Por Altamiro Borges
A Procuradoria-Geral da República (PGR) decidiu denunciar Carla Zambelli (PL-SP) – já apelidada nas redes digitais de “deputada-pistoleira” – e o hacker Walter Delgatti Neto sob acusação dos crimes de invasão de dispositivo informático e falsidade ideológica. Ambos são acusados de invadirem o sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). A investigação foi concluída pela Polícia Federal no fim de fevereiro e agora a PGR apresenta a denúncia formal, o que complica ainda mais a situação dos dois criminosos na Justiça.
No pedido, o procurador-geral da República, Paulo Gonet, afirma que Carla Zambelli “comandou a invasão de sistemas institucionais utilizados pelo Poder Judiciário, mediante planejamento, arregimentação e comando de pessoa com aptidão técnica e meios necessários ao cumprimento de tal mister”. No caso do hacker, o chefe da PGR alega que, sob as ordens da deputada bolsonarista, ele “emitiu documentos ideologicamente falsos, com o fim de prejudicar direitos”.
Deputada-pistoleira comandou a ação criminosa
Segundo relato da Folha, “a denúncia narra como Walter Delgatti conseguiu invadir o sistema do CNJ por meio de credenciais de outros funcionários do órgão e, em 4 de janeiro de 2023, incluiu três alvarás de soltura falsos. Além disso, inseriu no Banco Nacional de Mandados de Prisão um mandado de detenção preventiva falso contra o ministro do STF Alexandre de Moraes por ‘organização criminosa’. Essa credencial forjada foi elaborada a partir do acesso a outra credencial de um funcionário do CNJ”.
Em sua conclusão, Paulo Gonet afirma que ficou “nítido o objetivo de alimentar posicionamentos infundados sobre o pleito eleitoral e desdourar o TSE (Tribunal Superior Eleitoral), seus magistrados e o CNJ, com isso agitando e engajando seguidores da denunciada”. Conforme lembra o jornal, “em agosto do ano passado, Delgatti e Zambelli foram alvos de operação da PF. A parlamentar, uma das principais aliadas do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), foi alvo de mandado de busca e apreensão. O hacker foi preso”.
Dados de transações financeiras entregues à PF por Walter Delgatti provaram que comparsas da deputada repassaram R$ 13,5 mil ao hacker. “Os dois são suspeitos de atuarem em uma trama que mirava Moraes e que resultou na invasão dos sistemas do CNJ e na inserção dos alvarás de soltura falsos. Ao ser indiciada, a defesa de Zambelli negou as alegações”, relata a Folha. Já a defesa de Walter Delgatti declarou em nota que “não se surpreende com o indiciamento. Desde sua prisão, ele confessa sua participação na invasão da plataforma do CNJ. O indiciamento de Carla Zambelli confirma que Walter, a todo momento, colaborou com a Justiça, levando a PF até a mandante e financiadora dos atos perpetrados por ele”.
Os detalhes sobre a trama bolsonarista
Diante do pedido da PGR, o Blog de Julia Duailibi, no site g1, acrescenta outros fatos comprometedores contra a hidrófoba bolsonarista. “Segundo o depoimento de Delgatti, em um encontro em um posto de combustíveis na Rodovia Bandeirantes, em setembro de 2022, a deputada pediu que ele invadisse a urna eletrônica ‘ou qualquer sistema da Justiça Brasileira, visando demonstrar a fragilidade do sistema da Justiça Brasileira’. Em seguida, Delgatti realizou diversas invasões a sistemas utilizados pelo Poder Judiciário que estavam sob a gestão do CNJ, utilizando, entre outras técnicas, credenciais falsas”.
“Após as invasões, Delgatti inseriu documentos falsos no sistema do órgão. Dentre eles: Um mandado de prisão contra o ministro Alexandre de Moraes (segundo a PGR, a própria Zambelli escreveu o texto); uma ordem de quebra do sigilo bancário de Moraes; uma ordem de bloqueio de bens do ministro do STF no valor de R$ 22,9 milhões (o mesmo valor da multa que o ministro impôs ao PL por contestar a eleição); uma ordem de bloqueio de um veículo; e alvarás de solturas”. Os crimes são gravíssimos. Será que a deputada-pistoleira seguirá na total impunidade?
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