Por Altamiro Borges
Deve começar nesta segunda-feira (17) em Delaware – estado do presidente estadunidense Joe Biden – o julgamento da Fox News, com o depoimento previsto do megaempresário Rupert Murdoch, dono do conglomerado de mídia News Corp. Os advogados do ricaço de 92 anos até apelaram para sua idade na tentativa de evitar o tribunal, mas o juiz Eric Davis não caiu na conversa – “não me façam parecer idiota” –, lembrando do seu recém-anunciado quinto casamento, depois cancelado.
A Fox News é acusada de difundir fake news sobre a integridade das eleições de 2020, quando seu candidato, o fascistoide Donald Trump, foi derrotado. A ação foi movida pela Dominion Voting Systems, fabricante das urnas, que pede US$ 1,6 bilhão de indenização pelos prejuízos causados em função de mentiras divulgadas na emissora. Como afirma Lúcia Guimarães, em artigo na Folha, a tendência é que o julgamento não dê em nada mais sério. “É muito difícil condenar uma empresa de comunicação nos EUA por difamação”.
Difusora de fake news sobre as eleições
Mesmo assim, ela observa que “o juiz de Delaware já impôs algumas derrotas à Fox na fase do pré-julgamento: decidiu que Rupert e seu herdeiro Lachlan Murdoch podem ser forçados a testemunhar, junto com a corja de âncoras que ajudaram a agitar o culto trumpista durante a campanha de desinformação eleitoral que culminou na invasão do Capitólio”. Além disso, as intimações judiciais resultaram na coleta de documentos corporativos, e-mails e mensagens de celular que comprovam as mentiras da Fox News.
“Salvo um improvável acordo extrajudicial de última hora, tudo indica que, a partir de segunda-feira, uma transmissão em áudio do tribunal de Wilmington – câmeras não serão admitidas – vai oferecer um desfile infame de bilionários que conspiraram para a mais danosa e lucrativa campanha de erosão democrática do último meio século. Sim, as chances de vitória para o lado justo da história são pequenas. Mas o fato de que o elenco de poderosos malfeitores vai enfrentar alguma forma de humilhação em praça pública não é desprezível”.
Será que um dia o mesmo vai acontecer no Brasil com as emissoras que divulgaram as fake news bolsonaristas contra as urnas eletrônicas, tentando desacreditar a vitória de Lula e o Tribunal Superior Eleitoral (TSE)? Será que elas também serão responsabilizadas por criar o clima para várias ações golpistas – como o bloqueio criminoso das rodovias, os acampamentos nos quartéis do Exército e, principalmente, os atos terroristas do fatídico 8 de janeiro em Brasília? Será que a Jovem Pan – também apelidada de Jovem Klan, uma das maiores difusoras de mentiras sobre as eleições de outubro passado – será um dia julgada por seus crimes?
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