Por Tereza Cruvinel, no site Brasil-247:
Nesta segunda-feira (6), Bolsonaro ampliou os vetos que apôs ao projeto do Congresso tornando obrigatório o uso de máscaras em várias situações.
Dispensou também a obrigação de uso nas penitenciárias, onde há milhares de infectados e já ocorrem muitos óbitos.
Canetou ainda o artigo que obrigava os estabelecimentos a fixar cartazes informando sobre o uso correto da máscara.
Na sexta-feira, com os primeiros vetos, já dispensa da exigência as igrejas, estabelecimentos comerciais, escolas e prédios públicos, incluindo os que abrigam órgãos governamentais.
Felizmente o Brasil é uma federação.
Governadores e prefeitos, embora já tenham se dobrado a Bolsonaro com suas aberturas comerciais precipitadas, baixaram normas locais sobre a obrigação de usar a máscara, o mais universal, barato e eficiente equipamento de proteção e redução das contaminações pelo novo coronavírus.
Do projeto do Congresso, restou mesmo a obrigação de usá-la em transportes públicos e espaços abertos de circulação de pessoas. Mas as normas locais vão prevalecer.
Em conversa na semana passada com um amigo que é funcionário federal, ele me contava ter saído do home office e voltado ao trabalho presencial em certo ministério, a chamado.
Perguntei se trabalhava de máscara e ele disse que não.
Em seu andar, pelo menos, ninguém usa. “Usar máscara lá não pega bem”, disse ele.
Quem usa começa a ser olhado de esguelha, a ser apontado como de oposição, petista, esquerdista ou até comunista.
Assim está o Brasil.
A extrema direita, seguindo o discurso e as práticas negacionistas de Bolsonaro, conseguiu ideologizar até mesmo a máscara.
Para justificar seus vetos, Bolsonaro alegou que as empresas já seguem normas específicas de funcionamento e que estados e municípios têm a prerrogativa de baixar normas sanitárias locais.
Foi exatamente pela falta de diretrizes nacionais, pela omissão do governo federal, que chegamos à atual situação, de segundo maior epicentro global da pandemia, com mais 1,5 milhão de infectados e mais de 65 mil mortos.
Em relação aos presídios federais, por exemplo, a alegação “federativa” de Bolsonaro não cola.
Prefeitos e governadores não podem fazer valer ali suas determinações. Ao liberar templos, repartições públicas, lojas, presídios e unidades socioeducativas do uso de máscara, Bolsonaro diz mais uma vez “e daí”?.
Diz mais uma vez que morra quem tiver de morrer.
Nos presídios, para ele, quanto mais detentos morrerem, melhor. Afinal, ele acha que bandido bom é bandido morto.
A implicância de Bolsonaro com a máscara, que nunca usa, com a qual se atrapalha quando tenta fingir que usa, é metáfora perfeita de sua pulsão de morte.
Agora que o isolamento acabou, que ele venceu a disputa inicial com governadores, prefeitos, cientistas e sanitaristas, fazendo prevalecer a economia sobre a vida, com a abertura precipitada, Bolsonaro investe contra o recurso protetor que restou, a máscara.
Morra quem tiver de morrer. E daí?
Ele não é coveiro mas as covas em profusão, imagem mais dolorosa da pandemia, não o comovem.
O que mexe com as energias de Bolsonaro são a morte, a violência e o confronto.
Deve estar duro para ele sujeição ao modelito moderado que o fizeram vestir para evitar o naufrágio do governo.
A qualquer hora ele o rasgará verbalmente. Os vetos à lei das máscaras já foram um tirar da máscara do “Jair moderado”.
Mas Bolsonaro não está sozinho, embora não tenha a seu lado a maioria dos brasileiros.
Os cariocas alegres que foram aos bares e às praias, sem máscaras e aglomerados, retratam a parte do Brasil que se identifica com ele.
E, entre eles, principalmente, aquele casal que investiu contra o fiscal da Vigilância Sanitária Flávio Graça, quando tentou impedir uma aglomeração noturna no Rio.
No melhor estilo “você sabe com quem está falando?”, com a soberba da classe média que se julga elite e por isso pode pisar nos de baixo. Foi assim, segundo O Globo:
- Você não vai falar com o seu chefe, não? - perguntou o homem a Flávio, dando a entender que ele pagava o salário do superintendente.
Na mesma sequência, a mulher interrompe a conversa e afirma: — A gente paga você, filho.”
E quando o fiscal chamou o homem de cidadão, a mulher retrucou:
- Cidadão, não. Engenheiro civil formado e melhor que você.
Melhor, com certeza não. Melhor era o fiscal que estava cumprindo seu dever, tentando evitar o desrespeito à saúde dos outros, já que com a própria não se importava o casal. É o Brasil. Ou melhor, é um pedaço feio do Brasil.
