Charge: Galvão Bertazzi |
A disputa pela grana e pelo comando do União Brasil – partido nascido em 2011 da fusão do DEM, antiga Arena da ditadura militar, com o PSL, legenda de aluguel do fascista Jair Bolsonaro em 2018 – virou caso de polícia. Na semana passada, o novo chefão da sigla, Antônio Rueda, prestou queixa na Delegacia Especial de Crimes Cibernéticos do Distrito Federal contra o ex-presidente Luciano Bivar. Segundo reportagem do site Metrópoles, “o União Brasil está em pé de guerra” e o litígio inclusive já chegou ao Supremo Tribunal Federal (STF).
No fim de fevereiro, Antônio Rueda denunciou que ele e um pessoa da sua família foram ameaçados de morte e apresentou a representação criminal pedindo a investigação do caso. “Em razão do foro privilegiado de Luciano Bivar, que é deputado federal, a polícia pediu ao STF na terça-feira (5) autorização para abertura de investigação contra ele. A coluna teve acesso ao caso, que tramita em segredo de Justiça no Supremo. A acusação de Antônio Rueda tem como principal evidência um vídeo de pouco mais de 30 segundos”, relata a matéria.
Escolta de segurança e testemunhas
As imagens mostram uma conversa dos dois dirigentes do União Brasil ao telefone, por volta das 23 horas do dia 26 de fevereiro. “No breve trecho anexado ao processo, uma voz, que seria de Bivar, diz a Rueda que ‘acabaria’ com esse familiar... Segundo a queixa de Rueda à polícia, Bivar falou com ele naquela noite por meio do telefone do deputado Marcelo Freitas, do União Brasil de Minas Gerais, que intermediou o contato”. O parlamentar inclusive foi arrolado como testemunha pelos advogados de Antônio Rueda, assim como o deputado Carlos Busato (UB-RS), que também estava presente no momento das ameaças.
Ainda de acordo com a reportagem, “a notícia-crime de Antônio Rueda à Polícia Civil do Distrito Federal afirma que ele e a pessoa de sua família que foi ameaçada têm evitado sair à rua ou viajar sem a escolta de seguranças. A representação criminal foi enviada ao STF pelo delegado Giancarlos Zuliani, que pediu autorização para abertura de investigação. A solicitação foi distribuída ao ministro Kassio Nunes Marques. Bivar negou à coluna que tenha ameaçado Rueda e a pessoa de sua família”.
Na queixa-crime ainda foram adicionadas mais duas graves denúncias. “Uma conversa entre Luciano Bivar e o presidente da Câmara Municipal de São Paulo, Milton Leite, na sede do partido. No diálogo, Bivar teria dito a Leite que disporia de R$ 20 milhões de reais, ‘que pretendia gastar para ceifar a vida de Rueda’”. A outra foi a coletiva à imprensa de Luciano Bivar após a confirmação de Antônio Rueda na presidência do União Brasil em que ele afirma que foi traído por “inimigos” e anuncia a retirada de um carro blindado do partido utilizado por Antônio Rueda.
O clima de tensão no partido de direita
As brigas nesse partido de direita não são de hoje. Desde a fusão do PSL com o DEM, o clima é de tensão. As duas siglas se uniram para elevar o poder de barganha e garfar uma fatia maior do fundo partidário. De imediato, o União Brasil passou a ter 81 deputados, a segunda maior bancada da Câmara – 55 eleitos pelo Partido Social Liberal e 26 pelo Democratas. Já no Senado, juntou cinco do DEM e dois do PSL. A legenda também passou a ter três governos estaduais (Goiás, Mato Grosso e Rondônia), 552 prefeituras e 129 deputados estaduais. Essa manobra garantiu acesso a cerca de R$ 1 bilhão do fundo eleitoral em 2022.
Pouco depois da fusão, porém, cerca de 30 deputados federais deixaram a nova sigla, migrando para o PL – o oitavo partido de aluguel de Jair Bolsonaro. A legenda ainda rachou na disputa presidencial. Lançada pelo União Brasil, a senadora Soraya Thronicke, do Mato Grosso do Sul, foi rifada na campanha e ficou em quinto lugar na disputa, obtendo apenas 600.955, o equivalente a 0,51% do eleitorado.
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