em força. Em nenhum momento estavam presentes objetivos individualistas e egoístas, objetivos do cada um por si.
Como é sabido, em sua fase inicial, ainda sob o domínio colonial do Império Romano, os seguidores de Jesus tinham de desenvolver suas atividades às escondidas das autoridades do Estado e das autoridades religiosas de então. Não foi por acaso que as catacumbas foram os berços das primeiras associações de seguidores de Jesus. Era ali que eles buscavam encontrar condições para divulgar suas crenças e projetar suas esperanças para alcançar o futuro almejado por Jesus: um mundo de paz, de justiça, de solidariedade, de igualdade e de amor; um mundo sem a exploração dos humildes por parte dos poderosos. Para Jesus, o povo de Deus eram todos os que se propunham a viver em função da busca desses objetivos. Jesus não poderia compactuar com a visão de um deus racista, egoísta e discriminador como estava escrito no Velho Testamento. Para Jesus, um deus que tivesse um povo escolhido jamais poderia ser um Deus do amor. Como poderia um Deus do amor determinar um povo como seu preferido se ninguém tem como escolher em que povo vai nascer? Por isso, Jesus pôs fim a esse absurdo que estava estipulado no Velho Testamento.
Não obstante, com o avanço irrefreável desses movimentos cristãos de base, os quais cresciam a passos gigantescos entre as populações desamparadas do Império Romano, as autoridades estatais tomaram a decisão de tratar de enquadrá-los, de colocá-los dentro de parâmetros que impedissem que viessem a extrapolar as órbitas do tolerado pelos setores dominantes de então. Foi por tal motivação que se deu a chamada constantinização do cristianismo. Ou seja, o imperador romano Constantino deu ao cristianismo o status de religião oficialmente aceita pelo Império. Pouco depois, o cristianismo passaria a ser a única religião oficial do Império Romano. Não era pouca coisa, de religião proscrita e sob perseguição constante, o cristianismo se transformou na única religião tolerada e com poderes de impedir o exercício de quaisquer outras em condições de igualdade.
Certamente, esta transformação não foi feita com a preservação das bases que, em sua origem, haviam moldado as características essenciais do cristianismo. A nobreza precisava colocar a figura de Jesus a serviço de sua causa. E, portanto, de um ser simples, humilde, um carpinteiro e pescador que comungava da luta e das dificuldades da gente humilde, a imagem de Jesus passou a ser trabalhada como a do representante máximo da nobreza, ou seja, apareceu em cena o Cristo Rei. Em outras palavras, de um ser comprometido com os sentimentos e os sofrimentos mais profundos das camadas populares, o nome de Jesus começou a ser usado para representar todo o oposto. A partir daí, Jesus foi transformado no símbolo máximo daqueles que já tinham nascido com todos os privilégios garantidos, Jesus virou o suprassumo da nobreza. Seria possível imaginar maior crueldade para com a memória de Jesus?
E para que a gente se dê conta dos horrores derivados da manipulação criminosa do nome de Jesus pelas forças da nobreza e seus representantes eclesiásticos daqueles tempos, nada mais estarrecedor do que os massacres da Inquisição. É tristemente apavorante constatar quantos crimes monstruosos foram executados pelos inquisidores apelando para o nome de Jesus. E que culpa tinha Jesus nestes casos? Como podia Jesus esperar que toda sua dedicação e luta pela paz, pela irmandade, pela tolerância, pelo amor, fosse indecentemente apropriada por gente que se dispunha a matar, a perseguir, a torturar, a queimar vivos outros seres humanos que, por alguma razão, não estavam alinhados com os interesses desses trogloditas que se haviam apropriado de seu nome?
E não nos iludamos, por mais que se fale em questões de moralidade, por mais que se invoque questões de espiritualidade, o que de fato impulsiona os poderosos em suas atitudes assassinas são seus interesses materiais. No passado, no presente e, muito provavelmente, no futuro são os interesses materiais concretos, os interesses relacionados com o acúmulo de riquezas e de poder, que costumam determinar o comportamento daqueles que gozam de privilégios exclusivos e que contam com a força material e ideológica para defendê-los.
