Por Elizabeth Lorenzotti, no Jornal GGN:
Faz alguns dias ando pasma com mais um feito de Doria Jr.
Ele fechou o maravilhoso parque gráfico da Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, demitiu apenas lá 154 pessoas, e não sei quantas mais no total.
A Editora da Imesp foi decepada e conta com apenas duas funcionárias sobreviventes.
As livrarias foram desativadas e a Editora da USP, que também utilizava o parque gráfico, não tenho ideia de como vai se virar.
Quando você aciona o site, cai no Diário Oficial e aparece o recado: “Imprensa Oficial agora é Prodesp”.
Isso aconteceu no fim do ano passado e foi pouco noticiado. Eu só soube agora, porque liguei para lá à procura de saber se ainda tem algum exemplar do meu livro sobre Tinhorão. Já havia esgotado há muito nas livrarias, mas se encontrava em sebos.
Uma amiga me avisou que procurou e não achou. Fui pesquisar e realmente não existe em nenhum sebo virtual. Com a morte do Tinhorão esgotaram-se os últimos exemplares.
Pensei em recorrer à editora, claro.
Tenho apenas um exemplar e está emprestado. Há muito tempo peço uma segunda edição revisada e atualizada, mas nunca fui atendida.
Um contrato draconiano, como ocorre em geral, tira a propriedade da obra do autor e a coloca nas mãos da editora forever.
Para uma segunda edição em outra editora, me disseram anos atrás, só você escrevendo outro livro com outro título e capa e etc. E na Imesp me enrolaram anos dizendo que iria sair a 2ª edição.
Resumo da ópera: depois de rodar por várias pessoas, uma me informa que os livros estão trancados numa sala e ninguém sabe como fazer para encontrar algum exemplar do meu; que os direitos autorais todos foram pagos aos autores antes do fechamento; e que o maquinário do parque gráfico será leiloado!
E sempre triste quando se fecha um espaço cultural ainda mais este que existe desde 1891 e desde a fundação funciona como editora.
Produzindo obras próprias e de coedições em parcerias com universidades e entidades sem fins lucrativos, recebeu 50 Jabutis. A Imprensa Oficial também obteve o reconhecimento por sua excelência gráfica.
O enorme parque gráfico na rua da Mooca está lacrado. O Diário Oficial não existe mais em papel, apenas digital. E o acervo, o que será dele? Tem lindos livros que eram vendidos nas livrarias e online. Mais uma baixa na cultura brasileira.
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