Por Renato Rovai, em seu blog:
Há muita gente se perguntando se não era melhor ter passado direto de 2018 para 2020, como se o ano que termina não tivesse existido.
Uma sensação de gosto amargo na boca, de que tudo ou quase tudo deu errado é o mantra da vez.
Há muita gente se perguntando se não era melhor ter passado direto de 2018 para 2020, como se o ano que termina não tivesse existido.
Uma sensação de gosto amargo na boca, de que tudo ou quase tudo deu errado é o mantra da vez.
A sensação dos que defendem a democracia, o meio ambiente, os direitos humanos, as liberdades é de que estamos saindo piores do que entramos deste ano.
Há muito de verdade nisso, mas nem sempre tudo é tão verdadeiro quanto parece.
Sem querer fazer o papel de Polyana, fazendo o jogo do contente e tentando extrair algo de bom e positivo de tudo, quero dizer que sim, aprendemos muitas coisas neste 2019 e que serão fundamentais pra gente seguir adiante.
Aprendemos, por exemplo, que ampla maioria dos neoliberais se danam para a democracia e as liberdades. Eles estão de olho nas planilhas da bolsa e na política econômica. E que se as tais reformas estiverem sendo feitas eles se fazem de cego em relação às outras coisas.
Que a mídia brasileira nunca esteve preocupada de fato com a liberdade de imprensa ou com ameaça autoritária aos meios de comunicação, porque Bolsonaro fez o que quis com os veículos e ouviu no máximo lamurias de um ou outro, com destaque especial à Folha de S. Paulo, que premia o presidente no último dia do ano com um artigo onde um energúmeno (usando o vocabulário presidencial) defende com destaque avanços nos direitos humanos no atual governo.
Aprendemos neste ano que muitos artistas que berravam forte contra qualquer decisão do governo Lula ou Dilma, como a tentativa correta de criação da Ancinav, não são tão corajosos assim para contestar a destruição, por exemplo, da Ancine.
Aprendemos que um ministro como o da Educação pode tirar duas férias no ano sem que isso se torne um escândalo, quando antes um comprar uma tapioca virava horas de matérias televisivas.
Aprendemos que um presidente da República pode esconder os gastos de seu cartão corporativo e fazer viagens internacionais sem agenda que as justifiquem.
Aprendemos que muitos ambientalistas de botequim e de boutique não choram pela Amazônia quando ela está sofrendo seu maior ataque ambiental.
Aprendemos que fazer política é algo mais complexo. Que o bom mocismo do Papai Noel é coisa só para o Natal e que precisamos levar mais a sério a luta popular. Olhar mais para o andar de baixo da sociedade e voltar a dialogar com o povo.
Porque também aprendemos que hoje aquela base social que considerávamos mais próxima aos valores que defendemos está sendo disputada com unhas e dentes por usurpadores da fé alheia e por milícias do crime organizado. Que a desestruturação social é algo muito mais complexo do que imaginamos e não é algo que vai ser resolvido numa penada ou pelos desígnios de um líder como Lula ou pela força do Papa Francisco.
Estamos num momento de virada da curva, de mudança de ciclo e este aprendizado vai obrigatoriamente nos fazer reinventar. Ou a gente faz isso levando em conta 2019 ou a gente vai sair muito pior lá na frente.
2019 não é um ano para ser esquecido.
Há muito de verdade nisso, mas nem sempre tudo é tão verdadeiro quanto parece.
Sem querer fazer o papel de Polyana, fazendo o jogo do contente e tentando extrair algo de bom e positivo de tudo, quero dizer que sim, aprendemos muitas coisas neste 2019 e que serão fundamentais pra gente seguir adiante.
Aprendemos, por exemplo, que ampla maioria dos neoliberais se danam para a democracia e as liberdades. Eles estão de olho nas planilhas da bolsa e na política econômica. E que se as tais reformas estiverem sendo feitas eles se fazem de cego em relação às outras coisas.
Que a mídia brasileira nunca esteve preocupada de fato com a liberdade de imprensa ou com ameaça autoritária aos meios de comunicação, porque Bolsonaro fez o que quis com os veículos e ouviu no máximo lamurias de um ou outro, com destaque especial à Folha de S. Paulo, que premia o presidente no último dia do ano com um artigo onde um energúmeno (usando o vocabulário presidencial) defende com destaque avanços nos direitos humanos no atual governo.
Aprendemos neste ano que muitos artistas que berravam forte contra qualquer decisão do governo Lula ou Dilma, como a tentativa correta de criação da Ancinav, não são tão corajosos assim para contestar a destruição, por exemplo, da Ancine.
Aprendemos que um ministro como o da Educação pode tirar duas férias no ano sem que isso se torne um escândalo, quando antes um comprar uma tapioca virava horas de matérias televisivas.
Aprendemos que um presidente da República pode esconder os gastos de seu cartão corporativo e fazer viagens internacionais sem agenda que as justifiquem.
Aprendemos que muitos ambientalistas de botequim e de boutique não choram pela Amazônia quando ela está sofrendo seu maior ataque ambiental.
Aprendemos que fazer política é algo mais complexo. Que o bom mocismo do Papai Noel é coisa só para o Natal e que precisamos levar mais a sério a luta popular. Olhar mais para o andar de baixo da sociedade e voltar a dialogar com o povo.
Porque também aprendemos que hoje aquela base social que considerávamos mais próxima aos valores que defendemos está sendo disputada com unhas e dentes por usurpadores da fé alheia e por milícias do crime organizado. Que a desestruturação social é algo muito mais complexo do que imaginamos e não é algo que vai ser resolvido numa penada ou pelos desígnios de um líder como Lula ou pela força do Papa Francisco.
Estamos num momento de virada da curva, de mudança de ciclo e este aprendizado vai obrigatoriamente nos fazer reinventar. Ou a gente faz isso levando em conta 2019 ou a gente vai sair muito pior lá na frente.
2019 não é um ano para ser esquecido.
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