Já com o surgimento do capitalismo e as novas relações econômicas que dele advinham, as cabeças pensantes da classe dominante que emergia (a burguesia) também sentiram que seria preciso gerar um novo Jesus, um Jesus mais sintonizado com as novas características trazidas pelo capitalismo, um Jesus que glorificasse (e que não condenasse) a busca pelo lucro absoluto, um Jesus que aceitasse e justificasse a usura. Em outras palavras, um Jesus burguês, um Jesus capitalista. Os encarregados de comandar as mudanças da imagem de Jesus que os novos tempos capitalistas exigiam foram os ideólogos ligados aos grandes líderes e articuladores do protestantismo, integrantes de correntes oriundas da Igreja Católica que queriam a adaptação do cristianismo aos interesses da burguesia que entrava com força na luta para consolidar as posições já adquiridas e para conquistar novos espaços de poder.
Também é certo que as cúpulas dirigentes da Igreja Católica logo entenderam que lhes seria impossível sobreviver se não encontrassem fórmulas que lhes permitissem sua adaptação às novas condições geradas pelo capitalismo, uma vez que a força avassaladora deste novo sistema de exploração econômica não tinha como ser ignorada. Desde então, as hierarquias da Igreja Católica e as das novas igrejas protestantes se puseram a disputar entre si a representação dos interesses básicos das classes capitalistas dominantes.
Mas, como a roda da história jamais se detém, no século XXI, entramos numa nova era, a era do neoliberalismo, a era da primazia do capitalismo sem nenhum entrave, a era da financeirização, a era da prevalência total do individual sobre o coletivo, a era do capitalismo absoluto, a era em que nenhum direito deveria ser concedido para os trabalhadores ou, dito com outras palavras, a era em que o poder do dinheiro deveria estar acima de tudo e de todos.
Portanto, de modo semelhante ao que sempre vinha ocorrendo em períodos de mudanças no passado, os ideólogos das elites de poder que hegemonizam esta nova fase sentiram a necessidade de adaptar a figura de Jesus aos interesses maiores daqueles que comandam o processo de acumulação de riquezas neste momento específico, em especial, aos dos capitalistas dos setores rentistas-financeiros. Foi assim que apareceu em cena um Jesus neoliberal, um Jesus que se opõe à luta unificada e organizada das classes trabalhadoras, um Jesus que prega o acúmulo de riquezas e a conquista do sucesso pessoal como os objetivos maiores, um Jesus que abençoa a cada qual de acordo com a fortuna que tenha acumulado, um Jesus que defende e estimula atitudes individualistas, o Jesus do cada um por si, o Jesus do egoísmo, ou seja, o Jesus da Teologia da Prosperidade.
E em que fontes os ideólogos da Teologia da Prosperidade foram encontrar amparo para a edificação desta nova figura de Jesus, desta figura completamente diferente do Jesus exposto nos relatos de sua vida? Logicamente, os exemplos de vida de Jesus jamais poderiam servir para justificar a canalhice de transformá-lo no protetor máximo dos capitalistas neoliberais da atualidade, os seres mais anticristãos de todos os tempos. Os textos dos Evangelhos que relatam a vida de Jesus não poderiam oferecer a esses ideólogos a serviço do neoliberalismo nada que sustentasse a imagem de um Jesus avarento, de um Jesus que toma o lado dos poderosos e não o dos humildes, em outras palavras, de um Jesus capitalista neoliberal. Sendo assim, tanto quanto seja possível, eles precisam evitar que a massa de seus seguidores inocentes, os quais estão de verdade em busca da salvação em Jesus, tenha contato com os relatos da trajetória da vida de Jesus, uma vida que entra em profunda contradição com o que é pregado pelos ideólogos religiosos do neoliberalismo.
Em momentos em que os ideólogos do Jesus neoliberal querem fortalecer a ideia de que a busca da riqueza pessoal por si só é uma dádiva divina, e que aquele que mais acumula riquezas é quem mais foi abençoado por Jesus, como equiparar isso com o Jesus que condenava a busca por ganâncias e dizia que era mais fácil um camelo passar pelo buraco de uma agulha do que um rico entrar no ceu? Como equiparar o Jesus que é usado pelos defensores da Teologia da Prosperidade para extrair dos pobres o pouco que eles possuem em benefício das novas igrejas e de seus donos multimilionários com o Jesus que condenou e expulsou os mercadores do templo, aqueles mercadores que queriam se enriquecer explorando a fé do povo?
