Por João Guilherme Vargas Netto
O fracasso da convocação para o ato comemorativo do 1º de Maio em São Paulo, pelas centrais sindicais, ofuscou a comemoração do dia 28 de abril em memória das vítimas de acidentes e mortes no trabalho, o forte texto unitário publicado na Folha no próprio dia 1º de maio e várias comemorações que tiveram êxito no Paraná, no Pará, na Bahia, como exemplos.
Com o foco no desastre paulistano as redes sociais e a mídia grande decretaram a falência do movimento sindical e alguns cronistas e editoriais louvaram o fim do trabalho organizado, exigindo ao mesmo tempo que as direções sindicais passassem a representar todos os trabalhadores informais, uberizados, precários e todo o resto.
Mas é preciso cabeça fria para analisar os fatos e, sem procurar culpados, compreender o acontecido e tomar as medidas necessárias à correção de rumos.
Em primeiro lugar reconhecer a falência do modelo de comemoração baseado na manifestação de massa, que só ocorre em função de motivações muito concretas que mobilizem multidões.
As eventuais comemorações futuras do 1º de Maio devem ampliar sua abrangência nacional com atos agregadores dos dirigentes e ativistas, abertos aos trabalhadores e às trabalhadoras, mas sem a expectativa de comparecimento maciço.
E, o que é fundamental, as direções devem urgentemente “subir” às bases, refazendo e garantindo as relações com os trabalhadores e as trabalhadoras em seu dia a dia, a partir dos locais de trabalho, em especial com os sindicalizados atuais, sem o que nada de mais efetivo pode ser feito.
Mudar o modelo das comemorações e “subir” às bases são, portanto, as duas grandes lições que podem, se compreendidas, restaurar a relevância do movimento sindical em defesa da democracia e dos direitos em um país de vida política normalizada.
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Toda solidariedade aos atingidos pelas enchentes no Rio Grande do Sul, esforço compartilhado também pelo movimento sindical, que já se exerce.
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