As denúncias reveladas no depoimento do diretor-executivo da Prevent Senior, Pedro Benedito Batista Júnior, nesta quarta-feira (22), foram consideradas por senadores da CPI da Covid como “estarrecedoras”, como classificou a senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA). O representante da operadora admitiu que, depois de 14 dias de internação ou 21 de terapia intensiva, as orientações no hospital eram para mudar o dignóstico de Covid para outra doença. Depois da quarentena, os pacientes eram transferidos para enfermarias ou quartos, para “tratamento paliativo”, e teriam a CID (classificação internacional de doença) alterada.
O senador Rogério Carvalho (PT-SE) – que é médico com residência em medicina preventiva e social – classificou essa entre as mais graves entre as muitas constatações da comissão no caso Prevent Senior. “É preciso saber qual o critério pelo qual o paciente seria tratado em UTI ou não. Porque ´é um dilema ético que não tem solução, porque no Brasil a eutanásia não está regulamentada. É um crime contra humanidade”, disse.
O senador Rogério Carvalho (PT-SE) – que é médico com residência em medicina preventiva e social – classificou essa entre as mais graves entre as muitas constatações da comissão no caso Prevent Senior. “É preciso saber qual o critério pelo qual o paciente seria tratado em UTI ou não. Porque ´é um dilema ético que não tem solução, porque no Brasil a eutanásia não está regulamentada. É um crime contra humanidade”, disse.
Segundo o senador Otto Alencar (PSD-AM), também médico, esses pacientes eram direcionados à “bomba de morfina”, em vez de serem submetidos a um tratamento correto na UTI. “É como se fosse uma eutanásia”, afirmou o relator Renan Calheiros (MDB-AL).
Carvalho comentou outros procedimentos da Prevent Senior como “muito graves”. Entre eles vários estudos desenvolvidos pela operadora, inclusive com células tronco, para tratamento da doença. Outros tinham o objetivo de comprovar a eficácia de medicamentos do chamado “kit covid”, que era oferecido de graça para tratamento precoce. “Foram feitos vários testes em seres humanos, sem autorização do Conep (Comissão Nacional de Ética em Pesquisa), das famílias, fazendo testes terapêuticos em seres humanos. A gente só viu isso em momentos que não é bom lembrar, durante a Segunda Guerra Mundial”, comparou Carvalho.
Segundo revelado à CPI da Covid, o prontuário de pacientes da Prevent Senior que foram a óbito em decorrência da Covid eram fraudados, deixando de registrar a doença como causa da morte. Foi o caso do médico negacionista Anthony Wong. “Por isso tinha taxa baixa de mortalidade”, disse Carvalho. Segundo Pedro Benedito Batista Júnior, de 18 mil internados, em torno de 4 mil pacientes da operadora morreram de Covid.
O diretor alegou que as denúncias contra a operadora sobre manipulação de prontuários são baseadas em adulterações feitas por médicos desligados da empresa que invadiram arquivos “criminosamente”.
Eliziane associou a suposta subnotificação de mortes por Covid, decorrente das práticas da Prevent, à divulgação de informação falsa, pelo auditor do Tribunal de Contas da União (TCU) Alexandre Figueiredo Costa Silva Marques. Ele produziu um “estudo” sobre mortes por Covid-19 segundo o qual havia uma “supernotificação” no número de óbitos. Tal documento foi divulgado por Jair Bolsonaro em uma de suas muitas investidas contra os protocolos científicos durante a pandemia.
Assédio a médicos
Batista Junior também negou que os médicos tenham sofrido assédio para usar o “kit covid”. Segundo denúncias, documentos e áudios em posse da CPI, profissionais que se recusavam a usar os medicamentos como hidroxicloroquina, azitromicina e outros eram coagidos a mudarem o receituário, sob ameaça de demissão. O diretor da Prevent negou. Disse que os médicos tinham “autonomia direito de receitar”.
“Autonomia não pode ser maior do que a vida e do que a ciência”, rebateu Eliziane Gama, sobre medicamentos comprovadamente ineficazes contra a doença causada pelo Sars-Cov2. A senadora Soraya Thronicke (PSL-MS) propôs que a comissão ouça os médicos que fizeram as denúncias. “Eles podem estar sofrendo pressões”, justificou. Ela afirmou ser injustificável que pacientes diagnosticados inicialmente com covid tenham “um diagnóstico na entrada e outro na saída” (após o óbito).
Batista Junior também negou que os médicos tenham sofrido assédio para usar o “kit covid”. Segundo denúncias, documentos e áudios em posse da CPI, profissionais que se recusavam a usar os medicamentos como hidroxicloroquina, azitromicina e outros eram coagidos a mudarem o receituário, sob ameaça de demissão. O diretor da Prevent negou. Disse que os médicos tinham “autonomia direito de receitar”.
“Autonomia não pode ser maior do que a vida e do que a ciência”, rebateu Eliziane Gama, sobre medicamentos comprovadamente ineficazes contra a doença causada pelo Sars-Cov2. A senadora Soraya Thronicke (PSL-MS) propôs que a comissão ouça os médicos que fizeram as denúncias. “Eles podem estar sofrendo pressões”, justificou. Ela afirmou ser injustificável que pacientes diagnosticados inicialmente com covid tenham “um diagnóstico na entrada e outro na saída” (após o óbito).
Aziz critica Câmara dos Deputados
O presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM), criticou a abertura, pelo Conselho de Ética da Câmara dos Deputados, de procedimento contra o deputado Luis Miranda (DEM-DF), que denunciou o deputado Ricardo Barros (PP-PR), líder do governo na Câmara, por ligação com o “rolo” da Covaxin. O termo teria sido usado por Bolsonaro, quando, segundo Miranda, o presidente ficou sabendo do caso.
“Não costumo criticar casas legislativas. Mas hoje a Câmara abriu procedimento contra Luis Miranda. E sem esperar a CPI acabar”, disse Aziz, sobre “uma denúncia que até hoje o presidente não disse se é verdade ou mentira”. “Vejam bem, a celeridade em querer punir o deputado Luis Miranda. Esse mesmo procedimento a Câmara não está tendo em relação a pessoas mais poderosas”, ironizou o senador. “Espero que seja mais rápida quando a CPI entregar o relatório ao presidente da Câmara Arthur lira.”
Em abril, o Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara dos Deputados decidiu arquivar processo movido por Rede, Psol, PT e PCdoB contra o deputado Eduardo Bolsonaro. As legendas acusaram o parlamentar de quebra de decoro e atentado contra a democracia por defender a adoção de um novo AI-5.
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