Está mais do que evidente de que nos Evangelhos que abordam a trajetória de vida de Jesus nada disto encontraria amparo. Por isso, não é à toa que os proprietários da maioria das novas igrejas neopentecostais (sim, proprietários, porque essas novas igrejas devem funcionar como negócios do capitalismo neoliberal) e os dirigentes da chamada Renovação Carismática Católica (também eles adeptos da Teologia da Prosperidade) se apegam muitíssimo mais ao Velho Testamento do que aos textos dos Evangelhos onde a vida de Jesus está relatada. É porque no Velho Testamento todo tipo de crueldade e exploração pode ser admitido, até mesmo a escravidão. Em relação a isto, vamos deixar claro que não há nenhuma manifestação do deus do Velho Testamento que condene a escravidão, que condene a abominação de que alguns seres humanos sejam proprietários de outros seres humanos. Para esse deus do Velho Testamento, tudo isso está em seus conformes. Aí está algo que vem a calhar com as aspirações do capitalismo neoliberal, que também só vê perspectivas de continuidade dentro de um processo que desemboque na reescravização das classes trabalhadoras.
Mas, não podemos nos esquecer de que os grandes contingentes de seguidores dessas igrejas falsamente cristãs são eles mesmos vítimas desse monstruoso estelionato simbólico-espiritual. Os exploradores de sua fé sabem muito bem que somente com sua falta de unidade eles poderão continuar sendo usados como massa de manobra para favorecer os interesses daqueles que nada têm a ver com as aspirações sinceras de Jesus. Os capitalistas neoliberais se utilizam deliberadamente da Teologia da Prosperidade para manter seus fieis submissos e dispostos a aceitar as diretrizes que eles traçam de acordo com seus interesses de elite, e não com os dessa gente trabalhadora e sincera. Os seguidores dessas igrejas são, em sua imensa maioria, de condições sociais muito precárias, com dificuldades de escolarização, com escassas possibilidades de acesso a fontes de informações que questionem a realidade falsificada que os meios de comunicação corporativos e os púlpitos dos templos neoliberais lhes apresentam. É um número muito expressivo de pessoas que precisam ser ganhas, e precisam ser ganhas para os propósitos de Jesus. Porque elas, sim, têm tudo a ver com as aspirações de Jesus.
A luta, portanto, não dá nenhum indício de que venha a ser fácil. Os donos do poder contam com muitíssimas mais condições favoráveis dos que os que desejam gerar um mundo novo, mais justo e humanitário. Porém, quem se inspira em Jesus, não pode se sentir derrotado em razão do tamanho da dificuldade. Se Jesus fosse pensar assim, jamais teria decidido dar o primeiro passo de sua caminhada de libertação. Nesta luta, para empregar os termos aos quais os donos de grande parte das igrejas neopentecostais gostam de se aferrar, vai ser necessário travar fortes combates contra as forças do diabo. Só que, neste caso, são eles os que representam o diabo. São eles os inimigos de Jesus que devem ser derrotados. E este deve ser nosso apelo ao povo que anda em busca de Jesus como Jesus realmente é. Vamos devolver a Jesus o significado com o qual ele surgiu e com o qual ele sempre deveria ser associado.
Em vista do acima exposto, acredito que, para assumir a defesa e o resgate deste Jesus, o que menos importa é a questão das preferências religiosas específicas das pessoas. Qualquer um que almeje a construção de um mundo onde impere a justiça, a solidariedade, o respeito e o amparo aos necessitados, onde não sejam os interesses dos poderosos os que se sobreponham aos das maiorias humildes, um mundo onde não existam a miséria e a opulência como se fossem dadivas naturais de uns e de outros, qualquer pessoa em tais condições é digna de ser reconhecida como um seguidor de Jesus, um cristão de verdade, e não um mero falsário.
Devemos defender a retomada de Jesus pelos princípios que fizeram dele o símbolo maior do amor, da justiça, da paz, da tolerância. Devemos resgatar o Jesus que lutava para saciar a fome de todos, aquele Jesus que nasceu e viveu para que todos pudessem ser felizes, para que todos pudessem viver com dignidade. Jesus não se sacrificou para causar-nos sofrimento, Jesus lutou para ensinar-nos como encontrar o caminho da felicidade. Mas, a partir dos ensinamentos de Jesus, vamos entender que só com a unidade os humildes podem se tornar fortes, e tornar-se fortes não para explorar os outros que estejam mais debilitados, e sim para avançar cada vez mais no rumo de uma vida melhor para todos.
* Jair de Souza é economista formado pela UFRJ e mestre em Linguística também pela UFRJ.
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