Editorial do site Vermelho:
A operação da Polícia Federal (PF) chamada Akuanduba, autorizada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), que investiga integrantes do Ministério do Meio Ambiente e do Ibama – além do ministro Ricardo Salles –, é mais um caso que pode ser entendido como escândalo dentro do escândalo. No governo Bolsonaro, a pasta é mais uma que vem sendo gerida de forma totalmente irresponsável. A denúncia de corrução se soma ao desmatamento descontrolado e à permissão do aumento das queimadas.
Segundo a PF, a ação apura suspeitas de crimes de corrupção, advocacia administrativa, prevaricação e facilitação de contrabando. Na autorização do ministro do STF, Alexandre de Moraes, há a determinação de afastamento do cargo de 10 servidores, incluindo o presidente do Ibama, Eduardo Bim. “Os depoimentos, os documentos e os dados coligidos sinalizam, em tese, para a existência de grave esquema de facilitação ao contrabando de produtos florestais”, diz a decisão do ministro.
O caso exige um exame clínico por se inserir no rol de denúncias contra o governo Bolsonaro. Esse olhar com lupa de precisão revela que se existe algo que o Brasil sob o bolsonarismo tem de sobra – como petróleo, minério de ferro e água – são evidências de corrupção. Por mais que o presidente da República negue, os fatos valem muito mais do que retórica. Para ele, pouco importa se o que é dito tem ou não tem nexo. Sua intenção é repetir a falsidade intensamente, fazendo dela algo que alimenta a própria repetição para tentar transformá-la em verdade.
O caso da corrupção é um dos clássicos dessa conduta bolsonarista. As denúncias que agora vêm à tona dão ensejo a debates acalorados, mas esse calor não exime a tarefa de analisá-las numa perspectiva mais ampla. São evidências que não podem dar em nada. As denúncias precisam ser investigadas com rigor porque são enfáticas e por envolver um setor estratégico da soberania nacional. O caso não pode ser tratado pela oposição como mais um entre os muitos que marcam o governo Bolsonaro.
Para que as denúncias se transformem em indignação social viva e pública, ela precisa de um ingrediente básico: credibilidade. Com a CPI da Covid-19, pode-se dizer que o Brasil está entrando numa fase em que o governo Bolsonaro tende a se isolar ainda mais, fato que oferece a oportunidade para se ampliar o leque de ações da oposição para atingir o cerne das causas dos males que assolam o país. Além da tragédia social decorrente do autoritarismo e das crises econômica e sanitária, os crimes contra o meio ambiente, regado à corrupção, devem estar no centro dos combates.
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