Nesta segunda-feira (6), Bolsonaro ampliou os vetos que apôs ao projeto do Congresso tornando obrigatório o uso de máscaras em várias situações.
Dispensou também a obrigação de uso nas penitenciárias, onde há milhares de infectados e já ocorrem muitos óbitos.
Canetou ainda o artigo que obrigava os estabelecimentos a fixar cartazes informando sobre o uso correto da máscara.
Na sexta-feira, com os primeiros vetos, já dispensa da exigência as igrejas, estabelecimentos comerciais, escolas e prédios públicos, incluindo os que abrigam órgãos governamentais.
Felizmente o Brasil é uma federação.
Governadores e prefeitos, embora já tenham se dobrado a Bolsonaro com suas aberturas comerciais precipitadas, baixaram normas locais sobre a obrigação de usar a máscara, o mais universal, barato e eficiente equipamento de proteção e redução das contaminações pelo novo coronavírus.
Do projeto do Congresso, restou mesmo a obrigação de usá-la em transportes públicos e espaços abertos de circulação de pessoas. Mas as normas locais vão prevalecer.
Em conversa na semana passada com um amigo que é funcionário federal, ele me contava ter saído do home office e voltado ao trabalho presencial em certo ministério, a chamado.
Perguntei se trabalhava de máscara e ele disse que não.
Em seu andar, pelo menos, ninguém usa. “Usar máscara lá não pega bem”, disse ele.
Quem usa começa a ser olhado de esguelha, a ser apontado como de oposição, petista, esquerdista ou até comunista.
Assim está o Brasil.
A extrema direita, seguindo o discurso e as práticas negacionistas de Bolsonaro, conseguiu ideologizar até mesmo a máscara.
Para justificar seus vetos, Bolsonaro alegou que as empresas já seguem normas específicas de funcionamento e que estados e municípios têm a prerrogativa de baixar normas sanitárias locais.
Foi exatamente pela falta de diretrizes nacionais, pela omissão do governo federal, que chegamos à atual situação, de segundo maior epicentro global da pandemia, com mais 1,5 milhão de infectados e mais de 65 mil mortos.
Em relação aos presídios federais, por exemplo, a alegação “federativa” de Bolsonaro não cola.
Prefeitos e governadores não podem fazer valer ali suas determinações. Ao liberar templos, repartições públicas, lojas, presídios e unidades socioeducativas do uso de máscara, Bolsonaro diz mais uma vez “e daí”?.
Diz mais uma vez que morra quem tiver de morrer.
Nos presídios, para ele, quanto mais detentos morrerem, melhor. Afinal, ele acha que bandido bom é bandido morto.
A implicância de Bolsonaro com a máscara, que nunca usa, com a qual se atrapalha quando tenta fingir que usa, é metáfora perfeita de sua pulsão de morte.
Agora que o isolamento acabou, que ele venceu a disputa inicial com governadores, prefeitos, cientistas e sanitaristas, fazendo prevalecer a economia sobre a vida, com a abertura precipitada, Bolsonaro investe contra o recurso protetor que restou, a máscara.
Morra quem tiver de morrer. E daí?
Ele não é coveiro mas as covas em profusão, imagem mais dolorosa da pandemia, não o comovem.
O que mexe com as energias de Bolsonaro são a morte, a violência e o confronto.
Deve estar duro para ele sujeição ao modelito moderado que o fizeram vestir para evitar o naufrágio do governo.
A qualquer hora ele o rasgará verbalmente. Os vetos à lei das máscaras já foram um tirar da máscara do “Jair moderado”.
Mas Bolsonaro não está sozinho, embora não tenha a seu lado a maioria dos brasileiros.
Os cariocas alegres que foram aos bares e às praias, sem máscaras e aglomerados, retratam a parte do Brasil que se identifica com ele.
E, entre eles, principalmente, aquele casal que investiu contra o fiscal da Vigilância Sanitária Flávio Graça, quando tentou impedir uma aglomeração noturna no Rio.
No melhor estilo “você sabe com quem está falando?”, com a soberba da classe média que se julga elite e por isso pode pisar nos de baixo. Foi assim, segundo O Globo:
- Você não vai falar com o seu chefe, não? - perguntou o homem a Flávio, dando a entender que ele pagava o salário do superintendente.
Na mesma sequência, a mulher interrompe a conversa e afirma: — A gente paga você, filho.”
E quando o fiscal chamou o homem de cidadão, a mulher retrucou:
- Cidadão, não. Engenheiro civil formado e melhor que você.
Melhor, com certeza não. Melhor era o fiscal que estava cumprindo seu dever, tentando evitar o desrespeito à saúde dos outros, já que com a própria não se importava o casal. É o Brasil. Ou melhor, é um pedaço feio do Brasil.
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