Foto: Tiago Queiroz |
O “Touro de Ouro” inaugurado na terça-feira (16) em frente à Bolsa de Valores (B3), no centro de São Paulo, está sendo encarado como expressão da ganância dos abutres financeiros e uma provocação num país em que 19,1 milhões passam fome e 116,8 milhões sofrem de insuficiência alimentar. Exatamente por isso, ele tem sido alvo de protestos constantes.
Na manhã de quarta-feira, lutadores sociais se reuniram para colar na peça cartazes onde se lê “fome”. Segundo Tabata Luz, integrante dos movimentos Fogo no Pavio e Raiz da Liberdade, o ato “foi um recado direto ao governo Bolsonaro e a toda a elite brasileira que sustenta o presidente... Não foi muito difícil pensar o quão simbólico seria deixar uma marca do Brasil nesse touro. E, infelizmente, a marca do Brasil hoje é a fome”.
Já na quinta-feira, o touro dourado amanheceu pichado com os dizeres “taxar os ricos”. Na sequência, o movimento SP Invisível promoveu um churrasco para pessoas em situação de rua em frente da escultura. Houve ainda um protesto do Movimento Juntos, que explicou em seu site que a estátua foi escolhida como alvo por ser o símbolo do capital financeiro.
Cafonice, brega e viralatismo
“A intervenção na escultura inaugurada em frente à Bolsa de Valores é parte da campanha do movimento que busca dizer que 'nem a fome, nem os bilionários deveriam existir: taxar os ricos para combater a crise'. Seguiremos buscando expor a contradição entre a existência de bilionários enquanto o povo vive à procura de ossos de boi e carcaças de frango”.
Além dos protestos de rua, o “Touro de Ouro” foi alvo de muitos galhofas e memes nas redes sociais. “Cafonice”, “brega”, “viralatismo”, dispararam os internautas. Alguns ainda apelidaram a escultura de “Vaca Louca do Anhangabaú” e “Touro da Cracolândia”. Já há movimentações no sentido de abrir processos na Justiça contra a Bolsa de Valores e a prefeitura de São Paulo.
A escultura de péssimo gosto é prova do complexo de vira-lata da cloaca burguesa nativa. Ela é uma réplica do Touro de Wall Street, em Nova York. A versão brasileira foi batizada de “Touro de Ouro” por ser dourada. A original é de bronze. Ela foi idealizada em parceria entre um sócio da XP e o presidente da empresa de educação financeira “Vai Tourinho”, Pablo Spyer, que também apresenta o programa “Minuto Touro de Ouro”, na rádio Jovem Pan – ou “Jovem Klan”.
Diante das críticas, a direção da B3 divulgou uma nota em que afirma cinicamente que “a escultura homenageia a força e a coragem do brasileiro, além de ser um presente para a cidade de São Paulo, visando à revitalização do centro histórico da cidade... Esculturas de touro, que representam o otimismo com o mercado financeiro, estão presentes em centros financeiros de diversas cidades no mundo, como Nova York e Frankfurt”.
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